segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Pão e circo na Glicério

No dia em que o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), faz uma festa com grandes gastos para os cofres públicos, para inaugurar uma obra inacabada cujos efeitos práticos ainda não se fizeram sentir e são discutíveis, uma carta aberta à população assinada por Gerardo Melo, representante de alguns movimentos sociais da cidade, e que foi também secretário do governo de Antonio da Costa Santos, aponta inúmeros problemas no atendimento municipal à saúde.

A “reinauguração” da avenida Francisco Glicério é mais um factoide do atual governo. A obra não está nem pela metade e Jonas resolve fazer uma festa para entregar um pedaço semiacabado da avenida, trazendo um pianista famoso e show de laser, erguendo, para tanto, no Largo do Rosário, uma enorme estrutura com palco e inúmeras barracas. O prefeito faz o cidadão campineiro pagar por uma festa que não tem sentido, pois a obra ainda está longe de ficar pronta. O Ministério Público aliás, deveria questionar a autoridade municipal sobre gastos descabidos como esses, já que a imprensa, inundada de anúncios da Sanasa, do governo em geral, da “restauração” da Glicério e da própria “reinauguração”, se cala inerte.

Já a carta aberta – assinada também pelo Movimento Amigos Nordestinos - denuncia mazelas que estão ocorrendo na área da saúde desde antes do governo de Jonas Donizette e que continuaram após sua posse, embora ele tenha feito promessas e mais promessas em seus comícios e em sua propaganda eleitoral que o atendimento à saúde na cidade iria melhorar e muito.

Diz a carta que seu objetivo é de “deixar você, usuário de nossos serviços, ciente do descaso e abandono o qual a atual administração tem deixado a população e os funcionários da saúde.” E exemplifica: “São postos de trabalho sem estrutura alguma para oferecer atendimento adequado, faltam materiais importantes como fraldas, lençóis, cobertores entre outros como também medicamentos de suma importância. Além do número insuficiente de funcionários em setores como Enfermagem, Recepcionistas, Médicos, Técnicos de Raio X e outros que deveriam compor a equipe como Serviço Social e Psicólogos, entre outros; o Serviço de Raio X vive quebrado!”

A carta diz ainda que toda estrutura da Saúde é “inadequada, oferecendo riscos para os trabalhadores e pacientes.”

Um dos postos citados na carta é a Unidade de Pronto Atendimento do Centro. Diz o documento que “exatamente no mês de aniversário de três anos de reabertura, o posto encontra-se em situação precária, com poucos leitos, com camas (sem grades) e macas quebradas não repostas, setores fechados e sem isolamento para possíveis casos de pacientes com tuberculose e outros que venham necessitar, deixando todos os funcionários e demais pacientes expostos a contaminação.  O piso encontra-se desfeito em buracos, remendados com papelão e esparadrapo, e vem aumentando o número de pragas nocivas como baratas, aranhas, ratos, abelhas  e escorpiões que vem sendo encontrados em vários dias consecutivos.”

A carta aberta à população de Campinas afirma que não é intenção dos movimentos “fechar o serviço” e sim que o governo de Jonas Donizette “aja no interesse da população e dê uma solução rápida e adequada para tão importante serviço.”

Por fim, explicam os signatários que "estamos acompanhando a reestruturação da Avenida Francisco Glicério e entendemos que o valor gasto para tal obra deveria ter sido investido em nossos serviços de saúde”.

Como se vê, o desperdício de dinheiro público se torna ainda mais criminoso quando uma setor importante da cidade não está sendo atendido como deveria. Aliás, Jonas Donizette vem se notabilizando por gastos que maquiam a cidade, enquanto a estrutura de atendimento padece de problemas antigos e que continuam sendo ignorados pelo seu governo. Pobre Campinas. 

sábado, 28 de novembro de 2015

The end



O governo petista acabou e acabou o PT.

As denúncias todas estampadas na imprensa durante a semana que termina hoje não deixam qualquer dúvida: não será mais possível governar o Brasil com as pessoas que hoje estão no poder.

Antes de partir para a Europa, Dilma Rousseff foi obrigada a assinar um decreto contingenciando mais de 10 bilhões de reais do orçamento deste ano. Isso significa que o governo não pode gastar esse dinheiro até o fim do ano. Motivo: esse dinheiro não existe e seria preciso pedalar para que ele ganhasse vida e fizesse pagamentos, como bolsas de estudo, fornecedores mais recentes, aluguéis de embaixadas etc. Ou seja: o avião presidencial decolou rumo a Paris, mas o governo ficou estancado no chão, paralisado, sem dinheiro pra nada e sem ação possível no campo da política e da economia.

