terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Troféu Aedes Aegypti para o prefeito de Campinas


O Correio Popular de hoje anuncia que o dinheiro do governo federal para ajudar a Prefeitura de Campinas a combater o mosquito Aedes aegypti não virá mais. Aliás, o dinheiro para fazer os corredores do BRT também não virá, pelo menos neste ano, deixando o governinho do Jonas Donizette (PSB) só com a maquiagem que ele fez na Avenida Francisco Glicério para mostrar como “grande obra” do seu governo. Mas isso será assunto de outro post.

O assunto hoje é o calote da Dilma no Jonas, calote esse mais do previsto, já que o governo federal tem está gastando muito mais do que recebe há mais de dois anos e um dia a conta da farra com o dinheiro público e da enganação com as pedaladas fiscais ia chegar. Chegou.

Mas o problema poderia não ser tão grave quanto parece, a ponto de merecer a principal manchete do Correio de hoje. Acontece que, lendo a reportagem, descobrimos que o governo federal enviou para a Prefeitura de Campinas, em 2014, exatamente R$ 8,5 milhões, divididos entre R$ 1 milhão para combate específico do mosquito e o restante para a Vigilância Sanitária (Visa). Depois, em 2015, a Prefeitura recebeu menos: R$ 6,4 milhões para a Visa. O calote do R$ 1 milhão já ocorrera ano passado.

Ora, para se combater um mosquito que causou uma epidemia de dengue em 2014 e em 2015, batendo todos os recordes da doença em Campinas (foram mais de 60 mil casos), não se pode contar com uma merreca dessas em termos de verbas. Claro que a Vigilância Sanitária local deve ter mais alguma dotação própria, mas se a Prefeitura está fazendo esse escarcéu por causa dessa mixaria, não deve ter muito mais que isso para enfrentar o terrível mosquito, que também anda transmitindo outras duas doenças, a infecção pelo zika vírus e a febre chicungunya.

E eu digo que é merreca porque a Prefeitura de Campinas tem muito mais dinheiro que isso, embora não use para fins que talvez ela considere corriqueiros como esse de combater epidemias de dengue. Só para a publicidade foram reservados, na Secretaria de Comunicação, R$ 20 milhões. Além disso, as empresas municipais como Sanasa, Emdec, Ceasa e outras também têm verbas próprias para alardear as obrigações que cumprem, quando cumprem. Há casos de placas de publicidade de obras que não existem.Na Rádio Municipal Educativa, o próprio prefeito entre em quase todo intervalo anunciando um programa semanal chapa branca. 

Dizem por aí que a quantia aplicada em anúncios em jornais, rádios, TVs, internet e outras mídias chegou aos R$ 50 milhões em 2015. E deve ter chegado mesmo e não deve ter diminuído neste ano quando haverá eleições: não há veículo de comunicação da cidade que não ostente anúncios do governo municipal. Até esses canais fechados dentro de elevadores, supermercados e padarias têm anúncios constantes da Prefeitura. Tudo para promover nada mais que obrigações de um governo.

Assim, a cidade que, em 2014 e 2015 viu os números de casos de dengue se multiplicarem e baterem recordes consecutivos, corre o risco de, agora, em 2016, ver o quadro piorar muito mais e não só com a dengue. As outras duas doenças, uma delas relacionada com casos de microcefalia que já ululam por aqui, transmitidas pelo mesmo mosquito, podem galgar números olímpicos na cidade também.

O governo de Jonas Donizette, notável por maquiar a cidade com obras que podem ser levadas pela primeira chuva mais forte, talvez entre para a história como o recordista mundial dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito. Se houvesse um Troféu Aedes Aegypti não haveria concorrente tão capacitado a recebê-lo. 

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