A decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão
(PP-MA) é um bom exemplo das garras todas que a quadrilha petista espalhou pelo
Brasil. Maranhão jamais teve qualquer destaque entre os deputados, é do baixo
clero e investigado pela Lava Jato. Há provas materiais de suas relações com
doleiros e recebimentos de propinas. Ou seja, é um exemplo do deputado que o PT
criou e nutriu nos últimos 13 anos para manter sua maioria na Câmara: sem muita
instrução, aberto a negócios não republicanos e disposto a fazer tudo o que
seus corruptores mandarem. E cobrando pouco.
Eduardo Cunha também era assim, mas, provido de um pouco
mais de inteligência, esperto e conhecedor dos caminhos e descaminhos do
Congresso, se aproveitou para ficar rico e, com o dinheiro, comprar mais de uma
centena de deputados. Com o poder adquirido, resolveu alçar voos mais altos e
se candidatou à presidência da Câmara. E bastava o PT apoiá-lo (como, aliás,
queria Lula) para talvez ainda estivéssemos apenas protestando nas ruas, sem
nenhum resultado prático.
O problema com Cunha foi que ele teve de enfrentar o
PT que, teimoso, lançou candidato próprio (para a sorte da oposições, diga-se).
A derrota do PT e a oposição que ele passou a fazer a Cunha criaram um inimigo
numa posição estratégica e poderosa da política brasileira. E deu no que deu,
já que Cunha, embora tenha um passado recente longe dos holofotes, é, repito, inteligente
e esperto.
Já Maranhão é daquele tipo de deputado que só quer “se dar
bem” e fazer um bom pé de meia, ter alguns milhões por aí e garantir uma boa
vida. Guindado à presidência da Câmara pelos dedos do destino fez o que sempre
quis fazer: vendeu caro seu poder a quem estava disposto a pagar talvez à vista
e em dinheiro vivo, ou seja, o governo petista.
Sua decisão já é, de longe, a mais contestada decisão tomada
n Brasil nos últimos séculos. Contra ela estão mais de dois terços dos
deputados, mais de dois terços de senadores, mais de 70% da população
brasileira, a OAB e até o fim do dia (estou escrevendo no início da tarde) um
monte de instituições e movimentos que lutam pelo impeachment e pelo fim da
corrupção.
Ao lado de Maranhão ficarão os de sempre: PT, PC do B, CUT,
UNE e outras entidades que vivem a soldo do governo e que, apesar de toda grana
que levam do governo, não conseguem, nem de longe, botar na rua o mesmo número de
pessoas que a oposição coloca. Mas fazem barulho, já que a esquerda é pródiga
em berrar tendo ou não razão. E berra mais quando não tem razão.
Os caminhos agora são o STF e o plenário da Câmara. Mas o bom
senso antecipa que a decisão é inócua sob qualquer ponto de vista: tenta
derrubar uma decisão mais que soberana do plenário; usa argumentos frágeis como
dizer que os deputados eram juízes no momento da votação e não poderiam antecipar
o voto; diz que os partidos não poderiam fechar questão, o que é uma grande
bobagem e, finalmente, tenta anular uma decisão num processo que já passou pela
Câmara e hoje está no Senado seguindo um rito ditado pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas a decisão do Maranhão pode vingar? Pode, pois estamos no
Brasil. Só que suas consequências serão drásticas. Os movimentos que saíram às
ruas a favor do impeachment voltarão com muito mais força sentindo-se vítimas –
e com razão – de um golpe; a economia do país vai afundar mais depressa do que
tem afundado (hoje a Bolsa caiu e o dólar já subiu 5% só com essa tentativa do
golpe do governo petista); se o STF acolher a decisão de Maranhão, será
responsabilizado por botar mais lenha na fogueira usando argumentos altamente
discutíveis e frágeis.
Por fim, a falta de confiança do mercado no governo petista,
caso ele continue por mais tempo, redundará num caos total na economia, já que
os pacotes de bondade que Dilma anda assinando têm por objetivo atrapalhar o
governo Temer, pois ele terá de rever esses atos. Se Temer não assume, caberá a
ela cumprir o que assinou e, todos sabemos, não há dinheiro para tanto. Seria o
caos dentro do caos.
A semana que começa ia ser complicada, todos previram. Mas
estamos no Brasil e nada que é tão extremamente complicado que não possa
piorar. Pois piorou.
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