Joaquim Levy hoje mais parece um fantoche das causas perdidas, pregando no vazio projetos de economia ou de recursos novos para os cofres públicos que não ganham qualquer repercussão no Congresso, o que significa que ninguém está nem aí com ele.

O Congresso, aliás, se divide em algumas categorias e todas elas contribuem para a paralisia do país. Boa parte tenta salvar a própria pele, envolvida que está nos Petrolões da vida e em outros casos de tenebrosas transações. Outra parte tenta exterminar esse governo, encontrar mais denúncias, preparar ações e discursos arrasadores para continuar posando de oposição e, num futuro próximo, angariar os frutos dessa posição. E há ainda uma terceira parte – que não é pequena – que foi eleita para se virar financeiramente e, diante das circunstâncias, procura ficar calada e muda, esperando a hora mais propícia para faturar algum e realizar seu projeto de enriquecimento ilícito com o qual sempre sonhou. Esse grupo tende a votar pelo impeachment, para ver se num próximo governo consegue se arranjar melhor.

E vai piorar.

As denúncias deste fim de semana são arrasadoras. Colocam a cúpula do PT – Lula e Dilma incluídos – dentro dos escândalos todos. Cerveró já disse que Dilma sabia de tudo sobre Pasadena e cobrava dele pressa nos trâmites que resultaram em prejuízo quase bilionário, em dólares, para a Petrobras. E em vultosas propinas para todos.

Delcídio já disse que trabalhava sob ordens diretas de Lula e sua mulher já teria dito que pediu para ele sair do PT enquanto era tempo e que a culpa de tudo que está ocorrendo com ele é “daquela f.da p.”, se referindo a Dilma.

As delações de empresários e o acordo de R$ 1 bilhão da Andrade Gutierrez mostra que as investigações estão no caminho certo e, fatalmente, cairão como mísseis teleguiados no Palácio do Planalto.

Tudo isso fez o Brasil, que já estava andando de muletas na economia e de algemas na política, parar de vez.  O país está vivendo ao sabor dos acontecimentos oriundos das investigações policiais. E só vai voltar a andar quando as algemas alcançarem os pulsos que ainda estão soltos, quando o governo cair e uma nova direção for dada tanto na política quanto na economia.

Aí então será tempo de iniciar a recuperação dos gigantescos estragos feitos pelo PT e suas quadrilhas em todos os cantos do Brasil. Será trabalho árduo, mas que será feito com prazer se as quadrilhas petistas todas estiverem onde já deveriam estar há muito tempo: atrás das grades.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Agora vai?

Anda ontem escrevi aqui que a Justiça brasileira e está ainda pior depois que o PT aparelhou o STF. Evidente que os senhores ministros do STF não leram meu blog para decidir prender o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT), e o bilionário banqueiro André Esteves.

A decisão do ministro Teori Zvascki, referendada depois pelos ministros da segunda turma com eloquentes discursos contra a bandidagem que tomou conta do governo brasileiro, teve dois motivos principais. Não sei qual dos dois pesou mais na cabeça dos juízes do STF, mas um deles se constitui de provas materiais. O filho de Cerveró, Bernardo, gravou longa conversa com Delcídio onde até a rota de fuga do ex-diretor da Petrobras é planejada, além de acertos de gordas mesadas para garantir a vida boa da família toda no exterior, de preferência na Espanha, já que Cerveró tem cidadania espanhola também. Diante dessas provas, se o STF bobeasse, perderia toda e qualquer condição de julgar quem quer que seja e, embora os ministros não fossem sofrer qualquer sanção, a opinião pública passaria a tratá-los como tem tratado figuras petistas por aí.

O outro motivo foi o fato de Delcídio ter citado, na conversa, que arranjaria, no STF, o relaxamento da prisão de Cerveró. Ora, isso só poderia ser feito se o líder do governo no Senado tivesse alguma espécie de ascensão sobre os ministros, ou seja, se tivesse poder de influenciar nas decisões deles. E isso dito em público pegou mal, muito mal. Caso não houvesse providências do STF, pairaria sobre a mais alta corte da Justiça brasileira a maior desconfiança da sua história. Aliás, seria mais que desconfiança: seria a certeza de que o aparelhamento está vivo e que vários ministros seriam obedientes não à Constituição e às leis, mas ao governo e ao partido que o comanda. Seria o fim de toda e qualquer esperança de um dia ver esse país aplicar a lei e interromper o império da bandidagem e da corrupção.

