domingo, 24 de abril de 2016

Prefeitura de Campinas prepara ação eleitoreira

Durante o governo petista de Izalene Tiene em Campinas, uma ação que ocorreu durante praticamente todo o mandato foi um negócio chamado Orçamento Participativo, que eu chamava, na coluna que escrevia no Correio Popular de “o tal de OP”. O treco tinha dois objetivos reais, totalmente diferentes dos anunciados com grande alarde na propaganda oficial: o primeiro era enganar o povo ao fazê-lo pensar que estava determinando à Prefeitura que obra realizar no bairro ou região, através de assembleias. O segundo objetivo era criar lideranças petistas nesses bairros para rivalizar com antigas lideranças que eram ligadas a outros partidos. E fazer dessas novas lideranças candidatos a vereador.

Era um golpe até certo ponto bem bolado pelo PT. Com a estrutura da Prefeitura (ou seja, com a estrutura paga pelo povo) o PT fazia assembleias e criava (ou tentava criar) novas lideranças. E, ao mesmo tempo, iludia a população de baixa renda que achava que estava participando da confecção de um orçamento. Enfim, as assembleias do tal do OP eram reuniões inúteis onde se decidia algo que não seria feito ou o que se decidia fazer, já estava decidido antes, pelo  governo municipal.  

Pois não é que o atual governo de Campinas, do prefeito Jonas Donizette (PSB), vai lançar uma nova versão do tal de OP, rebatizada de Orçamento Cidadão? Leio na coluna Xeque Mate do Correio Popular que já está na Câmara o projeto que cria mais essa estrovenga para enganar o povo.
A nota informa que se o projeto for aprovado “a população poderá participar diretamente na indicação e acompanhamento das demandas aprovadas nas leis orçamentárias”. E encerra com essa frase: “Vinte e seis assembleias já estão agendadas em todas as regiões da cidade para definir onde aplicar os recursos públicos”.

Como se vê, o marketing do prefeito nem tentou usar um pouco de criatividade no anúncio, pois fez igualzinho ao OP. Vai daí que o cidadão campineiro vai bancar 26 assembleias para que o povo que nelas comparecer decida algo que o poder público está cansado de conhecer como demanda do bairro ou da região.

Oras, fosse Campinas uma cidade pronta, com atendimento médico satisfatório, com creches para todas as crianças, com um trânsito sem congestionamento, com ruas e avenidas sem buracos, com escolas de qualidade, com um bom transporte coletivo, com segurança para todos os cidadãos, enfim, com todos os equipamentos municipais instalados e funcionando normalmente, a opinião da população sobre eventuais novas obras seria muito bem vinda.

Só que Campinas tem tantas carências e as demandas da população se repetem há décadas que não haverá uma única novidade nas “decisões” das assembleias. Serão pedidos de asfalto, de água e esgoto, de creche, de mais escolas, de posto de saúde, de ônibus mais efetivos e mais confortáveis, de equipamentos de segurança, de iluminação e por aí vai.

E a Prefeitura está careca de sabe de todas essas necessidades, tanto que deve ter incluído todas elas no plano de governo usado para fazer propaganda na campanha eleitoral.

Mas o pior vem agora: esse projeto se reveste da mais descarada propaganda eleitoral disfarçada de ação do governo. Ora, 26 assembleias programadas para um ano eleitoral? Se o povo decidir que quer um metrô serpenteando por toda a cidade, o prefeito prometerá que vai começar a obra ano que vem. Desde, é claro, que no ano que vem ele continue prefeito, né?

Ou seja, esse novo OP travestido de OC não passa de uma forma de o prefeito reunir a população de varias regiões da cidade para anunciar obras que só podem ser feitas (se é que serão) no ano que vem, pois serão incluídas na próxima peça orçamentária.

Uma ação eleitoreira, isso é que é esse tal de OC. 

sábado, 23 de abril de 2016

De quem é a culpa


Ciclovia Tim Maia, no Rio: duas mortes, um desaparecido
Em 2011, uma nova lei revogou o sistema de fiscalização de obras no Brasil. Foi a lei 12.462, assinada por Dilma Rousseff, que criava o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC.

A intenção da mudança era apressar as obras para a Copa do Mundo e, de quebra, para as Olimpíadas, além de deixar como mais uma herança maldita do PT (até que seja revogada, o que espero aconteça brevemente) um rol de facilidades para empreiteiras que contratem com o governo, facilidades essas que geram mais lucros e, claro, maiores possibilidades de propinas.  

Viaduto em obras desaba em Minas: dois mortos e 22 feridos
A lei que o governo fez aprovar no Congresso - em 2001 a base aliada tinha larga maioria- dava às empresas que estivessem realizando as obras públicas, a função de também fiscalizar sua própria obra. É a mesma coisa que entregar à raposa a função de tomar conta do galinheiro.

Sem fiscalização eficiente – ou alguém imagina que as “santas” Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, UTC, Engevix, Camargo Corrêa e outras, enroladas até o pescoço no mar de corrupção da Petrobras e em outros setores governamentais, fiscalizam direitinho as próprias obras? – a queda de parte da ciclovia no Rio foi apenas uma das tragédias que ocorreram recentemente no Brasil. 

Viaduto em construção desaba em Fortaleza: dois mortos
Os exemplos estão aí, ilustrando de modo macabro este post. Já houve queda de viaduto em Minas, em 2014, com duas mortes e 22 feridos, já caiu parte da cobertura do estádio do Corinthians em novembro de 2013 (houve duas mortes na ocasião), uma ponte em obras desabou em Fortaleza em fevereiro deste ano (duas mortes também) e, por certo, infelizmente, outras estão por vir.


Cobertura do estádio do Corinthians desaba: dois mortos
Um culpado: o governo petista que não só foi incompetente para manter as obras no prazo, como deu às empresas construtoras mais lucros, já que não precisaram mais contratar empresas especializadas na fiscalização das obras. 

