segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Campinas: prefeito fraco, eleição indefinida

Enquanto o clima azeda cada vez mais em Brasília, com um governo sem rumo, estupidamente corrupto e totalmente incompetente, dirigido por uma senhora que ficaria melhor numa clínica psiquiátrica para urgente tratamento das faculdades mentais, cá na terrinha (Campinas, para quem não sabe), o péssimo governo municipal vai tentando maquiar a cidade e enganar os eleitores. O trânsito está cada vez pior; o atendimento à saúde se mede pelos recordes nacionais no número de casos de dengue e pelas longas esperas (às vezes de meses para fazer um exame) nos postos de saúde; a qualquer chuvinha bairros inundam e a enxurrada leva obras que acabaram de ser inauguradas; o transporte público não melhora de jeito nenhum, mas o preço da passagem, que já é um dos maiores do Brasil, sofre reajustes anuais; a empresa que trata e distribui água para a cidade, inunda a mídia de propaganda incentivando o consumo e aumenta o preço do metro cúbico mais de 50% num ano; as emissoras de rádio e tevê e as mídias impressas estão abarrotadas de publicidade da Prefeitura, que, além de ocupar espaços onde provavelmente haveria críticas ao governo, mostra uma Campinas tão  “embelezada” que faria inveja aos cenógrafos da Walt Disney Corporation.

O prefeito Jonas Donizette (PSB) chega ao seu último ano de governo sem ter conseguido ser um líder político e sem transformar a confiança do eleitor em seu nome em realizações dignas para a cidade. Um governo pífio cuja maior obra a “revitalização” da Avenida Francisco Glicério, se deixou um trecho do Centro, de menos de um quilômetro, melhor do que estava, em nada acrescentou à cidade. Vizinhas às obras, as ruas e avenidas continuam com uma fiação escandalosa pendurada nos postes, com lixeiras impedindo a passagem de pedestres ou atrapalhando (ainda mais) o trânsito, com mendigos dormindo ou pedindo esmolas nas calçadas, com camelôs desafiando autoridades, com comércios ilegais de todos os tipos, com “guardadores de carros” burlando a zona azul etc. e tal. O pequeno trecho da Glicério “revitalizado” é apenas um arremedo de oásis em meio a um cenário de horrores.

Já na nossa Câmara de Vereadores, pródiga em fazer a cidade passar vexames nacionais e internacionais (devia haver uma lei para cassar vereadores que propõem projetos ridículos e absurdos), a turma quase toda pensa em continuar com a mamata por mais quatro anos. O “quase” fica por conta da candidatura a prefeito do único vereador que teve a coragem de peitar esse governinho cosmético, Artur Orsi, um tucano de origem, mas que terá de sair do partido para ser candidato a prefeito. No PSDB, o feudo dominado pelo deputado Carlos Sampaio há muito o impede de tentar qualquer voo mais alto. Nem o número de votos conseguidos na última eleição, que o tornou o vereador mais votado da atual legislatura, foi cacife suficiente para sensibilizar o poderoso chefão do PSDB local.

O partido que, depois de Magalhães Teixeira, não conseguiu mais voltar ao poder em Campinas (já lá se vão 20 anos), parece se conformar com seu papel de derrotado para corruptos como Hélio de Oliveira Santos, ou de coadjuvante de políticos inexpressivos como o atual prefeito. Além de impedir a ascensão de novas lideranças, o partido ainda tem de “pagar um mico” ao eleger para a Câmara figuras como Marcos Bernardelli, Gilberto Vermelho ou Jorge da Farmácia.

A disposição de Artur Orsi se candidatar a prefeito de Campinas é a grande novidade da eleição de 2016. Baseado na sua postura oposicionista em todos os últimos governos municipais e numa ficha totalmente limpa, Orsi tem ainda como grande atração de sua candidatura o fato de representar como ninguém o desejo do eleitor de, finalmente, eleger alguém honesto para dirigir a cidade. Se vai conseguir vencer o atual cacique que, usando o poder da caneta já conseguiu formar ampla aliança fisiológica, é difícil de prognosticar, mas que ele representa o novo e o diferente para uma cidade cansada da mesmice improdutiva, não resta dúvida.


O quadro por aqui, como disse o vice-presidente Michel Temer (PMDB) recentemente, “está totalmente indefinido”. Temer deve saber do que fala e deve ter tido acesso a algumas pesquisas que corroboram sua posição. De resto, a cidade chegar ao ano eleitoral sem um grande favorito é sinal de que o atual governo não conseguiu realizar suas promessas de campanha e nem se tornar um político notável. Ou seja, estamos diante de uma administração falha e que pode muito bem ser substituída em 2017. 

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