domingo, 31 de janeiro de 2016

Um covarde tentando me acusar

Recebi um comentário no blog e pelo seu conteúdo pretensamente acusatório e falso, resolvi publicá-lo como um post e, claro, com minha resposta a seguir. Vou publicar como está no original. Sejam gentis e sublevem os erros do valente. Diz o “anônimo”:

Que mal pergunte, o sr não é ou foi integrante da citybanda e também comissionado na sanasa e homem forte no governo Pedro Serafim?
Hoje a city deu um show de bandidagem.
Mijou e cagou no coração da cidade. No paço.
Se o sr é pago pelo vereador avise-o.
Meu - seu - telhado é de vidro.
Assinado
anonimo

“Anônimo”:
Fui fundador da City Banda e diretor por uns dez anos.
Fui nomeado para a Sanasa no governo de Magalhães Teixeira e demitido depois que o sindicato petista exigiu minha saída, já no governo de Chico Amaral. Hoje a Sanasa está cheia de comissionados e o sindicato deve receber seu cala-a-boca mensal para esconder o rabo entre as pernas.

Trabalhei menos de um ano no governo de Pedro Serafim (bem longe de ser homem forte), com salário de pouco mais de 5 mil reais. Fui assessor de imprensa da campanha dele no primeiro turno. Saí no segundo turno porque ele apoiou o PT, o que eu não faria nem morto.

Fui ontem na City Banda, fiquei até quando a banda saiu e não fui com ela pelas ruas do  Cambuí. Quando houve a briga que li hoje na imprensa, eu já estava em casa há muito tempo. E, na reportagem, a própria PM diz que a banda cumpriu os horários e uns marginais é que brigaram. Falar que ela “mijou e cagou” no coração da cidade ou no Paço, além de revelar seu baixo nível, é distorcer os fatos na maior cara de pau. A City tem seu trajeto no Cambuí, não vai para o Centro e não passa em frente ao Paço. Informe-se melhor para não expor sua ignorância. 

Quanto a telhado de vidro, embora eu ache que há aí uma ameaça velada, porém vazia, de sua parte, acho que o meu é sólido.

Fui demitido do Correio depois de 8 anos (sete dos quais fazendo o Xeque Mate e denunciando as mazelas do PT desde antes do mensalão) por não aceitar a corrupção do “doutor” Hélio que me ofereceu o triplo do que eu ganhava “por fora” para eu ser “bonzinho” com ele na coluna. Como não aceitei, exigiu minha demissão, o que o jornal, “comprado” por ele, aceitou. Hoje é o Jonas quem manda no jornal.

Acho o Artur Orsi  melhor alternativa para Campinas e vou apoiá-lo. Nada recebo dele, a não ser a amizade. Não entendi sua frase (“Se o sr é pago pelo vereador, avise-o”) pois se ele me pagasse, não precisaria avisá-lo, certo? Se ele for candidato e me convidar pra trabalhar na campanha, irei com muito prazer e terei um contrato, pois sou jornalista profissional. Se não convidar, continuarei apoiando do mesmo jeito, já que meu apoio não exige contrapartidas.

Como se vê, só há mentiras, ofensas e acusações falsas no seu comentário. Arrisco-me a dizer que você é petista, pois isso é muito parecido com o que eles fazem. Ou é pior: você é pau mandado do Jonas.

Você me ofende e se esconde covardemente no anonimato. Não costumo tornar públicos comentários mentirosos escritos (mal escritos, diga-se) por covardes como você, mas estou abrindo uma exceção para poder escancarar toda sua ignorância e desonestidade.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Repórter cidadão?

As redes sociais estão cheias desses anúncios e eles passam também em horário nobre da TV. O nome dado à peça publicitária é “Repórter Cidadão”, e o filme todo é feito como se a pessoa que o apresenta fosse um repórter, ou seja, um profissional da informação. Ele diz que não é, que foi “repórter-cidadão” por um dia ou algo parecido, mas o formato da peça leva à indução de que tudo que se falou ali é a mais pura verdade, já que qualquer defeito que a imagem possa mostrar, será maquiado para que ele desapareça.

Na Rede Globo, quem trabalha no Departamento de Jornalismo não pode fazer publicidade. A emissora não quer que o telespectador confunda as coisas: jornalismo e uma coisa, anúncio publicitário é outra coisa.

Em Campinas, a peça publicitária do governo de Jonas Donizette (PSB) parece querer mostrar uma Campinas que não existe, por isso apela a um formato que parece jornalístico, mas é, na essência, enganador.
Assisti, agora há pouco, um taxista falando das “maravilhas” do trânsito e das obras realizadas. A maioria não passa de obrigação do governo para ordenar o trânsito. Congestionamentos – que acontecem diariamente em inúmeros pontos da cidade – foram totalmente ignorados na “reportagem” e o taxista parece extremamente feliz ao mostrar uma cidade tão limpa quanto o Brasil dos comerciais do PT.

Av. Francisco Glicério buracos na calçada logo após a inauguração
As duas maiores obras mostradas – a da marginal do Piçarrão e a da Avenida Francisco Glicério – estão recebendo várias críticas. Na avenida, a principal do Centro, “revitalizou-se” um trecho de menos de um quilômetro. E há a promessa de iniciar outro trecho em breve. O piso das calçadas, que na propaganda aparece liso e uniforme, é coalhado de tampas de caixas de inspeção. Em dez metros contei sete delas, das mais variadas concessionárias que usam redes de fios de metal e de fibra ótica em seus serviços. E assim é por toda a extensão. As sarjetas, com pouco tempo de uso, já apresentam várias falhas, com as extremidades se esfarelando, quando não quebram ao contato com um pneu ou uma calota. O asfalto já cedeu em alguns locais.

