sexta-feira, 4 de março de 2016

O PT quer o confronto

Escrevi ontem que Lula, o PT e Dilma chegaram ao fim. Claro que, embora desejasse, não tinha qualquer informação sobre a ação da Justiça hoje, que lançou a 24ª etapa da Operação Lava Jato e alcançou a cúpula petista e, vale dizer, a cúpula governista, já que Lula jamais deixou de ser governo.

As motivações da Justiça – e não da Polícia Federal, que é apenas o braço operacional da Justiça – para levar Lula a depor coercitivamente, devem ser muitas pelo que temos visto e lido nos últimos dois anos dessa operação, que é, de longe, a mais completa e mais importante ação contra a corrupção em toda a história brasileira. E, claro, não vou contestar essas motivações, muito pelo contrário: fosse eu a decidir, sem as amarras da lei a me segurar, já teria botado Lula na cadeia há muito tempo.

O que ainda me espanta, embora fosse previsível, é a reação destemperada dos líderes petistas, sejam eles líderes partidários, parlamentares ou ministros do governo. O que se viu desde que se constatou que a Lava Jato estava batendo à porta de Lula, foi uma espécie de chamamento para a guerra, feito por gente que deveria ter um pingo de responsabilidade para conter eventuais excessos da militância que podem descambar para conflitos generalizados.

O ministro da Previdência, Miguel Rossetto, chegou a usar equipamento do Ministério para lançar um protesto contra a ação sobre Lula. O presidente do PT, Rui Falcão, chegou a convocar a militância para ir às ruas protestar contra a PF, o MP e Justiça Federal, instituições de Estado que merecem, de todos os cidadãos, o maior respeito.

O próprio Lula, ao invés de voltar para sua casa após seu depoimento, decidiu ir para a sede do partido, fazendo exatamente o que o partido está acusando a Justiça de fazer: politizar a investigação. E em seu discurso à militância ali reunida, criticou duramente as instituições criadas e mantidas pelo povo brasileiro exatamente para fazer Justiça, coibir desmandos e combater a corrupção. Se Lula e seus comandados se encaixam nas categorias que essas entidades são obrigadas a combater, não é um problema político, é um problema policial e como tal deve ser tratado.

Assim, a reação dos petistas demonstra mais uma vez que o partido não está preocupado com o Brasil, não está preocupado em causar arruaças por aí que podem desandar para algo pior e que exija intervenção de forças mais duras no combate a esse tipo de ação. O PT está preocupado em se manter no poder e em defender seus membros mesmo que sobre eles pesem todas as provas, todas as acusações, todas as delações feitas até por quem até ontem gozava da confiança e da intimidade do poder.

O que pode acontece daqui pra frente é imprevisível, mas com a economia derretendo, com o PIB caindo inacreditáveis 3,8% ano passado e sem chances de melhorar neste ano, é possível imaginar que os protestos de 13 de março serão os maiores que o Brasil já viu. E podem jogar, de vez, a pá de cal que está faltando para que esse governo, responsável pela maior recessão que o Brasil já enfrentou e pelo maior esquema de corrupção que o mundo já viu, seja afastado do poder, seja pela ação do Congresso, da Justiça ou pela simples renúncia da presidente, pois desde antes de assumir o atual mandato, na sequência de um desastroso primeiro mandato, já deu mostras de que não tem qualquer condição de governar e, muito menos, de tirar o país do buraco econômico em que se encontra. Buraco criado pelos 13 anos e 2 meses de governo petista, diga-se.

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