Como o STF não pode ser apenas e tão somente honesto, mas é obrigado a também aparentar honestidade, a fala de Delcídio foi fatal para que os ministros demonstrassem ao país que não são aparelhos de um partido e que não estão ali para prestar favores ao governo.

Agora é seguir em frente. Cerveró virou delator premiado e sabe tudo sobre Pasadena, por exemplo. Foi dele o relatório que Dilma disse ter sido falho e no qual se baseou para aprovar a compra da 
"Ruivinha", a refinaria norte-americana cheia de ferrugem.

Outros delatores já afirmaram que a venda – com prejuízo de quase um bilhão de dólares para a Petrobras e com festa dos vendedores belgas – rendeu propinas milionárias para o esquema que o governo petista implantou na estatal. As denúncias de Cerveró agora terão o poder de consubstanciar o esquema todo que atinge a cúpula do partido do partido e do governo petistas. Durante as negociatas iniciais de Pasadena, Lula era presidente e Dilma chefiava o Conselho de Administração da Petrobras, a mais alta instância da empresa e quem dava a palavra final a esse tipo de aquisição. Quando a Petrobras pagou o restante pela usina enferrujada (US$ 820,5 milhões, Dilma já era presidente.

Todo mundo sabe que ambos estão envolvidos até o pescoço nessa e em outras tenebrosas transações. Parece que agora vai ser possível provar de forma mais veemente essas participações. E o STF parece estar disposto a fazer valer a lei. É o que se espera. É o que o povo decente do Brasil deseja. 

O que será que será?

A situação é a seguinte: a oposição na Câmara dos Deputados resolveu se afastar de vez do presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB) por dois motivos. O primeiro é baseado nas denúncias das contas na Suíça e sua frágil defesa. O segundo é por ele não ter aberto o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

Já os partidos governistas, PT à frente, começaram a defender Cunha e ofereceram a ele a absolvição n Conselho de Ética, o que não só o manteria na Presidência até o fim do próximo ano, quando termina seu mandato, como salvaria seu mandato de deputado federal.  Isso, claro, não o livraria de um processo no STF, mas a Justiça brasileira, todo mundo sabe como é. E está pior, depois que o PT aparelhou a mais alta corte do Brasil.

Já os mais próximos de Cunha e que estão lutando para salvá-lo buscam saídas sui generis. O deputado Paulinho da Força (SD) é um deles. Ofereceu a líderes da oposição o início do processo de impeachment, a renúncia de Cunha à presidência da Câmara e, em troca, a oposição ficaria a favor dele no Conselho de Ética, evitando a cassação.

Qual a melhor saída para o Brasil? Simples: Cunha iniciaria o processo de impeachment, continuaria presidente da Câmara e, em seguida, seria cassado por ter mentido para seus pares sobre ter contas em bancos no exterior não declaradas ao fisco.

O governo petista, que vem desgraçando o Brasil e não tem saída para o buraco em que se meteu e meteu o país não pode mais continuar à frente da administração pública. A primeira condição para que o mercado comece a acreditar num futuro próximo é a mudança dos atuais mandatários por outros que sejam, pelo menos, confiáveis aos olhos da maioria.

Já o presidente da Câmara não tem mais moral alguma para comandar a principal casa legislativa do Brasil, muito menos ser o terceiro na linha sucessória. Ele é corrupto, recebeu dinheiro do Petrolão, escondeu dinheiro sujo no exterior para não pagar impostos e não poder explicar a origem. Em suma, trata-se de um delinquente como qualquer petista envolvido nas tenebrosas transações a que temos assistido quase que diariamente.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), também não tem qualquer moral para continuar no cargo, pois a seus crimes antigos deverão ser acrescentados novos, já no âmbito do Petrolão, para ficar apenas num escândalo.

Resumindo, o Brasil hoje está nas mãos de bandidos e, nesta terça-feira, um amigo íntimo do chefe da quadrilha foi preso. Se o “pecuarista” José Carlos Bumlai resolver contar o que sabe sobre Lula, é bem provável que o Barba (como Bumlai chamava seu amigo do peito) vá lhe fazer companhia na prisão.