A avenida em si, que teve diminuída uma faixa de rolamento, agora é complicada para o tráfego, no trecho “revitalizado” quase o dia todo. De bom mesmo, só o desaparecimento do horrível emaranhado de fios nos postes. Mas os fios que foram enterrados não representam nem 1% das teias que se ligam nos postes. O Centro inteiro (e muitos bairros também) continua povoado de postes e fios, muitos fios, numa formidável e horrível confusão visual.

Marginal do Piçarrão: a chuva levou o asfalto 3 dias após a inauguração
Já o trecho da marginal do Piçarrão, a propaganda esconde que três dias depois de inaugurado, ele foi levado pelas águas da chuva e teve de ser refeito. Um enorme erro de engenharia, ou seja lá do que for, fez com que as águas não escoassem como deviam e, além de levar o asfalto novo, invadiram as casas, o que não ocorria antes.

Esse é só um exemplo da propaganda enganosa travestida de “reportagem” que o governo de Jonas Donizette está fazendo em toda mídia eletrônica. E em horário nobre, o que deve estar custando uma fortuna aos cofres públicos.

Há muitas outras peças publicitárias iguais. Uma rápida pesquisa nas redes sociais e descobri que já produziram peças do tal “repórter cidadão” sobre a Ceasa, o Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), sobre a coleta mecanizada, sobre a Guarda Municipal e a segurança (o índice de homicídios em Campinas é maior que o do Estado de São Paulo e a peça chama “Campinas Bem Segura”), sobre creches (o déficit ainda de vagas é enorme e cresceu no segundo semestre do ano passado) e muitas outras talvez estejam sendo pensadas e realizadas. Afinal, dinheiro para a propaganda nunca faltou no atual governo de Campinas.

E 2016 é ano eleitoral. Receio que a propaganda travestida de reportagem do governo municipal deve aumentar muito mais. E nós continuaremos pagando. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

É só factoide

Durante o lamentável governo de Hélio de Oliveira (PDT) em Campinas não foram poucas as vezes em que o marketing da Prefeitura caprichou na apresentação de futuras obras que iriam modificar para melhor a cidade. A restauração do Centro, a construção de um grande teatro, parques municipais, novo desenho de Viracopos, reformulação viária de grandes regiões, transporte público elétrico (VLT), abertura de avenidas para desafogar o trânsito etc. e tal.

Eram todos factoides, ou seja, anúncios para aparecer na imprensa com grande destaque e depois esquecidos, porque não havia a menor vontade política e também faltavam recursos públicos (às vezes até havia recursos, mas o governo tinha outras “prioridades”, prioridades essas que ajudaram a o prefeito a ser cassado e a quadrilha toda ser descoberta).

Agora, no governo de Jonas Donizette (PSB) a coisa parece se repetir. Não bastasse esse governinho ter adotado a mesma tática de maquiar a cidade e fazer dessa “cosmetologia” uma forma de governo, o anúncio de factoides, tal qual o prefeito cassado, faz parte também do modo de governo do alcaide.

O Correio Popular estampa hoje em manchete que Campinas terá, em dez anos, 11 novos corredores de ônibus e outros meios de transportes. O projeto está sendo elaborado e vai ser apresentado à Câmara ainda neste ano.

Como se sabe, desde o fim do governo do “doutor” Hélio, a Prefeitura está tentando implantar um tal de BRT (Bus Rapid Transit) que ligaria, por vias exclusivas, a região do Campo Grande ao centro. Hélio anunciou, Pedro Serafim tentou viabilizar e Jonas refez tudo. Até os ônibus que seriam usados nos corredores foram comprados pelas empresas privadas e hoje circulam por aí em ruas e avenidas não propícias a esse tipo de veículo. Só faltou o dinheiro que viria do governo federal, coisa de quase R$ 400 milhões. Sem a verba federal, o projeto está parado, pois a Prefeitura não tem condição de arcar com os custos.

Ora, se não há dinheiro para fazer um corredor que se arrasta há quase 5 anos, como pode a Prefeitura anunciar 11 corredores para os próximos dez anos? Se não fez um em cinco anos, vai fazer 11 em dez anos?

E ainda vem com essa balela de que os veículos de transportes podem ser desse tipo ou daquele outro, como se tudo fosse conseguido num passe de mágica. Será que a trágica experiência com o VLT não diz nada a esse governo? Será que o governo não entende que um bom serviço de ônibus que fizesse jus ao elevado preço cobrado, já seria um grande negócio para a população?

Como se não bastasse a demagogia explícita ao anunciar factoides, o governo do Jonas está prometendo, tal qual o prefeito paulistano, encher a cidade de ciclovias. Como é moda em algumas cidades do primeiro mundo, os copiadores de ideias alheias se arvoram em querer fazer o mesmo por aqui.

Uma ou outra ciclovia com fins recreativos e de exercícios físicos, vá lá. Mas anunciar quase 200 quilômetros de ciclovias, numa cidade que está longe de ser plana, é querer brincar com a inteligência alheia. E, pior, é que essas ciclovias, em sua grande maioria, vão ocupar faixas de ruas e avenidas, diminuindo o espaço para o fluxo dos veículos motorizados.

Como o trânsito de Campinas – por falta de obras viárias – já congestiona fora do horário de pico em muitos locais da cidade, com ciclovias diminuindo o espaço, em breve teremos um cenário parecido com o do caótico trânsito de São Paulo.

Enquanto os factoides são anunciados, a saúde continua demorando muito a atender a população, o centro da cidade – fora aquele trecho enfeitado da Glicério – está um caos, o transporte coletivo é caríssimo e ineficiente, qualquer chuvinha destrói ruas e avenidas e alaga regiões inteiras, a buraqueira das ruas só aumenta com as chuvas e a falta de manutenção, praças e jardins parecem abandonadas etc. etc.