Além da ausência da fiscalização - ou da fiscalização feita pelo próprio construtor - há um fator comum na grande maioria das obras realizadas para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas: estão cheia de processos na Justiça acusadas de corrupção. Faz sentido.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A esquerda brasileira sem rumo

Desde a queda do muro de Berlim, a esquerda brasileira está sem rumo. O fim do império socialista, com a queda da ditadura russa e dos satélites soviéticos que se espalharam pela Europa Oriental, submetidos que foram ao autoritarismo stalinista após a II Guerra Mundial, deixou a esquerda europeia sem discurso, falida, esquecida num canto. Os que insistiram em manter a pose acabaram sucumbindo diante da farta literatura que surgiu na democracia russa. Arquivos abertos, os horrores do Grande Terror vivido na Rússia sob Stalin – terror já ensaiado sob Lênin – calaram de vez aqueles que ainda diziam ter o regime soviético algo de bom para a Europa. Não tinha. A esquerda radical europeia ficou restrita a um percentual mínimo do eleitorado nas eleições seguintes. Na própria Rússia, o Partido Comunista que sobreviveu – sim, a democracia permite que até na Rússia, onde matou milhões, o PC continue existindo – não consegue votos nem para ter voz forte no Legislativo.

No Brasil, onde a esquerda parece ter demorado muito mais para perceber que o Muro de Berlim havia caído, a coisa agora degringolou de vez.

E degringolou no pior dos cenários: com ela no poder. A chegada de Lula com sua equipe neoliberal no comando da economia e radicais de esquerda embutidos em outros setores do governo, transformou o Brasil numa Torre de Babel que o sopro de vida dado pelo mundo durante alguns anos encobriu e disfarçou.

Não era raro, durante os governo Lulas e menos ainda durante esses anos de Dilma (que não é mais governo faz tempo) setores do partido criticarem duramente o governo  que apoiavam, pedindo cabeças de ministros que não estavam nem aí para a “pátria socialista”.

Com o surgimento dos escândalos, a coisa começou a piorar para a esquerda brasileira. Como justificar que um governo puro e sincero, comandando por um semideus chamado Lula poderia sujar as mãos para comprar deputados e partidos?

O negócio era usar as velhas e desonestas táticas de sempre e negar tudo. Negar até diante da mais cabal evidência. Não, os dólares na cueca estavam ali porque alguém da oposição colocou, por exemplo.

Assim, as negativas de Lula para a evidência do Mensalão evoluíram de “eu não sabia”, para “eu fui traído”, culminando com “o que o PT fez foi caixa 2, prática corriqueira em todos os partidos”. Era um Lula que dava o mote – combinado com assessores de marketing e advogados – que a militância ia repetir. Era a esquerda entrando em parafuso para justificar o injustificável e, como prêmio, se manter no poder. Valer dizer, manter o domínio geral e as boquinhas todas, espalhadas por todo o país.

Embora Lula tenha sido reeleito e sua popularidade chegado a níveis altíssimos, seu governo era uma farsa. O discurso público passou a não ser mais tão público assim: entrevistas eram raras e inaugurações eram assistidas por plateia selecionada e qualquer protesto – entre os poucos realizados nessas ocasiões – eram mantidos a distância segura. A corrupção corria solta e a união do governo petista com o que de mais podre existia no Congresso e no país, compunham um cenário onde se anunciava a tragédia diariamente.

A Operação Lava Jato que desvendou o maior esquema de corrupção do mundo, acabou por enterrar definitivamente as pretensões da esquerda de reconstruir um discurso que pelo menos servisse à maioria ignorante das populações da América Latina.

Havia os Kirchner na Argentina, Chávez na Venezuela e Morales na Bolívia para justificar alguma coisa. Havia. Hoje, do trio, apenas Morales sobrevive quieto, sem arroubos. Cristina, a última Kirchner, derrotada nas urnas, deve enfrentar uma fieira de processos por roubo do dinheiro público e seu sucessor reconstrói a Argentina fazendo tudo que ela não queria fazer. Chávez, morto, deixou um sucessor que não serviria nem para porteiro de boate de terceira categoria e a Venezuela se afunda em crise sem precedentes, num carnaval de corrupção violência contra a oposição e situações surrealistas que nem o mais fanático dos esquerdistas conseguiria justificar.

A esquerda brasileira, diante do fim iminente da era petista, agora se agarra a qualquer coisa para 
tentar sobreviver. O roubo de bilhões e bilhões de dólares da Petrobras não tem desculpa alguma; os prejuízos bilionários dos fundos de pensão sob o PT, não têm desculpa; a relação promíscua do PT e aliados com gigantescas empreiteiras, onde a propina era mais comum que o cafezinho depois do almoço, não tem desculpa; as campanhas eleitorais petistas movidas a dinheiro sujo arrancado a fórceps de vários ministérios e obras, não tem desculpa.

Sem ter justificativa alguma para todos os crimes e vendo a economia brasileira ir literalmente para o brejo, com inflação alta, desemprego altíssimo, PIB despencando, grau de investimento caindo como um viaduto ou uma ciclovia, a esquerda brasileira perdeu de vez a vergonha e, para tentar se fazer de vítima de uma sociedade injusta, elegeu o discurso do “golpe” como seu único caminho para esses tristes tempos.

Um golpe que não tem nada de golpe, diga-se. Que só existe no plano da esquerda para ter algo que dizer após a queda. Que é uma mentira tão descarada que até o Supremo Tribunal Federal teve de sair da rotina para declarar que não há a mínima possibilidade de o que está ocorrendo no Brasil ser um golpe.

Assim, o inevitável impeachment de Dilma e o fim da era petista no poder terão como pano de fundo a maior farsa que a esquerda brasileira já produziu e, talvez, uma das maiores farsas do mundo que uma ideologia pode conceber.