Diante de tanta iniquidade, não dá pra sequer pensar no dia de amanhã.

Há quem aposte que Dilma não passe o réveillon no governo, que Michel Temer (PMDB) comece 2016 governando o país. Eu não aposto. Em se tratando de PT e conhecendo o apego dessa “orcrim” pelo poder, eles farão de tudo para se manter onde estão. Perderão todos os anéis para preservar todos  os nove dedos. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Governo de Campinas é reprovado em ranking de transparência

Dilma e Jonas em evento recente: Campinas tem nota baixa em transparência
Não podia dar outra. Um governo que se preocupa mais em reservar verbas para a propaganda da maquiagem que faz na cidade não pode mesmo ser transparente. Se deixar que o contribuinte saiba tudo que está ocorrendo – como manda a lei – é provável que a reeleição vá para o ralo. É assim que deve pensar o governo de Jonas Donizette (PSB), que caminha para o quarto ano de administração sem dizer a que veio, mas investindo muito na imagem para a eleição de 2016.

No ranking divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU) sobre transparência pública no Brasil, Campinas teve nota 2,36, numa escala que vai de zero a dez, ou seja, passou um pouco da metade do que seria razoável para ser aprovada. Em tempo: o mesmo critério foi aplicado a governos do Estado (onde as notas das cidades não têm influência) e São Paulo teve nota dez.

Campinas está em 450º, ao lado de cidades como Ribeirão Corrente e Serrana e a cidade, segundo a CGU, comete nada menos que sete erros que são verdadeiras barreiras ao acesso do cidadão à informação que deveria ser pública. A CGU listou esses erros. Por exemplo: na regulamentação da lei da transparência não há previsão para autoridades classificar informações quanto ao grau de sigilo e nem previsão de responsabilização do servidor em caso de negativa de informação. Ou seja, a informação não tem hierarquia e seu sigilo não segue qualquer norma. Ao mesmo tempo, se uma autoridade negar o acesso a algo que deveria ser público, não há qualquer consequência. Sem punição, não há autorização para o acesso. Sem o acesso, não há transparência.

Se houver um pedido de informação, não há previsão de atendimento presencial nem a possibilidade de acompanhamento do pedido, não há prazo para responder nem obrigação de que sejam respondidos de acordo com a questão. Ou seja, ninguém está obrigado, dentro do governo de Jonas Donizette, a atender um cidadão com um mínimo de transparência. Vale dizer, com um mínimo de dignidade e obedecendo aos direitos que todo cidadão tem em relação aos servidores públicos, cujos salários saem dos impostos que todos pagam.

Aquela verdade de que o servidor público é empregado do cidadão foi jogado pela janela pelo atual governo de Campinas.

A Prefeitura mantém em seu site oficial um Portal da Transparência. Nele se pode saber, por exemplo, os salários pagos a todos os servidores. Só que até hoje, embora a lei obrigue, o governo de Jonas Donizette não listou os salários ao lado dos nomes dos servidores, Apenas do número da matrícula. Ou seja, para saber quanto ganha um servidor que recebe dos impostos que todos pagamos, o cidadão precisa saber o número da matrícula do dito cujo na Prefeitura.

A colocação dos nomes junto aos respectivos salários está prometida, segundo a reportagem sobre o assunto realizada pelo Correio Popular.  Mas de promessas não cumpridas desde a posse de Donizette na Prefeitura, a cidade está cheia.

Acabar com o enorme déficit de vagas nas creches, melhorar o sistema de transportes coletivos e dar às passagens um preço justo, acabar com os buracos nas ruas, melhorar o trânsito, implantar um sistema de atendimento à saúde que funcione e tantas outras promessas foram feitas durante a campanha e nas quais a maioria dos eleitores que votaram acreditou.

O que se vê na cidade hoje é um caos no trânsito, uma maquiagem meia boca na principal avenida do Centro, leis que favorecem a invasão de espigões em detrimento da qualidade de vida, promessas ainda de, um dia quem sabe, a cidade ter um meio de transporte mais moderno e melhor, enorme déficit nas vagas das creches e um atendimento à saúde cujas reclamações são diárias. Sem contar o recorde nacional (mundial?) que a cidade vem batendo todo ano, nesse governo, dos casos de dengue, com várias mortes. Em 2015 a cidade passou dos 60 mil casos da doença. No lamentável governo do “doutor” Hélio, o recorde foi menos da metade desse número.