Esse é o governinho que vai tentar se reeleger em outubro. Espero que os eleitores campineiros não persistam no erro que cometeram em 2012.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Troféu Aedes Aegypti para o prefeito de Campinas


O Correio Popular de hoje anuncia que o dinheiro do governo federal para ajudar a Prefeitura de Campinas a combater o mosquito Aedes aegypti não virá mais. Aliás, o dinheiro para fazer os corredores do BRT também não virá, pelo menos neste ano, deixando o governinho do Jonas Donizette (PSB) só com a maquiagem que ele fez na Avenida Francisco Glicério para mostrar como “grande obra” do seu governo. Mas isso será assunto de outro post.

O assunto hoje é o calote da Dilma no Jonas, calote esse mais do previsto, já que o governo federal tem está gastando muito mais do que recebe há mais de dois anos e um dia a conta da farra com o dinheiro público e da enganação com as pedaladas fiscais ia chegar. Chegou.

Mas o problema poderia não ser tão grave quanto parece, a ponto de merecer a principal manchete do Correio de hoje. Acontece que, lendo a reportagem, descobrimos que o governo federal enviou para a Prefeitura de Campinas, em 2014, exatamente R$ 8,5 milhões, divididos entre R$ 1 milhão para combate específico do mosquito e o restante para a Vigilância Sanitária (Visa). Depois, em 2015, a Prefeitura recebeu menos: R$ 6,4 milhões para a Visa. O calote do R$ 1 milhão já ocorrera ano passado.

Ora, para se combater um mosquito que causou uma epidemia de dengue em 2014 e em 2015, batendo todos os recordes da doença em Campinas (foram mais de 60 mil casos), não se pode contar com uma merreca dessas em termos de verbas. Claro que a Vigilância Sanitária local deve ter mais alguma dotação própria, mas se a Prefeitura está fazendo esse escarcéu por causa dessa mixaria, não deve ter muito mais que isso para enfrentar o terrível mosquito, que também anda transmitindo outras duas doenças, a infecção pelo zika vírus e a febre chicungunya.

E eu digo que é merreca porque a Prefeitura de Campinas tem muito mais dinheiro que isso, embora não use para fins que talvez ela considere corriqueiros como esse de combater epidemias de dengue. Só para a publicidade foram reservados, na Secretaria de Comunicação, R$ 20 milhões. Além disso, as empresas municipais como Sanasa, Emdec, Ceasa e outras também têm verbas próprias para alardear as obrigações que cumprem, quando cumprem. Há casos de placas de publicidade de obras que não existem.Na Rádio Municipal Educativa, o próprio prefeito entre em quase todo intervalo anunciando um programa semanal chapa branca. 

Dizem por aí que a quantia aplicada em anúncios em jornais, rádios, TVs, internet e outras mídias chegou aos R$ 50 milhões em 2015. E deve ter chegado mesmo e não deve ter diminuído neste ano quando haverá eleições: não há veículo de comunicação da cidade que não ostente anúncios do governo municipal. Até esses canais fechados dentro de elevadores, supermercados e padarias têm anúncios constantes da Prefeitura. Tudo para promover nada mais que obrigações de um governo.

Assim, a cidade que, em 2014 e 2015 viu os números de casos de dengue se multiplicarem e baterem recordes consecutivos, corre o risco de, agora, em 2016, ver o quadro piorar muito mais e não só com a dengue. As outras duas doenças, uma delas relacionada com casos de microcefalia que já ululam por aqui, transmitidas pelo mesmo mosquito, podem galgar números olímpicos na cidade também.

O governo de Jonas Donizette, notável por maquiar a cidade com obras que podem ser levadas pela primeira chuva mais forte, talvez entre para a história como o recordista mundial dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito. Se houvesse um Troféu Aedes Aegypti não haveria concorrente tão capacitado a recebê-lo. 

sábado, 23 de janeiro de 2016

Lamentável

A Folha de S. Paulo parece meio perdida mesmo. A manchete deste sábado da edição impressa é um primor de ato falho, ou, pior, de ignorância mesmo. Está lá no alto da primeira página: “Dilma critica delações sem prova da Lava Jato”.  

A frase, se tivesse sido dita por Dilma, mereceria, no máximo, citação no pé da matéria, porque seria mais uma frase sem nexo com a realidade. O jornal ao registrá-la, poderia avisar o leitor que delação sem prova não existe. O delator conta o caso e o MP e a Polícia Federal têm de provar o que ele disse, caso contrário não entra no processo e o delator pode se dar mal.

E o jornal parece que se arrependeu mesmo da manchete ou alguém deve ter avisado do absurdo. Na edição Online ela não está mais registrada. Tiraram a chamada da entrevista de Dilma da primeira página e só colocaram na editoria de Política (Poder) com o seguinte título: “Lava Jato possui 'pontos fora da curva', mas é necessária, diz Dilma”, o que é completamente diferente da manchete anterior.

E na entrevista Dilma realmente não diz textualmente que há “delações sem prova”. Ela  reclama de interrogatórios baseados no “diz que diz”, demonstrando, mais uma vez, sua ignorância no processo. Talvez ela tenha sido orientada a criticar a Lava Jato, o que é muito difícil, tanto que mais de cem advogados – muitos deles defensores dos acusados nas operações – publicaram um documento criticando a Lava Jato e o máximo que conseguiram foi cair no ridículo, pois ficou cabalmente demonstrado que as investigações não só estão seguindo a lei como suas ações têm sido aprovadas nas instâncias superiores ao do juiz Sérgio Moro.

