domingo, 22 de maio de 2016

Prefeitura de Campinas está pedalando para pagar contas

Há cerca de três anos, mais ou menos, não havia economista ou jornalista de economia sério no Brasil que não mostrasse, com fatos e números, que as contas do Brasil estavam caminhando para o caos. As pedaladas ainda nem tinham ganhado tanta notoriedade, mas muita gente já olhava para os balanços maquiados de Guido Mantega e Dilma Rousseff com um olhar altamente desconfiado.

Ora, se gente séria estava dizendo que a coisa estava muito pior do que proclamava a propaganda oficial e os discursos robotizados da presidente, natural seria que todo bom administrador se preparasse para os tempos de vacas magras que estavam por vir.

Agora, um prefeito de uma cidade de mais de um milhão de habitantes, que já foi deputado estadual e federal, que tem secretários de Finanças, de Planejamento e economistas à disposição não podia ter entrado de gaiato no conto do vigário petista. Ele tinha que, ao menos, ter iniciado, pouco antes de 2014, um plano de contingência que não penalizasse o cidadão com o travamento de pagamentos de serviços essenciais à cidade.

Mas o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) prefere divulgar hoje que a cidade vive um ciclo de dois anos de perdas de arrecadação e que vai fechar 2016 com 500 milhões de reais a menos do que o previsto. Por isso, vai enviar à Câmara m orçamento para 2017 que prevê 230 milhões de reais de déficit.

Mas o pior vem agora. A Prefeitura de Campinas está pagando as contas com uma espécie de pedalada. Segundo o secretário de Administração, Sílvio Bernardin, os bancos onde a Prefeitura tem contas estão pagando as dívidas com os maiores fornecedores, dívidas essas que serão depois cobradas da Prefeitura. Claro que com os devidos juros. Ou seja, o prefeito de Campinas, usando de um artifício bancário, está endividando ainda mais uma cidade que já está sendo considerada quebrada e que, no ano que vem, terá um enorme déficit de mais de duas centenas de milhões de reais.

Desde 2014, quando o Brasil real invadiu o paraíso criado na propaganda petista e todo mundo percebeu que a economia estava em cangalhos vítima de uma política destruidora levada a cabo pelo governo Dilma, o prefeito de Campinas deveria ter começado a fazer os cortes que seu secretário de Finanças diz estar fazendo hoje.

Mas a maquina pública de Campinas só fez inchar com mais assessores, as empresas públicas mais se endividaram, projetos que nada acrescentam à cidade – como uma nova zona azul para estacionamento a ser explorada por uma empresa privada – continuaram consumindo tempo e dinheiro da Prefeitura. O projeto do teatro de ópera, um desperdício de 80 e tantos milhões de reais do governo estadual e que vai custar muito caro aos cofres municipais também continua em pé. Ou seja, a situação de penúria nos cofres públicos só atinge postos de saúde, escolas, segurança, creches, coleta de lixo, transportes públicos e passa ao largo de projetos grandiosos que renderão boas imagens na propaganda política para a tentativa de reeleição do burgomestre. E a folha de pagamento, que consome mais de 50% de todo o orçamento, não diminui de jeito nenhum.

Assim Campinas caminha para o caos. Espero, sinceramente, que as urnas de outubro respondam adequadamente a essa enorme irresponsabilidade para com a cidade e seu povo.

Um comentário:

  1. Cada dia mais difícil encontrar gestores de qualidade e competência no serviço público. O que nos espera em outubro?

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