Ao perder seu rumo, desde a queda do Muro de Berlim, a esquerda brasileira teve a sorte ou o azar de chegar ao poder. E, como jamais conseguiu construir um país digno, como jamais conseguiu governar numa democracia, a esquerda mostrou literalmente que não tem limites morais ou éticos quando se trata de se manter no poder: agarra-se à mais evidente das mentiras e tenta sobreviver produzindo formidável farsa para a história. 

A esquerda acabou no mundo com o fim da União Soviética. O que restou dela no Brasil foi seu pior extrato. Que deve estar vivendo seus últimos momentos antes de um velório a que ninguém comparecerá e de um enterro que será comemorado pela grande maioria do povo brasileiro. 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sobre um artigo

Juca Kfouri era simpatizante do PSDB. Quando FHC foi eleito, conversou com ele sobre Pelé ser ministro dos Esportes. A conversa deu certo. 

Mas, parece que Kfouri virou simpatizante do PT e passou a defender, entre outras aberrações, a tese de que o impeachment, previsto na Constituição e totalmente referendado por grandes juristas e pela mais alta corte de justiça do país, é golpe.

E querendo dar uma de comentarista político, escreveu pequeno artigo no UOL, onde desfila uma porção de bobagens que mais parecem saídas do Instituto Lula que da cabeça de um jornalista que dirigiu a revista Playboy na sua melhor fase. 

O título - “Golpe consumado! E agora?” - já mostra que o mentiroso mantra petista, repetido à exaustão sem conseguir adquirir ares de verdadeiro, será o mote do artigo: A melhor resposta à pergunta do título seria aquela que dizíamos quando criança e que aprendemos com os adultos: “Caga na mão e joga fora”. Mas vou me conter. 

Ele começa dizendo que o “impeachment triunfou na mão do grande Eduardo Cunha e provavelmente triunfará também no Senado”.  O “grande” é ironia, claro, afinal Eduardo Cunha é acusado de vários crimes e, se tudo correr bem, será cassado. Curioso é que ele personaliza a Câmara, mas não o Senado, na figura de Renan Calheiros, que deveria ser chamado de “grande” também e por mais razões que Cunha. Mas o petismo vê em Renan a possibilidade de conseguir protelar ao máximo o processo, dando tempo para que as tenebrosas transações de Lula e Dilma surtam algum efeito. Então Renan é poupado por Juca.

Aí vem uma crítica “construtiva” ao PT: “O governo petista colhe o que plantou. Quis ensinar prostituição no prostíbulo e deu nisso: Zé Dirceu está preso e Roberto Jefferson solto. Noviças deveriam saber que não podem frequentar as festas de uma casa de tolerância com mais de 500 anos”.

Sim, o PT colhe o que plantou, mas Juca não cita o que foi plantado. Eu cito: corrupção, incompetência e traições várias, tanto entre seus pares como em relação aos aliados. Coisas típicas de quadrilha mesmo, até a “lei da ormetá”, o silêncio da Máfia italiana, praticado por gente como Marcos Valério, Vaccari, Zé Dirceu e outros.

Já ensinar prostituição no prostíbulo foi o que a gente viu com o Mensalão e o Petrolão, por exemplo: práticas corruptas gigantescas que assombraram o mundo. Nunca, na história da humanidade, um governo institucionalizou a tal ponto a conduta bandida de seus agentes. Isso Juca não diz, mas eu digo e foi o que o PT “ensinou” ao Brasil: transformou a corrupção em prática de governo.

A outra frase do parágrafo é provocada pelo petismo na sua melhor forma. Parece bonito dizer que Zé Dirceu está preso e Roberto Jefferson solto, como se esses fatos denotassem uma injustiça. Errou feio, Juca: Dirceu está preso porque, depois de cumprir pena pelo Mensalão, voltou a roubar dinheiro público durante o Petrolão. E Jefferson está solto – legalmente solto – porque já cumpriu sua pena. Simples assim.

As frases seguintes soam como sermão da madre superiora às freirinhas no convento: “Quem negocia princípios paga caro e por isso o PT também virou símbolo de roubalheira, como quase todos os demais partidos. Quem fez de Michel Temer vice-presidente, lembremos, foram os acordos do PT. A governabilidade não pode ser fruto de acordos espúrios, porque, na hora agá, a traição é inevitável. Incrível a ingenuidade dos petistas e terrível constatar como se lambuzaram.”

Mas o sermão está cheio de erros. O PT jamais negociou princípios, porque jamais teve princípios a negociar. Chegou ao governo com um plano de poder eterno e o resto foram negociatas para manter esse plano. Virou símbolo de roubalheira porque pregava honestidade sem nunca ter sido honesto. E ingênuo não foi o PT e sim quem com ele fez acordos, muitos não cumpridos, causando debandadas na base aliada.

Em frente. “É bem possível que, como aconteceu com Dilma Rousseff que não governou desde que foi reeleita porque a oposição não deixou, Michel Temer também não governe porque os movimentos sociais não deixarão. Protestos, greves, ocupações, manifestações, é de se prever que o país continue convulsionado, num cenário nada propício a botar ordem na casa”

Não Juca, a oposição jamais teve maioria para impedir Dilma de governar. Ela não governou porque mentiu na campanha, porque não sabe governar, nunca soube, é um poste que Lula, com sua demagógica popularidade, elegeu para continuar ele mesmo governando. Se Temer fizer maioria – e tudo indica que fará – tem condição de botar a casa em ordem e tentar reconstruir o que o PT destruiu. As greves são previstas e regulamentas por lei. Quem não segui-las, pode sofrer sérias consequências. A baderna das ruas pode ser contida pela melhoria na economia ou, se for o caso, pelo braço forte e constitucional das democracias que são, no nosso caso, as polícias militares.