E ainda mais: talvez percebendo que só atacar o juiz e a operação não seria suficiente – o ataque é eloquente nas palavras, mas fraco em conteúdo – atacaram também a imprensa, como e ela tivesse que esconder as informações que recebe. O documento pareceu mais um ato de desespero dos defensores dos réus, desespero esse proveniente do fato de que eles, com todo o poder que obtiveram em suas carreiras, estão enfrentando, pela primeira vez, um juiz que segue rigorosamente a lei e não se intimida diante de poderosos.

Voltando à entrevista de Dilma à Folha, o jornal registra sua fala assim: “Segundo a presidente, que conversou com a Folha em seu gabinete do Palácio do Planalto, é "impossível" alguém ser questionado [durante os interrogatórios] com base no "diz que me diz".

"Isso que não dá certo. Isso é o mínimo que a gente espera, que quando falarem uma coisa que forem perguntar para uma pessoa, que provem. Porque depois não é verdade e está lascado, né?".

A declaração é uma crítica indireta à forma como alguns depoimentos vêm sendo usados na operação por meio da delação premiada.”

Como se vê, Dilma parece também meio perdida no que diz. Durante os interrogatórios, o MP e o juiz têm de perguntar para o interrogado tudo que eles sabem com base em outros fatos e em outros interrogatórios. Cabe ao interrogado dizer “sim” ou “não” às perguntas. Como pode ser “impossível” alguém ser questionado com base no diz que me diz? A presidente, mais uma vez, disse um desses absurdos comparáveis ao ensacamento do vento.

Talvez seus assessores mais próximos, os que conversam com ela antes de uma entrevista, tenham percebido – e talvez ela também – que não há o que fazer a não ser municiar a militância com um discurso mentiroso para ser replicado na imprensa “amiga” e nos blogueiros sujos, aqueles que recebem recursos do governo para babar diante de Lula. 

Quem sabe a mentira repetida milhões de vezes se transforme em pressão ao que conduzem a Lava Jato, o que, espero que jamais aconteça. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Prédios do Minha Casa Minha Vida em Campinas estão podres

Entregues com toda pompa em 2012, os conjuntos habitacionais do Minha Casa Minha Vida,  Jardim Bassoli e Residencial Sirius, na região do Campo Grande em Campinas (SP), são hoje um pesadelo para os moradores de baixa renda que adquiriram os apartamentos. Eles foram construídos pela Odebrecht.

Os problemas relacionados à construção já vinham se avolumando, mas, na quarta-feira passada (dia 20) o salão de festas de um dos blocos simplesmente veio abaixo. Por sorte o fato aconteceu à noite de um dia da semana, quando o salão estava vazio. Ali, durante o dia, por exemplo, funciona, ou melhor, funcionava, o Projeto Gente Nova, que cuida de crianças enquanto seus pais estão trabalhando. Imaginem a tragédia se o acidente ocorresse mais cedo. 

E o caso foi simples, denotando péssima engenharia: uma das paredes desabou e o teto veio abaixo. Engenheiros que verificaram os destroços constataram que não havia fundação ou ferragens para sustentar o prédio. Coisa de assassinos mesmo que receberam dinheiro do governo para a obra. E, claro, o governo não autorizou uma obra de engenharia sem fundação ou ferragens que a sustentem. Ou autorizou? Afinal, é a Odebrecht, né?

Mas o absurdo não para aí. Um laudo assinado por três engenheiros da Prefeitura, em agosto do ano passado, afirmava que no Bloco E, onde vivem 160 famílias, “há sinais evidentes de insalubridade, como bolor em paredes, tetos, pisos cerâmicos soltos, sistema de combate a incêndio com peças faltando, erosões nos pisos, ausência de grelhas metálicas sobre as caixas pluviais, riscos de quedas entre outras”.

O engenheiro e arquiteto Eduardo Amorim, que andou vistoriando os prédios, afirmou que os problemas são generalizados: “Não tem projeto de drenagem, então todas as fundações correm o risco de sofrer recalque diferencial (balanceamento da estrutura), não tem drenagem no telhado, falta calha, rufo, toda a proteção do telhado que deveria ter não tem. Então a água desce pelos apartamentos, pela escadaria. Os apartamentos nos primeiros andares estão com umidade ascendente. São coisas básicas que não foram feitas. Pedimos os projetos que foram aprovados na Caixa para ver se houve erro de projeto ou de execução”, salientou.

Segundo reportagem do Correio Popular, no apartamento da auxiliar de limpeza Sônia Aparecida da Silva, de 49 anos, as paredes dos quartos e da cozinha estão tomadas pelo bolor: “Tive que levar minha filha para morar em outro local, pois ela tem problema de respiração e o cheiro estava fazendo muito mal. Além das paredes a água invade todo o apartamento quando chove. Não tem estrutura de calha, um absurdo”, criticou Sônia.

O absurdo chega a tanto que uma moradora, Sônia Aparecida Mariano, síndica do Bloco E, disse: “Antes eu conversava com a minha vizinha no quarto andar, hoje vejo o apartamento do terceiro da minha janela. Estamos afundando”. E acrescenta: “Hoje foi um salão, mas e amanhã? Estamos deitados à noite para dormir e escutamos as paredes rangerem. Na sala, de repente o tapete levanta porque o piso se solta. Nós pagamos e não recebemos nenhuma assistência. A Defesa Civil esteve aqui e pediu para sair do apartamento por que ele tem problemas graves de estrutura. Mas se eu sair ele é invadido. Como eu fico nessa, então?” No Bassoli vivem aproximadamente 8 mil moradores, 300% a mais do que o previsto, segundo a associação de moradores.

Os problemas do Bassoli se estendem também ao Residencial Sirius. Dentro dele, as torres do Campo das Tulipas, com chuvas mais constantes dos últimos meses, mostram que algo muito grave ocorreu durante a construção. Os apartamentos do quarto andar são os que mais apresentam problemas. O síndico Antenor Vicente Ramos mostrou como exemplo o apartamento da dona de casa Raquel de Cássia, de 35 anos. “Tem um vazamento na laje e afundou o teto do meu banheiro, que veio abaixo. Já acionamos a construtora, mas eles verificam a laje e sempre dizem que não tem nada”, reclama.