Mas a maquiagem em praças e ruas continua a todo vapor. Bem como as enormes verbas desviadas para a propaganda maciça nas TVs, nas rádios e mídia impressa. E, diga-se, pagas em dia, num desprezo a inúmeros outros fornecedores da Prefeitura que esperam meses para receber por produtos fornecidos ou serviços prestados.

Trata-se, pois, de um governinho cosmético, reprovado em transparência, mas nota dez em aparência, promovida por uma publicidade que beira a enganosa e que seca os cofres públicos. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Não foi por falta de aviso

O excelente site O Antagonista  lembrou, hoje, do livro de Ali Kamel, “Sobre o Islã”, onde o autor (sim, é o diretor de Jornalismo da Globo) “discorre sobre as raízes da religião muçulmana, as suas afinidades com o judaísmo e o cristianismo e as divisões que ocorreram no seu interior”, nas palavras de Mário Sabino, um dos três responsáveis pelo site.

Tenho o livro desde 2007 e, ao lê-lo, aprendi, por exemplo, que muçulmanos, cristãos e judeus pertencem, digamos assim, a um mesmo tronco religioso, que se separaram e se tornaram inimigos por séculos. Mas Ali Kamel vai além e mostra as origens do terrorismo islâmico de forma quase didática.

Escreve ele: “A maioria dos muçulmanos da maior parte dos países muçulmanos não se deixa enganar pelo radicalismo religioso, mas o terreno passa a ser fértil para que uma massa de desesperados, sobretudo jovens, veja nisso a solução para seus males. E isso leva parte da juventude às práticas terroristas”.  

E explica: “Porque nas sociedades muçulmanas, hoje, a tomada de poder é o coração do programa fundamentalista. Eles sabem que fundamentalista sem poder político é um leão sem dentes: não apedreja, não fere, não mata, não obriga a usar o véu; apenas prega a sua visão estreita do mundo.”

Mario Sabino destaca no site os três parágrafos finais do livro, que mostram como a Europa se enganou em suas políticas de combate ao terror: “Os Estados Unidos acudiram a Europa três vezes no século passado, repito, a um enorme custo de vidas e dinheiro, sempre a defendendo de ameaças à liberdade. Na primeira vez em que, atacado, precisou da Europa, ouviu um 'não'. Reino Unido e outros poucos países mandaram, no máximo, vinte mil soldados. Houvesse de fato uma solidariedade intensa com os Estados Unidos, o número de homens teria sido imensamente maior, e a situação hoje, provavelmente, estaria sob controle.

A Europa evita tomar essa atitude temendo se tornar um alvo. É um engano, porque ela já é um alvo.

Tempos difíceis os nossos. Se o outro lado conhece bem os seus objetivos, e é capaz de morrer por eles, nós, a parte aparentemente racional do mundo, não percebemos sequer de que lado estamos."

Como se vê, há oito anos, essa visão de que o fanatismo islâmico iria vitimar a Europa já era clara para quem sabia ler a realidade muçulmana. A Europa errou feio ao não adotar medidas mais rígidas de controle de suas fronteiras e também de vigilância interna, sem contar a pouca cooperação com os EUA.

No fim do livro, pouco antes do trecho publicado em O Antagonista, há uma espécie de premonição de Ali Kamel.

Sob o título “O que será do futuro?”, ele escreve: “Não importa quem ganhe as eleições de 2008, se democratas ou republicanos (ganharam os democratas, como se sabe), creio que os Estados Unidos tudo farão para organizar a bagunça que está no Iraque. Eles sabem que uma derrota total naquele conflito dará uma confiança extremada aos totalitários do Islã, com consequências funestas. Toda a estratégia de evitar que os terroristas tenham um Estado atrás de si, uma base de poder, terá ido por água abaixo: democratas e republicanos sabem disso.”

Mas Barak Obama, embora soubesse, parece que se ateve a gerar mais confusão do que impedir que o Iraque se tornasse uma bagunça ainda maior sob sua presidência. A “primavera árabe” que foi mais uma farsa que levou terroristas ao poder, foi saudada no Ocidente como vitória da democracia contra os tiranos árabes. Ledo engano, e não foi por falta de aviso de analista inteligentes.  Os resultados estão aí: os totalitários do Islã agora têm um “Estado”, e não é por mero acaso que ele ocupa também território do Iraque.

