quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Transporte elétrico em Campinas: mais um factoide?

Quando o governador Orestes Quércia quis enfiar o VLT goela abaixo de Campinas, o então prefeito Jacó Bittar (acho que já tinha saído do PT e estava sem partido), foi contra, mas diante da insistência do governador, o prefeito nada pôde fazer: “o trenzinho do Quércia” (como Bittar o chamava) foi implantado sobre os velhos (e bota velhos nisso) trilhos da Sorocabana, que davam enormes voltas pelas campinas dessa terra, alcançando antigas fazendas, entrepostos de mercadorias, talvez até de escravos, com seus trens de madeira puxados pela Maria Fumaça, a uma velocidade que jamais ultrapassava, pelo menos nos trechos urbanos, 40 km por hora, se tanto.

A Sorocabana acabou e seus trilhos com aquele traçado serpenteante foram ficando por aí, até que surgiu a ideia de utilizá-los para o tal de Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT. Claro que, à época, houve vozes que se levantaram contra o absurdo. Um trem urbano, cuja principal finalidade era transportar gente de um bairro ao outro ou de bairros ao centro da cidade, concorrendo com o péssimo serviço de ônibus, não poderia dar tantas voltas, pois seria muito mais lento que os ônibus e acabaria virando um trenzinho turístico, usado para apreciar a paisagem. E, infelizmente, nem paisagem apreciável existia.

Outro problema: as longas curvas impediriam também que o trem alcançasse uma velocidade que sequer se aproximasse da velocidade de um metrô. Ele teria que viajar como os velhos trens de madeira da Sorocabana a, no máximo, 40 km por hora.

Mas, a custo de uns 250 milhões de dólares (foi o que se noticiou na ocasião), Campinas inaugurou solenemente o VLT que durou um ano ou dois e acabou por absoluta falta de passageiros. Sem dinheiro para novas linhas e sem arrecadação suficiente nas passagens, ele só deu prejuízo.
Mas, não sei por que, o assunto VLT aparece constantemente no noticiário de Campinas. Todo prefeito depois de Bittar (com exceção de Magalhães Teixeira), fala em ressuscitá-lo. Izalene Tiene (PT) andou conjecturando (ou andaram conjecturando por ela, que jamais mandou em alguma coisa na Prefeitura), Hélio de Oliveira (PDT) toda vez que ficava sem assunto para aparecer no jornal falava em VLT. E, agora, Jonas Donizette (PSB), cujo governo tem sido uma grande decepção, volta ao assunto e não pela primeira vez.

E é curioso Jonas falar que Campinas poderá ter um transporte elétrico. Isso porque, como se sabe, há um projeto de um tal de BRT (Bus Rapid Transit) que já foi implantado em algumas cidades e deu certo, cujos recursos ainda estão pendentes no governo federal. Pois se nem esse projeto – que já existe há mais de quatro anos – o governinho do Jonas conseguiu viabilizar até agora, como ele acha que vai conseguir recursos, numa época de enorme crise como a atual, para um projeto de transporte elétrico para Campinas?

Ou seja: está parecendo que o prefeito está lançando pela páginas do Correio Popular, mais um factoide, como aqueles que já vimos anteriormente nesse mesmo governo e cansamos de presenciar durante o governo de Hélio de Oliveira Santos.

O desassoreamento da Lagoa do Taquaral, a construção de um teatro de ópera, o fim da crise na saúde, o fim dos congestionamentos, a melhoria no transporte coletivo atual foram algumas das promessas desse governo até hoje não cumpridas. Talvez ele tenha deixado tudo isso para um segundo mandato, certo de que será reeleito. Se eu fosse ele, não estaria tão certo assim. Já há pesquisas por aí, dizem, que o colocam em situação difícil perante a maior parte do eleitorado campineiro. E não é pra menos: seu governo parece copiar o anterior (do Hélio) no quesito “maquiagem da cidade”. 

E, lamentavelmente, nem nisso tem sido competente: as calçadas de Campinas estão um horror e as ruas e avenidas – sem uma operação permanente de manutenção – pioraram muito com as chuvas. A maquiagem está sendo levada pelas águas e parece que não há nada mais a mostrar a não ser criar mais um factoide. 

Um comentário:

  1. Toda vez que passo pela rodoviária nova tenho que enfrentar a grande caga.. do Sr. Gérson Bittencourt então secretário de transporte no governo Hélio e seu assecla Josias Lech ambos do PT.

    Quem sai da rodoviária e quer acessar a Barão de Itapura tem simplesmente fazer um X e cruzar com quem já desce pela rua. Em horários de pico há todo tipo de bandalheira: flanelinha, carro estacionado em lugar proibido, em cima da calçada, gente atravessado, taxista, tudo porque a área de desembarque é pífia. Dando nome aos bois, quem projetou a obra da Rodoviária foi o arquiteto Ricardo Badaró, que inclusive é professor de arquitetura na Puc-Campinas e que avalizou foi Hélio e Bittencourt.

    Em participações no programa Jornal Gente da Rádio Bandeirantes escrevi ao gestor da obra sobre o absurdo daquela situação e ele respondeu que iria resolver o viário na região, Hélio saiu, Villagra entrou e saiu, Serafim entrou e se foi.

    Refiz a pergunta ao médico veterinário Sérgio Benassi empossado como secretário de transportes pelo Jonas e voltou a falar que iria fazer estudos na Emdec para resolver a situação, o veterinário não agradou e saiu, no seu lugar entrou o engenheiro eletricista, Carlos Barreiro, aquele que segundo o prefeito iria dar um perfil mais técnico ao viário campineiro.

    Refiz a pergunta, disse o secretário que haveria implantação do BRT na região e que tudo iria mudar, isso já faz 3 anos de governo Jonas somados aos outros, sei que é muito tempo pra não terem feito nada.

    Por isso acredito que esse BRT é puro factoide como foi o trem bala "fantasma" do Hélio que consumiu muitos litros de café e água gelada...

    Pra finalizar e a rodoviária clandestina nas proximidades da rodoviária antiga??? Todos os secretários responderam que aquilo não era com eles, problema da ANTT...

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