Na torre 1, uma trinca na parede vai do térreo ao quarto andar. “Estamos fazendo um laudo junto à administradora do condomínio para apresentar imediatamente à Caixa Econômica e à construtora PDG para providências imediatas”, disse Ramos. O empreendimento é destinado a famílias com renda de até R$ 1,6 mil.

Podem ter sido erros de projeto, uso de material inadequado ou de péssima qualidade ou mesmo ausência de etapas previstas em projetos. Isso porque os prédios deveriam ser resistentes à intempéries e não são.

Isso tudo demonstra que há algo de podre nessa história. Afinal, as construtoras receberam financiamentos de centenas de milhões de reais para fazer as obras. Os projetos tiveram que passar por inspeção da Caixa Econômica Federal e as obras devem ter sido acompanhadas por comitês ou comissões compostas para tal fim pelo governo federal, através do Minha Casa Minha Vida. 

Ou nada disso foi feito ou todo mundo fez vista grossa aos absurdos que estavam sendo cometidos. Como o histórico de corrupção e de propinas no governo petista se alastrou por todos os setores da administração, fica no ar uma enorme dúvida sobre a idoneidade dos responsáveis – tanto das construtoras quanto por parte do governo – por essas obras.

Espera-se, claro que as empreiteiras sejam obrigadas a consertar tudo e deixar os prédios em condição de habitação o mais rápido possível. Ou que paguem pesadíssimas multas pelo serviço de porco realizado para que haja recursos para consertar o estrago.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Transporte elétrico em Campinas: mais um factoide?

Quando o governador Orestes Quércia quis enfiar o VLT goela abaixo de Campinas, o então prefeito Jacó Bittar (acho que já tinha saído do PT e estava sem partido), foi contra, mas diante da insistência do governador, o prefeito nada pôde fazer: “o trenzinho do Quércia” (como Bittar o chamava) foi implantado sobre os velhos (e bota velhos nisso) trilhos da Sorocabana, que davam enormes voltas pelas campinas dessa terra, alcançando antigas fazendas, entrepostos de mercadorias, talvez até de escravos, com seus trens de madeira puxados pela Maria Fumaça, a uma velocidade que jamais ultrapassava, pelo menos nos trechos urbanos, 40 km por hora, se tanto.

A Sorocabana acabou e seus trilhos com aquele traçado serpenteante foram ficando por aí, até que surgiu a ideia de utilizá-los para o tal de Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT. Claro que, à época, houve vozes que se levantaram contra o absurdo. Um trem urbano, cuja principal finalidade era transportar gente de um bairro ao outro ou de bairros ao centro da cidade, concorrendo com o péssimo serviço de ônibus, não poderia dar tantas voltas, pois seria muito mais lento que os ônibus e acabaria virando um trenzinho turístico, usado para apreciar a paisagem. E, infelizmente, nem paisagem apreciável existia.

Outro problema: as longas curvas impediriam também que o trem alcançasse uma velocidade que sequer se aproximasse da velocidade de um metrô. Ele teria que viajar como os velhos trens de madeira da Sorocabana a, no máximo, 40 km por hora.

Mas, a custo de uns 250 milhões de dólares (foi o que se noticiou na ocasião), Campinas inaugurou solenemente o VLT que durou um ano ou dois e acabou por absoluta falta de passageiros. Sem dinheiro para novas linhas e sem arrecadação suficiente nas passagens, ele só deu prejuízo.
Mas, não sei por que, o assunto VLT aparece constantemente no noticiário de Campinas. Todo prefeito depois de Bittar (com exceção de Magalhães Teixeira), fala em ressuscitá-lo. Izalene Tiene (PT) andou conjecturando (ou andaram conjecturando por ela, que jamais mandou em alguma coisa na Prefeitura), Hélio de Oliveira (PDT) toda vez que ficava sem assunto para aparecer no jornal falava em VLT. E, agora, Jonas Donizette (PSB), cujo governo tem sido uma grande decepção, volta ao assunto e não pela primeira vez.

E é curioso Jonas falar que Campinas poderá ter um transporte elétrico. Isso porque, como se sabe, há um projeto de um tal de BRT (Bus Rapid Transit) que já foi implantado em algumas cidades e deu certo, cujos recursos ainda estão pendentes no governo federal. Pois se nem esse projeto – que já existe há mais de quatro anos – o governinho do Jonas conseguiu viabilizar até agora, como ele acha que vai conseguir recursos, numa época de enorme crise como a atual, para um projeto de transporte elétrico para Campinas?

Ou seja: está parecendo que o prefeito está lançando pela páginas do Correio Popular, mais um factoide, como aqueles que já vimos anteriormente nesse mesmo governo e cansamos de presenciar durante o governo de Hélio de Oliveira Santos.

O desassoreamento da Lagoa do Taquaral, a construção de um teatro de ópera, o fim da crise na saúde, o fim dos congestionamentos, a melhoria no transporte coletivo atual foram algumas das promessas desse governo até hoje não cumpridas. Talvez ele tenha deixado tudo isso para um segundo mandato, certo de que será reeleito. Se eu fosse ele, não estaria tão certo assim. Já há pesquisas por aí, dizem, que o colocam em situação difícil perante a maior parte do eleitorado campineiro. E não é pra menos: seu governo parece copiar o anterior (do Hélio) no quesito “maquiagem da cidade”. 

