O excelente site O Antagonista lembrou, hoje, do livro de Ali Kamel, “Sobre o
Islã”, onde o autor (sim, é o diretor de Jornalismo da Globo) “discorre sobre
as raízes da religião muçulmana, as suas afinidades com o judaísmo e o
cristianismo e as divisões que ocorreram no seu interior”, nas palavras de
Mário Sabino, um dos três responsáveis pelo site.
Tenho o livro desde 2007 e, ao lê-lo, aprendi, por exemplo,
que muçulmanos, cristãos e judeus pertencem, digamos assim, a um mesmo tronco
religioso, que se separaram e se tornaram inimigos por séculos. Mas Ali Kamel
vai além e mostra as origens do terrorismo islâmico de forma quase didática.
Escreve ele: “A maioria dos muçulmanos da maior parte dos
países muçulmanos não se deixa enganar pelo radicalismo religioso, mas o
terreno passa a ser fértil para que uma massa de desesperados, sobretudo
jovens, veja nisso a solução para seus males. E isso leva parte da juventude às
práticas terroristas”.
E explica: “Porque
nas sociedades muçulmanas, hoje, a tomada de poder é o coração do programa fundamentalista.
Eles sabem que fundamentalista sem poder político é um leão sem dentes: não
apedreja, não fere, não mata, não obriga a usar o véu; apenas prega a sua visão
estreita do mundo.”
Mario Sabino destaca no site os três parágrafos finais do
livro, que mostram como a Europa se enganou em suas políticas de combate ao
terror: “Os Estados Unidos acudiram a Europa três vezes no século passado,
repito, a um enorme custo de vidas e dinheiro, sempre a defendendo de ameaças à
liberdade. Na primeira vez em que, atacado, precisou da Europa, ouviu um 'não'.
Reino Unido e outros poucos países mandaram, no máximo, vinte mil soldados.
Houvesse de fato uma solidariedade intensa com os Estados Unidos, o número de
homens teria sido imensamente maior, e a situação hoje, provavelmente, estaria
sob controle.
A Europa evita tomar essa atitude temendo se tornar um alvo.
É um engano, porque ela já é um alvo.
Tempos difíceis os nossos. Se o outro lado conhece bem os
seus objetivos, e é capaz de morrer por eles, nós, a parte aparentemente
racional do mundo, não percebemos sequer de que lado estamos."
Como se vê, há oito anos, essa visão de que o fanatismo
islâmico iria vitimar a Europa já era clara para quem sabia ler a realidade
muçulmana. A Europa errou feio ao não adotar medidas mais rígidas de controle
de suas fronteiras e também de vigilância interna, sem contar a pouca
cooperação com os EUA.
No fim do livro, pouco antes do trecho publicado em O
Antagonista, há uma espécie de premonição de Ali Kamel.
Sob o título “O que
será do futuro?”, ele escreve: “Não importa quem ganhe as eleições de 2008, se democratas
ou republicanos (ganharam os democratas, como se sabe), creio que os Estados
Unidos tudo farão para organizar a bagunça que está no Iraque. Eles sabem que
uma derrota total naquele conflito dará uma confiança extremada aos
totalitários do Islã, com consequências funestas. Toda a estratégia de evitar
que os terroristas tenham um Estado atrás de si, uma base de poder, terá ido
por água abaixo: democratas e republicanos sabem disso.”
Mas Barak Obama, embora soubesse, parece que se ateve a
gerar mais confusão do que impedir que o Iraque se tornasse uma bagunça ainda
maior sob sua presidência. A “primavera árabe” que foi mais uma farsa que levou
terroristas ao poder, foi saudada no Ocidente como vitória da democracia contra
os tiranos árabes. Ledo engano, e não foi por falta de aviso de analista
inteligentes. Os resultados estão aí: os
totalitários do Islã agora têm um “Estado”, e não é por mero acaso que ele ocupa
também território do Iraque.
Bingo !
ResponderExcluirPerfeito , muito bem colocado !
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