Em seguida é revelada a razão principal do artigo: “Quem sabe se forem convocadas novas eleições o panorama mude. Será o ideal e, sem submissão à ilegitimidade ora imposta, o papel dos democratas é o de lutar para abreviar a aberração Temer/Cunha/Jucá/Aécio, todos citados nos escândalos da corrupção que dizem combater.”

É a tese petista da hora. O PT, animado por uma suspeita pesquisa do Datafolha (outras pesquisas não confirmam favoritismo de Lula, muito pelo contrário), quer se livrar de Dilma já, pois acha que, em outubro, Lula poderia ser eleito novamente. Alguém precisa avisar Juca que eleição presidencial fora de hora exige mudança na Constituição que, por sua vez, exige os mesmos 342 votos que aprovaram o impeachment. Votos que terão de ser dados por deputados que terão seus mandatos cortados pela metade se a emenda for aprovada. O PT tem, se muito, menos de 140 votos na Câmara. Não passa. E nem seria bom para o Brasil nesse momento.

A citação do quarteto – onde ele inclui até Aécio Neves, comme il faut a todo bom petista, como um perigo para o Brasil, pois foram todos citados em escândalos de corrupção - é típico de quem sabe a verdade, mas escreve uma farsa para provar sua tese.

Se se trata de uma “aberração” ter esses nomes no governo, pois foram citados em escândalos, o que dizer, né Juca?, do atual governo? Alguma vez você escreveu que o governo Dilma era uma aberração por causa da corrupção? Mais de uma dezena de ministros envolvidos em escabrosos casos, citados por delações premiadas. Os tesoureiros todos do partido que está no poder (e os petistas não distinguem o Estado do partido) foram presos. A cúpula do partido foi condenada por corrupção. As eleições - inclusive a última -
tiveram malas e malas de dinheiro roubado da Petrobras e de obras do governo. O chefe maior do partido e presidente de fato está sendo investigado por enriquecimento ilícito, ocultação de patrimônio, corrupção passiva e ativa e tráfico de influência. E, provavelmente, será também por formação de quadrilha. Mas Juca, para justificar a tese de “eleições já” vê perigo num quarteto sobre o qual pesam acusações que não chegam nem aos pés dos crimes praticados por muito mais gente do atual governo.

Último parágrafo do artigo: “Como será o ideal que um novo governo eleito pelo povo, de cara, promova a reforma política e crie a figura da rechamada, do recall para que eventuais novas destituições de cargos majoritários sejam menos traumáticas.”

Ele acha ideal que se promova a reforma política. Eu também acho, mas o PT jamais achou, porque percebendo as vantagens que poderia extrair do atual sistema, sentou sobre ele durante 13 anos. Não sei porque Temer não poderia fazer a reforma política. Basta ter vontade, já que melhores condições que Dilma ele tem de sobra. 

Já essa história de “rechamada” que ele deixa claro ser uma tradução de “recall”, deve ser a consulta ao povo para aprovar ou não o que um governo está fazendo. Não deu certo em lugar nenhum, a não ser em pequenas prefeituras, já que, dependendo da circunstância, a opinião pública é maleável e pode não refletir a realidade. Melhor seria instituir o parlamentarismo. 

Enfim, vou continuar achando que Juca entende mais de mulher pelada e de futebol que de política. Mas como é uma pessoa inteligente, temo que se trata de mais um caso onde a opção político-partidária acabou por embotar os sentidos.

sábado, 16 de abril de 2016

Horas decisivas

Nas últimas horas, os que defendem o mais corrupto governo da história do Brasil (acho que do mundo) têm demonstrado certa euforia como se o impeachment já não fosse mais possível. A razão seria a adesão de alguns deputados – em número suficiente para virar o placar – ao balcão de negócios montado por Lula e alguns comparsas, num luxuoso hotel em Brasília, onde ele celebra tenebrosas transações com gente que não merece ser chamada de gente. Fala-se que as negociatas já não mais se dão em troca de cargos ou de favores políticos como a promessa de liberação de emendas e sim na base do dinheiro vivo. Um milhão de reais, em cash, na bolsa, na mala ou na mochila, dizem que saem os vendidos deputados carregando do hotel de luxo.

Não há provas de que o placar mudou, mas a volta de Michel Temer a Brasília, ele que havia viajado para São Paulo, para assistir de longe a votação de amanhã, é sinal de que algum ruído no placar, desfavorável ao impeachment ocorreu, grave ao ponto de exigir a presença de Temer novamente em Brasília.

Os jornalistas do site O Antagonista continuam apostando, na manhã deste sábado, em  22 votos a mais que os necessários para a admissibilidade do processo pela Câmara, baseados em contagem de experientes deputados que estão na oposição. O sopro de vida dos governistas teria se dado pela adesão ao governo, via negociata no hotel de luxo, do governador da Bahia que comanda alguns deputados e pela ausência de uma deputada – a filha de Garotinho que tirou licença pois está em vias de dar à luz. Noticia-se também que Paulo Maluf – de quem jamais tivemos dúvidas, apenas certezas, como diria Diogo Mainardi – estaria mudando de posição e agora seria “indeciso”. Talvez Lula tenha descoberto seu preço, sei lá.

A Folha de S. Paulo parece euforicamente contida com a possível mudança dos ventos, mudança que ela tem ajudado muito a acontecer, com seus editoriais rejeitando Dilma e Temer e pregando novas eleições, sem contar o grande número de articulistas governistas que escrevem mentiras todos os dias em suas páginas. Claro que um jornal tem todo direito de ter em suas páginas opiniões de todos os lados de qualquer processo, mas o conteúdo das colunas que defendem a continuidade do governo petista é geralmente mentiroso, a começar pela absurda tese de “golpe”, passando pela total absolvição de pessoas que cometeram os mais gigantescos crimes de corrupção que o Brasil (talvez o mundo) já tenha presenciado.