E, lamentavelmente, nem nisso tem sido competente: as calçadas de Campinas estão um horror e as ruas e avenidas – sem uma operação permanente de manutenção – pioraram muito com as chuvas. A maquiagem está sendo levada pelas águas e parece que não há nada mais a mostrar a não ser criar mais um factoide. 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Constituição rasgada

Com a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, de suspender os efeitos da reintegração de posse conseguida na Justiça, os invasores da área de Sumaré ganharam tempo para melhor se organizarem e talvez fincarem de vez suas raízes por lá. Será outro Oziel e outro Monte Cristo plantado no meio da Região Metropolitana de Campinas, exigindo maiores serviços públicos, como atendimento médico, escolar, de transportes, pavimentação, energia elétrica, água e esgoto. Serviços pelos quais pagarão preços especiais (ou nem pagarão), subsidiados por uma porção de leis demagógicas que fazem os orçamentos públicos arcarem com o que não podem por absoluta falta de verbas.

A decisão foi comemorada por líderes que acham que o Estado deve ser responsável por tudo – uma prática que não deu certo em lugar nenhum do mundo. Alguns vieram de São Paulo para aproveitar a publicidade toda que a decisão do STF deu à “causa” e estreitar laços que podem ser úteis nas próximas eleições.

Assim, a RMC vai se tornando o ninho preferido daqueles que vivem da exploração do patrimônio alheio, patrimônio esse que, apesar de ser garantido pela Constituição, não encontra defesa nem num juiz do maior tribunal do país, criado justamente para ser o guardião da Constituição.

Esse é o Brasil que, depois de mais de 12 anos de desgoverno petista, caminha para ser o país onde as leis não importam e sim a força de quem quer descumpri-las. Pobre Brasil.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Mais uma tragédia anunciada

A invasão de Campinas por hordas de sem-teto, incentivada principalmente durante o segundo governo de Chico Amaral (1997-2000), parece chegar ao seu auge por esses dias.

A invasão das regiões do Oziel e Monte Cristo, que teve até ônibus fretado para trazer famílias do ABC paulista para cá, foi o prenúncio de que Campinas tinha “espaço” e governantes frouxos o suficientes para que os movimentos que sustentam esses grupos por aqui aportassem e, sem resistência, conseguissem se firmar em terras que não lhes pertenciam.

Invasão, pura e simples, como tem acontecido por várias regiões do Brasil, principalmente as que são governadas por políticos que fazem oposição ao PT, pois, como se sabe, os movimentos que reivindicam habitação e terra são aliados do partido que há 13 anos está no poder. A aliança é tão descarada que, depois de 13 anos, os movimentos continuam lutando por moradia e terra, mas não culpam o PT pelo não atendimento às suas reivindicações.

Claro que, por trás do povo que luta por uma casa ou por uma terra, estão partidos de esquerda que os enganam, fazem dele massa de manobra e sonham com uma ditadura comunista onde, por milagres, todos esses problemas acabarão. Sabemos que não será por milagre e sim pela repressão: ditaduras – principalmente de esquerda, como nos mostra a história – não permitem reivindicações e prendem, torturam e matam quem discordar. Então os problemas “acabam”.

Mas voltemos a Campinas. Hoje Oziel e Monte Cristo são bairros devidamente legalizados, já que os proprietários das terras não tiveram outra saída a não ser vender o que havia sido invadido. Não sei de preços, espero que tenham sido justos.

Oziel e Monte Cristo, além de históricos – chegaram a ser uma das maiores invasões em área urbana que o mundo já viu – têm outro recorde a mostrar: assim que se instalou e percebeu que ali ia ficar, a criminalidade em Campinas, que já era preocupante, aumentou em cerca de 30%. A cidade teve de aumentar o policiamento, aumentar a vigilância particular e aumentar o medo que já sentia ao andar pelas ruas, a pé ou de carro.

No governo de Fernando Henrique Cardoso, um decreto que impedia que terras invadidas entrassem, pelos dois anos seguintes, em qualquer cota da reforma agrária, brecou bastante os movimentos. Claro que a negativa em repassar recursos a entidades que apoiavam os invasores também contribuiu bastante para o arrefecimento da situação. Com Lula tudo mudou: o decreto foi revogado e as entidades que repassavam ilegalmente verbas aos movimentos passaram a receber muito dinheiro.

Assim, a partir de 2003 (ano do descobrimento do Brasil, segundo Lula), proprietários de terras nos campos e nas cidades passaram a ser vítimas cada vez maior de um movimento que quer, nos seus devaneios socialistas, entre outras coisas, acabar com o agronegócio, responsável por cerca de 30% das nossas exportações.

Os governos de Campinas depois do Oziel e Monte Cristo passaram a olhar aquele favelão de alvenaria como um bom reduto de votos. Por ali se elegeu pelo menos um vereador e, dizem, os traficantes ali estabelecidos são dos mais poderosos na região.

Com a mamata estabelecida, era de se esperar que a região de Campinas fosse visada pelos grupos que comandam esses movimentos. A bola da vez é uma tal de Vila Soma, em Sumaré, cidade praticamente conurbada a Campinas. Ali, a invasão já dura três anos e só agora se expediu mandato de reintegração de posse. Houve tempo suficiente para que os invasores se organizassem melhor e se fortalecessem. E, claro, ganhassem o apoio de boa parte da imprensa, afinal o governo paulista e de Sumaré são do PSDB (a repressão é da Polícia Militar, estadual e um grupo acampou em frente à Prefeitura e diz que só sai de lá se a ordem judicial for revertida, como se a Prefeitura tivesse algo a ver com isso) e eles – governos - ficarão com o saldo negativo caso a retirada dos moradores acabe em violência.

E é isso mesmo que os invasores querem. Apesar a ordem judicial e das tentativas de acordo, , a horda se preparou para a guerra. A foto estampada hoje na primeira página do Correio Popular mostra bem a que ponto chegamos. Há um “exército” armado de paus, ferros, foices, machados, escudos e sabe-se lá o que mais, preparado para enfrentar a polícia caso ela tente fazer valer a ordem judicial de reintegração da posse da terra aos seus legítimos donos.

