segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Pão e circo na Glicério

No dia em que o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), faz uma festa com grandes gastos para os cofres públicos, para inaugurar uma obra inacabada cujos efeitos práticos ainda não se fizeram sentir e são discutíveis, uma carta aberta à população assinada por Gerardo Melo, representante de alguns movimentos sociais da cidade, e que foi também secretário do governo de Antonio da Costa Santos, aponta inúmeros problemas no atendimento municipal à saúde.

A “reinauguração” da avenida Francisco Glicério é mais um factoide do atual governo. A obra não está nem pela metade e Jonas resolve fazer uma festa para entregar um pedaço semiacabado da avenida, trazendo um pianista famoso e show de laser, erguendo, para tanto, no Largo do Rosário, uma enorme estrutura com palco e inúmeras barracas. O prefeito faz o cidadão campineiro pagar por uma festa que não tem sentido, pois a obra ainda está longe de ficar pronta. O Ministério Público aliás, deveria questionar a autoridade municipal sobre gastos descabidos como esses, já que a imprensa, inundada de anúncios da Sanasa, do governo em geral, da “restauração” da Glicério e da própria “reinauguração”, se cala inerte.

Já a carta aberta – assinada também pelo Movimento Amigos Nordestinos - denuncia mazelas que estão ocorrendo na área da saúde desde antes do governo de Jonas Donizette e que continuaram após sua posse, embora ele tenha feito promessas e mais promessas em seus comícios e em sua propaganda eleitoral que o atendimento à saúde na cidade iria melhorar e muito.

Diz a carta que seu objetivo é de “deixar você, usuário de nossos serviços, ciente do descaso e abandono o qual a atual administração tem deixado a população e os funcionários da saúde.” E exemplifica: “São postos de trabalho sem estrutura alguma para oferecer atendimento adequado, faltam materiais importantes como fraldas, lençóis, cobertores entre outros como também medicamentos de suma importância. Além do número insuficiente de funcionários em setores como Enfermagem, Recepcionistas, Médicos, Técnicos de Raio X e outros que deveriam compor a equipe como Serviço Social e Psicólogos, entre outros; o Serviço de Raio X vive quebrado!”

A carta diz ainda que toda estrutura da Saúde é “inadequada, oferecendo riscos para os trabalhadores e pacientes.”

Um dos postos citados na carta é a Unidade de Pronto Atendimento do Centro. Diz o documento que “exatamente no mês de aniversário de três anos de reabertura, o posto encontra-se em situação precária, com poucos leitos, com camas (sem grades) e macas quebradas não repostas, setores fechados e sem isolamento para possíveis casos de pacientes com tuberculose e outros que venham necessitar, deixando todos os funcionários e demais pacientes expostos a contaminação.  O piso encontra-se desfeito em buracos, remendados com papelão e esparadrapo, e vem aumentando o número de pragas nocivas como baratas, aranhas, ratos, abelhas  e escorpiões que vem sendo encontrados em vários dias consecutivos.”

A carta aberta à população de Campinas afirma que não é intenção dos movimentos “fechar o serviço” e sim que o governo de Jonas Donizette “aja no interesse da população e dê uma solução rápida e adequada para tão importante serviço.”

Por fim, explicam os signatários que "estamos acompanhando a reestruturação da Avenida Francisco Glicério e entendemos que o valor gasto para tal obra deveria ter sido investido em nossos serviços de saúde”.

Como se vê, o desperdício de dinheiro público se torna ainda mais criminoso quando uma setor importante da cidade não está sendo atendido como deveria. Aliás, Jonas Donizette vem se notabilizando por gastos que maquiam a cidade, enquanto a estrutura de atendimento padece de problemas antigos e que continuam sendo ignorados pelo seu governo. Pobre Campinas. 

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