A contida euforia da Folha pode ser também um sopro de vida num jornal que sabe que, depois de votado o impeachment na Câmara, poderá perder muitos leitores e, principalmente, assinantes. E, consequentemente, passar a depender de verbas públicas para se manter, o que seria um péssimo negócio. Primeiro porque se o PT continuar no poder, vai exigir radical mudança nos rumos do jornal para mantê-lo com verbas públicas. Segundo porque as tais verbas são finitas – aliás, já acabaram, pois o governo Dilma recorreu a mais uma pedalada fiscal para prover seu gabinete de 76 milhões de reais que ela pretende usar em publicidade. O decreto saiu nesta semana e o dinheiro veio dos orçamentos da IBGE e da Segurança. E quando as verbas acabarem, o jornal pode acabar junto, como aconteceu aqui com a Tribuna de Campinas, simpático e bom semanário, distribuído gratuitamente, cujo maior erro foi querer sobreviver apenas com o dinheiro do governo municipal. Foi no segundo governo de Chico Amaral, um dos piores que Campinas já teve. Quando o dinheiro público acabou, o jornal fechou.

Mas eu também não creio que a mudança que tenha ocorrido nos votos contra e a favor do impeachment tenha sido tão significativa a ponto de os governistas comemorarem. Acredito que a partir de algumas defecções, a cambada contra o fim da era petista tenha criado, artificialmente – e eles são bons nisso – um clima de euforia que não condiz com a realidade, como parte de uma estratégia de tentar reverter o tal do efeito manada.

O Estadão – hoje mais confiável que a Folha – traz, nesta manhã de sábado, um placar com 344 votos, dois votos apenas além do necessário para o impeachment, acusando baixa de dois deputados. E o placar governista mostrando 135 votos, o que é insuficiente para barrar a votação, mas que conta pouco: 135 podem votar contra e se mais 37 faltarem à sessão, o impeachment não passa.

Enfim, será – já está sendo – um fim de semana para os mais fortes. Se até a manhã de amanhã não houver mais movimentos significativos de adesões ao dinheiro sujo que está sendo distribuído por Lula no hotel de luxo, o impeachment será aprovado pela Câmara e, depois enviado ao Senado, onde pode ocorrer outra batalha envolvendo menos personagens, mas muita sacanagem como sempre, já que senadores não diferem de deputados nos quesitos de ética e moral.


Mas a maré, com certeza, ainda não mudou, bem como nossa esperança de acabar com o governo Dilma e com o petismo que tanto mal fizeram ao Brasil. As próximas horas serão decisivas para sabermos se o Brasil vai conseguir sair do atoleiro em que o PT o meteu.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Primeira vitória


A admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff foi o primeiro passo rumo a uma vitória que, se ainda não se pode dizer conquistada, tem tudo para ser confirmada no próximo domingo. Então terá sido dado o segundo e mais importante passo. Uma vitória no plenário da Câmara, praticamente obriga o Senado a aceitar o processo.

Como todos que leem esse blog sabem, eu gostaria de ver o PT longe do poder – de qualquer poder – há muito tempo. Antes de Lula ser eleito em 2002, eu já escrevia o Xeque Mate no Correio Popular e não só era crítico do governo petista de Campinas, como deixava claro que o melhor para o Brasil seria a eleição de José Serra, do PSDB. A continuidade do programa político-econômico liberal era o caminho que o país deveria seguir. E, se tivesse seguido, hoje seríamos uma potência a sentar à mesa com os grandes do mundo. Com Lula e Dilma, vale dizer, com o PT no poder, viramos chacota mundial e a economia do país caminha para entrar numa situação pior que a recessão: a depressão.

O caminho de volta ao desenvolvimento que é possível e pode ser sustentável, não será fácil, mas com Dilma será impossível. Num provável governo Temer, podemos ter o início de uma nova fase cheia de alguns sacrifícios, mas com luz no fim do túnel.  

O resultado de 38 a 27 na Comissão do Impeachment pode ter até decepcionado alguns mais otimistas, mas surpreendeu negativamente o governo, pois é bom lembrar que a comissão foi formada como quis o Planalto, com regras impostas pelo STF que anulou eleição de uma comissão onde a oposição teria um número maior de deputados e obrigou a Câmara a seguir regras que favoreciam o governo no rito do processo todo. Esse resultado traz uma esperança maior aos brasileiros – pelo menos à sua inegável maioria – de que dias melhores podem começar a acontecer a partir da aprovação, no plenário da Câmara, e a posterior e rápida admissão do processo no Senado. Após essa admissão, Dilma será afastada por até 180 dias do cargo, assumindo Michel Temer que, obviamente, não sairá mais.

Há, claro, a possibilidade de o TSE pode cassar a chapa eleita em 2014, já que as denúncias de uso de propinas para irrigar a campanha não cessam.  E daí se cassar? É a Justiça decidindo com provas, oras bolas. Se cassar, que assuma quem de direito na linha sucessória e convoque eleições – diretas ou indiretas, dependendo do tempo que falta para terminar o governo – como manda a Constituição.  Encerrado o governo tampão, novas eleições, quando, se espera, o eleitor brasileiro demonstre ter aprendido quão caro custa eleger demagogos e ladrões. E dê uma basta na existência física do PT, no voto.

Mas um possível governo Temer será difícil ainda por vários motivos. O primeiro é que ele vai governar com a espada na cabeça? Um processo correndo no TSE pode eliminá-lo do cargo, mesmo ele tendo separado suas contas durante a campanha. A decisão do TSE pode também ocorrer já no fim do seu governo, o que não causaria muitos estragos. Mas, mesmo que o TSE demore, Temer vai governar com o PT na oposição. E, até o dia 31 de dezembro de 2018, o PT será um partido grande, mesmo que perca vários deputados por conta do processo todo em que o partido está envolvido.  