Sim, há famílias com crianças por lá e caso a coisa degringole, a possibilidade de uma tragédia acontecer é grande.

Um dos coordenadores da ocupação é um professor – Ricardo Mendes Tomaz – que mora na ocupação há três anos. À reportagem do Correio Popular ele disse que “não descarta a possibilidade de mulheres e crianças na resistência armada”. E acrescentou essa pérola: “Vivemos uma democracia e não posso responder por nenhuma família. Se vai ter mulher e criança é a família que vai decidir”.

Pois parece que, além de expor mulheres e crianças a um risco iminente, o que denota enorme irresponsabilidade, Tomaz não sabe o que é uma democracia. Como coordenador, ele deveria tentar proteger mulheres e crianças de alguma violência que possa ocorrer. E deveria também, saber que, numa democracia, invasões de propriedades particulares não são permitidas pela Constituição.
Devia saber que a democracia implica no respeito à ordem e às leis e que a polícia representa o braço armado dessa democracia que só pode ser chamado a intervir quando a lei é desrespeitada. Não há casas para todo mundo? O governo federal é o maior culpado, mas parece que eles não querem culpar um aliado político. Ou, pior, querem acusar de violento um governo adversário do PT.

Daí o confronto ser mais importante para a organização do movimento. Torçamos para um acordo, caso contrário, a tragédia é praticamente inevitável. E, como tem acontecido amiúde nesse Brasil dominado por um governo sem rumo, os responsáveis maiores pela tragédia serão transformados em vítimas e ganharão enorme espaço na aparelhada imprensa brasileira.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Campinas: prefeito fraco, eleição indefinida

Enquanto o clima azeda cada vez mais em Brasília, com um governo sem rumo, estupidamente corrupto e totalmente incompetente, dirigido por uma senhora que ficaria melhor numa clínica psiquiátrica para urgente tratamento das faculdades mentais, cá na terrinha (Campinas, para quem não sabe), o péssimo governo municipal vai tentando maquiar a cidade e enganar os eleitores. O trânsito está cada vez pior; o atendimento à saúde se mede pelos recordes nacionais no número de casos de dengue e pelas longas esperas (às vezes de meses para fazer um exame) nos postos de saúde; a qualquer chuvinha bairros inundam e a enxurrada leva obras que acabaram de ser inauguradas; o transporte público não melhora de jeito nenhum, mas o preço da passagem, que já é um dos maiores do Brasil, sofre reajustes anuais; a empresa que trata e distribui água para a cidade, inunda a mídia de propaganda incentivando o consumo e aumenta o preço do metro cúbico mais de 50% num ano; as emissoras de rádio e tevê e as mídias impressas estão abarrotadas de publicidade da Prefeitura, que, além de ocupar espaços onde provavelmente haveria críticas ao governo, mostra uma Campinas tão  “embelezada” que faria inveja aos cenógrafos da Walt Disney Corporation.

O prefeito Jonas Donizette (PSB) chega ao seu último ano de governo sem ter conseguido ser um líder político e sem transformar a confiança do eleitor em seu nome em realizações dignas para a cidade. Um governo pífio cuja maior obra a “revitalização” da Avenida Francisco Glicério, se deixou um trecho do Centro, de menos de um quilômetro, melhor do que estava, em nada acrescentou à cidade. Vizinhas às obras, as ruas e avenidas continuam com uma fiação escandalosa pendurada nos postes, com lixeiras impedindo a passagem de pedestres ou atrapalhando (ainda mais) o trânsito, com mendigos dormindo ou pedindo esmolas nas calçadas, com camelôs desafiando autoridades, com comércios ilegais de todos os tipos, com “guardadores de carros” burlando a zona azul etc. e tal. O pequeno trecho da Glicério “revitalizado” é apenas um arremedo de oásis em meio a um cenário de horrores.

Já na nossa Câmara de Vereadores, pródiga em fazer a cidade passar vexames nacionais e internacionais (devia haver uma lei para cassar vereadores que propõem projetos ridículos e absurdos), a turma quase toda pensa em continuar com a mamata por mais quatro anos. O “quase” fica por conta da candidatura a prefeito do único vereador que teve a coragem de peitar esse governinho cosmético, Artur Orsi, um tucano de origem, mas que terá de sair do partido para ser candidato a prefeito. No PSDB, o feudo dominado pelo deputado Carlos Sampaio há muito o impede de tentar qualquer voo mais alto. Nem o número de votos conseguidos na última eleição, que o tornou o vereador mais votado da atual legislatura, foi cacife suficiente para sensibilizar o poderoso chefão do PSDB local.

O partido que, depois de Magalhães Teixeira, não conseguiu mais voltar ao poder em Campinas (já lá se vão 20 anos), parece se conformar com seu papel de derrotado para corruptos como Hélio de Oliveira Santos, ou de coadjuvante de políticos inexpressivos como o atual prefeito. Além de impedir a ascensão de novas lideranças, o partido ainda tem de “pagar um mico” ao eleger para a Câmara figuras como Marcos Bernardelli, Gilberto Vermelho ou Jorge da Farmácia.

A disposição de Artur Orsi se candidatar a prefeito de Campinas é a grande novidade da eleição de 2016. Baseado na sua postura oposicionista em todos os últimos governos municipais e numa ficha totalmente limpa, Orsi tem ainda como grande atração de sua candidatura o fato de representar como ninguém o desejo do eleitor de, finalmente, eleger alguém honesto para dirigir a cidade. Se vai conseguir vencer o atual cacique que, usando o poder da caneta já conseguiu formar ampla aliança fisiológica, é difícil de prognosticar, mas que ele representa o novo e o diferente para uma cidade cansada da mesmice improdutiva, não resta dúvida.


