A admissibilidade do processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff foi o primeiro passo rumo a uma vitória que, se ainda
não se pode dizer conquistada, tem tudo para ser confirmada no próximo domingo. Então terá sido dado o segundo e mais
importante passo. Uma vitória no plenário da Câmara, praticamente obriga o
Senado a aceitar o processo.
Como todos que leem esse blog sabem, eu gostaria de ver o PT
longe do poder – de qualquer poder – há muito tempo. Antes de Lula ser eleito
em 2002, eu já escrevia o Xeque Mate no Correio Popular e não só era crítico do
governo petista de Campinas, como deixava claro que o melhor para o Brasil
seria a eleição de José Serra, do PSDB. A continuidade do programa
político-econômico liberal era o caminho que o país deveria seguir. E, se
tivesse seguido, hoje seríamos uma potência a sentar à mesa com os grandes do
mundo. Com Lula e Dilma, vale dizer, com o PT no poder, viramos chacota mundial
e a economia do país caminha para entrar numa situação pior que a recessão: a
depressão.
O caminho de volta ao desenvolvimento que é
possível e pode ser sustentável, não será fácil, mas com Dilma será impossível. Num
provável governo Temer, podemos ter o início de uma nova fase cheia de alguns
sacrifícios, mas com luz no fim do túnel.
O resultado de 38 a 27 na Comissão do Impeachment pode ter
até decepcionado alguns mais otimistas, mas surpreendeu negativamente o governo,
pois é bom lembrar que a comissão foi formada como quis o Planalto, com regras
impostas pelo STF que anulou eleição de uma comissão onde a oposição teria um
número maior de deputados e obrigou a Câmara a seguir regras que favoreciam o
governo no rito do processo todo. Esse resultado traz uma esperança maior aos
brasileiros – pelo menos à sua inegável maioria – de que dias melhores podem
começar a acontecer a partir da aprovação, no plenário da Câmara, e a posterior
e rápida admissão do processo no Senado. Após essa admissão, Dilma será
afastada por até 180 dias do cargo, assumindo Michel Temer que, obviamente, não
sairá mais.
Há, claro, a possibilidade de o TSE pode cassar a chapa
eleita em 2014, já que as denúncias de uso de propinas para irrigar a campanha
não cessam. E daí se cassar? É a Justiça
decidindo com provas, oras bolas. Se cassar, que assuma quem de direito na
linha sucessória e convoque eleições – diretas ou indiretas, dependendo do
tempo que falta para terminar o governo – como manda a Constituição. Encerrado o governo tampão, novas eleições,
quando, se espera, o eleitor brasileiro demonstre ter aprendido quão caro custa
eleger demagogos e ladrões. E dê uma basta na existência física do PT, no voto.
Mas um possível governo Temer será difícil ainda por vários
motivos. O primeiro é que ele vai governar com a espada na cabeça? Um processo
correndo no TSE pode eliminá-lo do cargo, mesmo ele tendo separado suas contas
durante a campanha. A decisão do TSE pode também ocorrer já no fim do seu
governo, o que não causaria muitos estragos. Mas, mesmo que o TSE demore, Temer
vai governar com o PT na oposição. E, até o dia 31 de dezembro de 2018, o PT
será um partido grande, mesmo que perca vários deputados por conta do processo
todo em que o partido está envolvido.
E o PT na oposição pode fazer muito barulho, como sempre
fizeram. E esse barulho pode se estender às ruas, principalmente porque não
haverá tempo de substituir as direções de centenas de entidades sindicais e
associações de classe para as quais o governo foi bondoso demais
financeiramente. Com o nosso dinheiro, claro.
Haverá muitas passeatas e ameaças de greves, algumas das
quais se consumarão e atrapalharão planos do governo. Haverá boicotes dentro do
governo – já que deve haver muitos concursados que não podem ser demitidos e
entraram no governo às custas de concursos fraudulentos – haverá pedidos de
impeachment quase que diários (o PT acha que é golpe só quando o presidente é
petista), enfim, as turbulências poderão resultar até em confrontos físicos por
aí. Do tamanho desses confrontos pode até depender a normalidade democrática do
país, mas aí já é uma outra história, embora eu ache difícil haver número
suficientes de radicais para preocupar as Forças Armadas, por exemplo.
Mas é uma fase que o Brasil terá de passar se quiser chegar
ao fim do escuro túnel que o PT construiu com seu governo incompetente e
corrupto ao longo dos últimos 13 anos. Mas, por mais difícil que seja, será bom
ver a economia caminhando no rumo certo, ver um presidente que sabe falar e
entende os meandros da política, ver um governo que não endeusa ditaduras e
ditadores e que volta seus olhos de negócios para países que realmente podem
contribuir com o nosso desenvolvimento.
Antes assim, do que seguir rumo ao desconhecido conduzido
por uma navegante cega que tem como timoneiro um ladrão da pior espécie.
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