E o PT na oposição pode fazer muito barulho, como sempre fizeram. E esse barulho pode se estender às ruas, principalmente porque não haverá tempo de substituir as direções de centenas de entidades sindicais e associações de classe para as quais o governo foi bondoso demais financeiramente. Com o nosso dinheiro, claro.

Haverá muitas passeatas e ameaças de greves, algumas das quais se consumarão e atrapalharão planos do governo. Haverá boicotes dentro do governo – já que deve haver muitos concursados que não podem ser demitidos e entraram no governo às custas de concursos fraudulentos – haverá pedidos de impeachment quase que diários (o PT acha que é golpe só quando o presidente é petista), enfim, as turbulências poderão resultar até em confrontos físicos por aí. Do tamanho desses confrontos pode até depender a normalidade democrática do país, mas aí já é uma outra história, embora eu ache difícil haver número suficientes de radicais para preocupar as Forças Armadas, por exemplo.

Mas é uma fase que o Brasil terá de passar se quiser chegar ao fim do escuro túnel que o PT construiu com seu governo incompetente e corrupto ao longo dos últimos 13 anos. Mas, por mais difícil que seja, será bom ver a economia caminhando no rumo certo, ver um presidente que sabe falar e entende os meandros da política, ver um governo que não endeusa ditaduras e ditadores e que volta seus olhos de negócios para países que realmente podem contribuir com o nosso desenvolvimento.

Antes assim, do que seguir rumo ao desconhecido conduzido por uma navegante cega que tem como timoneiro um ladrão da pior espécie. 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O santo ódio do povo

Assistindo ao pequeno vídeo postado nas redes, em que a senadora Gleisi Hoffmann é hostilizada por um grupo de pessoas, ao sair do aeroporto, eu tentei lembrar onde esse ódio começou.

Não faz muito tempo, foi em 1991, durante o governo de Fernando Collor, quando houve o leilão de privatização da Usiminas na Bolsa do Rio. Um grupo de pessoas ligadas ao PT começou a hostilizar os empresários que chegavam para participar do leilão.

A hostilidade era violenta, com gritos e xingamentos que nem podiam sair na televisão. Mas parece que isso não bastava para conter o ódio que aquelas pessoas estavam sentindo contra uma ação que só faria bem ao Brasil, como e viu depois.

A privatização de estatais, aliás, deu bom resultados em todos os países em que foi levada a sério. No Brasil, na das telefônicas, já na era FHC, por exemplo, o resultado imediato foi a universalização de um bem que beira o essencial, o telefone. Em poucos anos, o preço da linha caiu de cerca de até 5 mil dólares, para algumas centenas de reais, hoje já não se cobra “linha” alguma, não se espera  anos para receber o que comprou e há mais telefones do que gente no Brasil.

Mas o ódio dos sindicalistas ligados ao PT era grande, como eram também os ódios que o partido sentia contra tudo que só iria fazer bem ao Brasil. Além das privatizações, o PT e suas cambadas foram contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra toda e qualquer medida que significasse um passo à frente no caminho do desenvolvimento do país.

O ódio demonstrado contra os empresários na porta da Bolsa do Rio não se restringiu às palavras de ordem e aos palavrões. Há uma foto histórica que os jornais estamparam na primeira página de um desses trogloditas chutando a bunda de um empresário. Sim, partiram para a agressão física e, não fosse a segurança no local, o caso poderia ser mais grave ainda.

Sindicalista ligado ao PT chuta empresário em frente à Bolsa de Valores do Rio, 
A foto, que reproduzo acima, correu o mundo e mostrou a que ponto a esquerda chega quando não vê sua ideologia predominar, quando sente a derrota chegando. Ali, a esquerda brasileira demonstrava que a luta política poderia ir muito além da disputa democrática, do debate de ideias e do respeito ao resultado das urnas. Não, eles não se conformavam com a derrota.

Mais de 25 anos depois e com 13 anos no poder, a esquerda hoje sente na pele a reverberação do ódio que plantou na política. Os petistas e os políticos que se aliam ao governo petista não conseguem mais andar nas ruas ou em qualquer lugar público que são hostilizados assim que reconhecidos.

A esquerda e seus aliados fisiológicos e oportunistas estraçalhou de tal forma o Brasil, que o povo – sempre quieto e aceitando tudo quase calado – não teve mais paciência e passou a atuar como protagonista de uma história que ele quer ver mudada.

Não aceita mais que a roubalheira e a incompetência sigam impunes. Exige nas ruas, nos bares, nos restaurantes ou nos aeroportos que o político mude de lado e use sua prerrogativa para fazer o que o povo quer.

O impeachment de Dilma Rousseff e o fim do PT como partido dominante no Brasil são condições não negociáveis para aqueles que saem às ruas reclamando a volta do país aos eixos da mínima decência.

A manutenção da Operação Lava Jato investigando todas as roubalheiras que a quadrilha instalada no poder patrocinou e realizou é também condição essencial para que o país alcance um patamar digno de uma nação que quer ter vez e voz no concerto mundial.

O povo brasileiro, mesmo demonstrando ódio aos políticos que levaram o país a essa situação, quer a paz para poder ter um emprego, para poder trabalhar em paz e construir sua vida sem se sentir enganado e roubado por quadrilhas de políticos formadas dentro de partidos cujo único objetivo é o poder e o enriquecimento de seus dirigentes.

O povo brasileiro está dizendo basta com ódio estampado nos olhos: essa é a única linguagem que os bandidos que estão no poder entendem.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Números otimistas a favor do Brasil

Eu só não digo que o impeachment de Dilma Rousseff já está decidido porque estamos no Brasil, onde palavras de honra de políticos são trocadas a todo instante por algum dinheiro e cargos. Mas a situação hoje é extremamente favorável a que, em duas semanas mais ou menos, a gente esteja se livrando da maior praga política que já se abateu sobre esse sofrido país.

