Escrevi ontem que Lula, o PT e Dilma chegaram ao fim. Claro
que, embora desejasse, não tinha qualquer informação sobre a ação da Justiça
hoje, que lançou a 24ª etapa da Operação Lava Jato e alcançou a cúpula petista
e, vale dizer, a cúpula governista, já que Lula jamais deixou de ser governo.
As motivações da Justiça – e não da Polícia Federal, que é
apenas o braço operacional da Justiça – para levar Lula a depor
coercitivamente, devem ser muitas pelo que temos visto e lido nos últimos dois
anos dessa operação, que é, de longe, a mais completa e mais importante ação
contra a corrupção em toda a história brasileira. E, claro, não vou contestar
essas motivações, muito pelo contrário: fosse eu a decidir, sem as amarras da
lei a me segurar, já teria botado Lula na cadeia há muito tempo.
O que ainda me espanta, embora fosse previsível, é a reação
destemperada dos líderes petistas, sejam eles líderes partidários, parlamentares
ou ministros do governo. O que se viu desde que se constatou que a Lava Jato
estava batendo à porta de Lula, foi uma espécie de chamamento para a guerra,
feito por gente que deveria ter um pingo de responsabilidade para conter eventuais
excessos da militância que podem descambar para conflitos generalizados.
O ministro da Previdência, Miguel Rossetto, chegou a usar
equipamento do Ministério para lançar um protesto contra a ação sobre Lula. O presidente
do PT, Rui Falcão, chegou a convocar a militância para ir às ruas protestar
contra a PF, o MP e Justiça Federal, instituições de Estado que merecem, de
todos os cidadãos, o maior respeito.
O próprio Lula, ao invés de voltar para sua casa após seu
depoimento, decidiu ir para a sede do partido, fazendo exatamente o que o
partido está acusando a Justiça de fazer: politizar a investigação. E em seu
discurso à militância ali reunida, criticou duramente as instituições criadas e
mantidas pelo povo brasileiro exatamente para fazer Justiça, coibir desmandos e
combater a corrupção. Se Lula e seus comandados se encaixam nas categorias que
essas entidades são obrigadas a combater, não é um problema político, é um
problema policial e como tal deve ser tratado.
Assim, a reação dos petistas demonstra mais uma vez que o
partido não está preocupado com o Brasil, não está preocupado em causar
arruaças por aí que podem desandar para algo pior e que exija intervenção de
forças mais duras no combate a esse tipo de ação. O PT está preocupado em se
manter no poder e em defender seus membros mesmo que sobre eles pesem todas as
provas, todas as acusações, todas as delações feitas até por quem até ontem gozava
da confiança e da intimidade do poder.
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