O quadro por aqui, como disse o vice-presidente Michel Temer (PMDB) recentemente, “está totalmente indefinido”. Temer deve saber do que fala e deve ter tido acesso a algumas pesquisas que corroboram sua posição. De resto, a cidade chegar ao ano eleitoral sem um grande favorito é sinal de que o atual governo não conseguiu realizar suas promessas de campanha e nem se tornar um político notável. Ou seja, estamos diante de uma administração falha e que pode muito bem ser substituída em 2017. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Vamo que vamo!

2016
2016 começa com um feriadão, emendando sexta, sábado e domingo, repetindo o que ocorrera na semana anterior, nas festas do Natal. No país dos feriados, nada melhor do que o exemplo ser dado logo de cara. Não sei quantos feriados simples e prolongados teremos neste ano, mas as previsões indicam que todos vão trabalhar bem menos e muitos nem vão trabalhar. A primeira manchete do ano da Folha de São Paulo foge do habitual otimismo que se aplica nessas datas e é daquelas que ninguém gostaria de ler: “Brasil pode perder até 2,2 milhões de vagas formais neste ano”.

É um número alarmante, pois a ele será somado o público que está tentando entrar no mercado de trabalho, que ultrapassa fácil o milhão e meio por ano e o quase milhão de vagas fechadas em 2015. Assim, a massa de desempregados que em 2016 se somará à atual será de mais de 3,7 milhões de pessoas, batendo nos 4,7 milhões de desempregados no fim do ano.

E pra mostrar que o ano é novo, mas o governo é o mesmo incompetente e mentiroso de sempre, a presidente da República, Dilma Rousseff, comete na mesma Folha, um artigo onde diz ter certeza de que 2016 será melhor que 2015. Apesar de admitir que cometeu alguns erros, Dilma bota a culpa principalmente no cenário internacional para justificar a crise no Brasil. Mentira: todos os países desenvolvidos estão crescendo e entre os remendados, como o Brasil, somos um dos poucos a mostrar PIB negativo. Ou seja: a crise foi criada aqui mesmo por conta de uma política econômica destrambelhada, por conta da monumental corrupção e por conta das escolhas totalmente erradas que o governo petista vem fazendo desde os tempos de Lula.

Um exemplo atual: a totalmente desnecessária encrenca com o novo embaixador de Israel. Querer mostrar as garras para Israel só agrada a paisecos que querem acabar com os judeus. Como os judeus tem poderes que ultrapassam em muito o território encravado no Oriente Médio, as consequência dessa bobagem ideológica (ideia, dizem, do nefasto Marco Aurélio Garcia) podem refletir também na economia de modo negativo.

Mas vamos em frente que 2016 já começou e os ecos dos desejos de “feliz ano novo” já se perdem por aí e o ano escancara suas mazelas sobre nós.

Em seu artigo, no meio de números inflados pelas mentiras de sempre, uma verdade: Dilma diz, acho que com orgulho, que “quase 14 milhões de famílias receberam o Bolsa Família”. O Brasil deve ser o único país do mundo que um programa social que deveria ajudar as pessoas a saírem da pobreza, vem aumentando a cada ano. Se considerarmos que em cada família dessas há dois adultos, só aí teremos quase 28 milhões de desempregados, já que empregados formalmente não podem receber o benefício. Mas, claro, os desempregados que recebem essa esmola não entram nas estatísticas de desemprego, em mais uma formidável maquiagem que o governo Brasileiro faz em seus tenebrosos índices.

Dilma volta a dizer que a crise política se deu por que a oposição não aceitou o resultado das urnas. Tenho certeza de que caso houvesse uma fiscalização honesta por parte da Justiça Eleitoral, ela também não poderia aceitar o resultado. Pois além das denúncias todas de uso descarado da máquina pública para favorecer a candidata oficial, hoje sabemos que muito dinheiro advindo da corrupção sustentou a campanha de 2014 de Dilma. A última denúncia, feita por empresário em delação premiada, fala em R$ 100 milhões exigidos, caso contrário a empresa perderia contratos juntos à Petrobras. Resumindo: Dilma é uma presidente eleita irregularmente e, caso a Justiça funcione nesse país, deve ter o registro de sua candidatura cassada. Dela e do vice.

Mas 2016, além do desemprego, do PIB negativo, da continuação das mentiras e da incompetência habituais do governo petista, promete um cenário catastrófico também no campo político.
Com as três maiores autoridades políticas do país – Dilma, Eduardo Cunha, presidente da Câmara e Renan Calheiros, presidente do Senado – sob investigações por diversos crimes, a pauta política se baseará na judiciária: quanto mais apertada a autoridade for pelos juízes, mais lento e complicado será o processo político.

Dilma acuada tente de acuar Cunha e buscar apoio em Renan. Cunha acuado tende a atacar Dilma e tentar acordo com Renan. Renan acuado tente a agradar a todos pela frente e atacar por trás. Mas Cunha pode ser virar contra Renan também, bastando para isso que ele perceba movimentos suspeitos do presidente do Senado.

Enfim, será um grande circo que, espero, termine com a deposição deles todos e com novas eleições ali pelo meio do ano, com uma lista de candidatos a presidente saneada dos bandidos atuais.

Circo, aliás, cuja única boa notícia em 2015 foi a firmeza com que os bravos rapazes de Curitiba mantiveram a Operação Lava Jato. Pela primeira vez na história do Brasil, empresários corruptos e servidores públicos dos mais altos escalões estão ou estiveram atrás das grades, muitos já condenados, bem como alguns políticos de peso. Faltam apenas os grandes chefes que todos sabemos quem são. E há confiança no ar que respiramos de que a vez deles está chegando. Vamo que vamo!