Se na ditadura de Vargas o Brasil viu melhorarem algumas relações de emprego como lenitivo ao governo autoritário e de tendências nazistas e na ditadura militar houve de fato progresso econômico e desenvolvimento sustentável em meio a prisões ilegais, censura total, tortura e mortes, o que vemos hoje é um quadro de horrores, onde um governo eleito aparelha totalmente o estado a ponto de falir a maior empresa da América do Sul, de colocar o Brasil no segundo ano consecutivo de recessão, de mentir descarada e diariamente sobre as finanças do país e de promover a maior corrupção que se tem notícia na história do mundo.

Esse quadro esgarçou de tal modo a paciência do brasileiro que, hoje, o governo conta com uma rejeição de mais de 80% da opinião pública e esse percentual está refletindo diretamente nos corações e mentes daqueles que têm o poder de decidir se esse governo continua ou se será impedido de continuar desgovernando o Brasil.

A desesperada oferta de ministérios e cargos a obscuros políticos, cujos objetivos sempre foram se enriquecer à custa do erário, não está dando certo. A negociação em curso não está surtindo efeito algum por um motivo muito simples: a pressão sobre os novos e velhos aderentes e fisiológicos nunca foi tão grande. Os que estão sendo contatados para votar a favor do governo ou para se ausentar no dia da votação, estão sofrendo toda sorte de assédio desde que embarcam num avião de volta às suas bases. E, nas bases, a situação não é diferente: praticamente em todo lugar que ele se encontre, inclusive dentro da própria casa, há quem diga que esse governo não pode continuar. Sem contar, é claro, que o próprio deputado está vendo a economia derreter, os preços subirem e o mercado reagir de modo distinto quando há notícias boas e ruins em relação à permanência do PT no poder.  Se a possibilidade de impeachment aumenta, cai o dólar e sobe a bolsa, Quando o governo consegue algum fato favorável a ele, cai a bolsa e sobe o dólar.

A pressão é também da imprensa. Da boa imprensa que resta ao Brasil, já que esse setor foi um dos mais visados pelos planos de poder eterno do PT: aparelharam-se jornais desde há muito tempo. Eu entrei, pela segunda vez, no Correio no ano 2000. Nas eleições daquele ano foi descoberto um núcleo do PT funcionando em plena redação e com poderes de publicar reportagens distorcidas a favor do candidato petista e contra o candidato tucano. O núcleo foi desfeito, mas sobraram muitos jornalistas que se colocavam a lealdade ao PT acima da lealdade à notícia e  à profissão.

O jornal O Estado de São Paulo está publicando, a partir de hoje, um painel sobre o placar do impeachment. A primeira publicação mostra boa vantagem dos que querem que o governo Dilma se encerre já, mas insuficiente para que o processo saia da Câmara vitorioso e seja enviado ao Senado. São, segundo o jornal, 234 deputados a favor do impeachment e 110 contra. E, no meio, 56 indecisos, 10 que não revelaram o voto e 103 que não foram encontrados ainda.

Mas, embora não haja motivo para desconfiar dos números do Estadão, há fatores que podem distorcer o resultado e, claro, não por culpa do jornal. Entre os indecisos, há os que não revelam o voto por temer pressões de um lado ou de outro, do mesmo modo entre os poucos que dizem não revelar mesmo. E há os 103 ainda não encontrados, que podem fazer o placar pender totalmente para um lado ou para o outro.

Mas há um outro placar que talvez seja mais confiável que o do Estadão e, de novo, sem que o jornal tenha culpa. É o placar que uma comissão de deputados vem fazendo e refazendo diariamente. Ela é composta de deputados que estão a favor do impeachment e que, por isso mesmo, têm de ser precisos em seus cálculos, já que deles dependem a atuação em busca dos votos.

Dois deputados dessa “comissão” disseram, entre ontem à noite e hoje, que o placar definido por políticos com larga experiência e com acesso a todos os partidos, ou seja, com conhecimento da grande maioria dos pares e de suas tendências, era de 352 votos a favor do impeachment.  O que significa que já há 10 votos a mais do que o mínimo necessário para enviar o processo aprovado ao Senado. Onde, diga-se, não haverá muito o que fazer diante da vontade soberana da Câmara dos Deputados.

E, para completar, o discurso de Dilma de que só vai entregar os cargos prometidos depois da votação do impeachment, segundo se comenta em Brasília, é mentiroso. Os ministérios não estão sendo assumidos porque os que foram contemplados sabem que não podem conter seus deputados e obrigarem-nos a votar a favor do governo ou se ausentar no dia da votação. Eles temem aceitar um ministério e se verem obrigados a sair em menos de um mês. Eles sabem a tendência de seus partidos e, por isso, não querem assumir agora.

Enfim, o quadro hoje é extremamente positivo para o Brasil, vale dizer, para todos aqueles que querem a saída do poder de um partido que se exauriu na roubalheira, na corrupção e na total incompetência de gerenciar um país.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Briga de gente grande

A política não é para amadores. A frase, velha e batida, nunca fez tanto sentido como nesses tempos. E é exatamente nesses tempos de “guerra”  política que ela se revela tão verdadeira.

O que temos hoje no Brasil? Um partido que tem um projeto de jamais deixar o poder e que, para tanto usa o dinheiro público para comprar apoio e para enriquecer seus dirigentes e aliados. A compra desse apoio comporta distribuir dinheiro público para vários setores da população de modo que a distribuição garanta o apoio.

Os primeiros beneficiados desse esquema são, claro, os políticos. Tanto os do próprio partido que ficam com uma parte do butim apenas por ser do partido, como os dos partidos que apoiam o governo. Esses últimos se vendem por quantias elevadas e cargos vários. Há inúmeras maneiras desta distribuição acontecer. Um ministério ou uma estatal entregue ao partido de “porteira fechada” (tudo que lucrar fica com o partido contemplado) ou de “meia porteira” (alguns cargos e “recompensas” não serão do partido). Tudo, claro, é uma questão de negociação e nela vale o poder do agraciado, quanto votos tem etc.

O segundo grande campo dos benefícios com o dinheiro público são os sindicatos. Para tanto a entidade precisa estar filiada a uma central amiga do PT e se dispor a mobilizar seus sindicalizados a fazerem passeatas a favor do governo e a contribuírem com a campanha política do PT, via caixa 2, já que sindicatos são proibidos de doar dinheiro a partidos políticos.

Para praticar esse segundo benefício o governo manteve o imposto sindical (a CUT se diz contra!) e mudou as regras de sua distribuição. Agora, grande parte dele (e são alguns bilhões arrecadados por ano), vai para as centrais sindicais que não precisam prestar contas do que recebem, numa afronta total às leis de gastos públicos do Brasil. Mas o PT só obedece às leis que lhe favorecem.  Em troca, a CUT gasta boa parte dessa fortuna fazendo camisetas, balões, cartazes, faixas defendendo o governo petista, além de garantir transporte, lanche e dinheiro para contratar peões para as “passeatas” e atos a favor do governo.

Outros beneficiados são os artistas, seja lá de que ramo forem. São contemplados com grandes patrocínios de estatais ou com renúncia fiscal, quando o governo autoriza a arrecadação de um valor junto a empresas e essas empresas descontam esse valor (integral) do imposto que têm a pagar. Dá na mesma: ou o governo  dá o dinheiro na mão do artista ou o governo não recebe como imposto aquilo que autorizou o artista tirar de empresas.

Contemplados políticos, sindicalistas e artistas, há também que se comprar grande parcela do povo. Aí entra o Bolsa Família ou os gigantescos programas de obras cujos números são sempre maiores dos que os que são realmente executados.

O Brasil deve ser o único país do mundo cujo governo usa como propaganda o fato de um benefício como o Bolsa Família ter aumentado o número de participantes ao longo dos anos. Ora, isso significa que o programa não está dando certo, já que sua finalidade é ajudar a sair da miséria e colocar apenas na pobreza (duas refeições fracas por dia) a multidão sem futuro do Brasil. Pobreza? Para não assumir que o benefício tira da miséria coloca na pobreza, o governo mudou a escala social. Agora, quem recebe a partir de 290 reais mensais já é classe média (!!!).

Pois é. Tirando da miséria para não morrer de fome, o dinheiro do benefício deveria ajudar a manter a saúde para procurar emprego, ou para pagar uma prestaçãozinha de uma máquina de costura, de um tanquinho ou algo parecido para a família conseguir alguma renda (costurando ou lavando pra fora, por exemplo) ou para pagar a condução para ir a um curso gratuito que desse ao beneficiado uma qualificação qualquer para conseguir um emprego e assim ir melhorando a situação até não necessitar mais do programa.

Já os grandes projetos anunciados (como o Minha Casa Minha Vida, a transposição do São Francisco, rodovias com centenas de quilômetros, BRTs...) consistem geralmente no início da obra, com a imediata divisão dos valores  superfaturados entre os profissionais de sempre e na paralisação da obra, alguns meses depois, por falta de verbas. O Brasil é um cemitério delas. E, no caso do Minha Casa, muitas obras são feitas com material inferior ao contratado (sobre mais grana pra propina) e estão caindo por aí. Um ministro chegou a dizer que são casas para durar 20 anos. E não foi preso.

Assim, quando o governo petista enfrenta uma grande crise por ter seus truques de maquiagem contábil e suas roubalheiras indiscriminadas descobertos, essas tropas todas que vivem do dinheiro público são chamadas para ajudá-lo a sair da encrenca, a fugir da Justiça para ser mais claro.

Dessa maneira, o PT vai se mantendo no poder, mas parece que o fim está próximo. Governo mesmo, tal o gigantismo da crise, não há mais. O próprio PT diminui a cada dia e deve desaparecer em breve. Está tudo parado à espera das decisões do Supremo, do andamento do processo de impeachment e da próxima operação da Lava Jato, essa última lutando heroicamente contra exércitos fanáticos que, se pudessem, exterminariam fisicamente o juiz Sérgio Moro, a brava equipe de procuradores e as turmas da Política Federal que estão cumprindo seus mandados.

Assim é o nosso país hoje, mostrando ao mundo que a frase de Tom Jobim, dita há uns 30 anos – “O Brasil não é para amadores” – quando ele próprio era vítima de uma inacreditável patrulha ideológica (de esquerda, claro), é mais do que verdadeira.

São profissionais da política e da ideologia que hoje vomitam mentiras diárias em rede nacional, mentiras amplificadas por uma legião de jornalistas infiltrados nas redações a serviço do PT e centenas de blogueiros sujos,  sem honra alguma que espalham os falsos discursos pelas redes de computadores.

A saída? Ela pode ser – e espero que seja – constitucional. O processo de impeachment tem o apoio de mais de 80% da população e, através dele, o Brasil pode se livrar dessa imensa quadrilha que vem nos assaltando há mais de 13 anos.

Mas pode ser traumática também, caso os “exércitos” que os chefes da quadrilha dizem ter, resolverem se manter no poder na base da força. Tenho certeza de que há um limite para essa tentativa. Se houver um só ato terrorista que aponte para organizações clandestinas com armas na mão, podemos estar entrando numa guerra civil. Eu tenho certeza de que as forças oficiais venceriam esses fanáticos, mas teríamos alguns milhares de cadáveres pelas ruas. Seria o preço para manter a liberdade. Um preço elevado, mas que todo cidadão que preza sua dignidade teria de pagar.