Ali Kamel termina seu livro com os parágrafos que Mario Sabino publicou em O Antagonista, mas, algumas linhas antes, o autor escreveu: “As analogias [da Guerra do Iraque] com o Vietnã são muitas e muito do agrado dos que buscam explicações fáceis. Mas as diferenças são as que importam: o inimigo ali era ateu, racional e sabedor das próprias limitações. O inimigo hoje acredita que fala com Deus, e que, por isso, os limites são apenas de fé insuficiente. Para eles, o apocalipse não é o fim do mundo, mas apenas uma verdade revelada, inescapável, anunciadora do início do Reino dos Céus na Terra. O mundo não se dá conta de que, para o suicida em busca do Paraíso, não há diferença entre morrer para matar dezenas ou morrer para matar milhares. A diferença está apenas no poder da bomba com que se explode.”

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mariana e Paris: nada a ver

E não é que muita gente resolveu cobrar das pessoas que registraram suas indignações contra os atentados em Paris as mesmas atitudes em relação ao acidente em Minas Gerais que destruiu vilas, rios, flora e fauna em larga escala?


É incrível que essa gente não perceba a diferença entre um caso e outro. Pra começo de conversa, um caso acabara de acontecer e outro já tinha mais de uma semana, ou seja, o que se queria de um era toda informação possível e, do outro, saber das providências que estão sendo tomadas para salvar o que for possível da natureza e indenizar as vítimas de maneira que possam voltar a viver normalmente, pelo menos no que diz respeito aos aspectos materiais. E como vivemos no Brasil, sabemos como essas coisas se arrastam. Cabe, claro,  sempre cobrarmos das autoridades as providências.

Mas, comparar uma coisa com a outra, como se ambas merecessem atitudes iguais é de um absurdo que não tem tamanho.

Primeiro porque o que ocorreu em Minas não é um atentado contra os valores ocidentais e democráticos. Nem atentado foi, já que o rompimento da barragem não ocorreu por vontade de alguém. Aquilo foi obra ou do acaso – acidentes acontecem e foram registrados tremores de terra próximos à hora do rompimento – ou do desleixo de empresários e autoridades. Dos empresários por visarem o lucro acima de tudo e muitas vezes desdenharem a segurança em prol da produção, deixando normas e leis em segundo plano e não realizando todas as obras necessárias para garantir a segurança de todos. E das autoridades que são as incumbidas de fiscalizar o cumprimento das normas e das leis e acabam sendo corrompidas pelos trinta dinheiros da ocasião e fazem vistas grossas ao perigo.

Se os responsáveis pelo desastre em Minas não forem punidos, não serão os primeiros que, causando mortes e devastação saem impunes por contratarem caros advogados que conhecem os caminhos recursais todos da legislação brasileira e provocam um alongamento tão grande do julgamento que quando este acontece já não tem mais amparo legal para punições.

No Brasil, saibam todos, apenas 1% das multas aplicadas pelo Ibama são realmente pagas. 

Já o que ocorreu em Paris foi um atentado terrorista que visa acabar com nossos valores mais caros: a liberdade, a democracia, o direito de ser um ser humano único, de ter opinião, de ter ou não ter religião, de acreditar em deus, em deuses ou em nenhum deus, de convivência pacífica entre os povos, entre os diferentes, entre todos, homens e mulheres, todos com plenos direitos e vivendo em sociedade sobre uma lei maior, que garante essa convivência pacífica.

Tudo isso está em jogo hoje no mundo. O avanço do fanatismo islâmico, o mesmo há quase três mil anos, escancara um modo de vida onde o terror se impõe não apenas para a conquista de novo territórios, mas para a manutenção do poder. O povo é subjugado a adotar uma religião que tudo lhes proíbe, numa sociedade em que o macho é considerado superior à fêmea que se transforma em simples escrava reprodutora, possível de ser espancada ou mesmo morta se tentar desobedecer a seu homem. E há grupos islâmicos que se odeiam por seguirem profetas diferentes e se matam quando se encontram. Isso é selvageria e ignorância. A mesma selvageria que puxou o gatilho e detonou bombas sexta-feira passada. A mesma ignorância que considera Paris a capital do pecado e que, por isso, seu povo deve ser castigado.

Portanto, se você é daqueles que acham que todos os brasileiros deveriam cobrir suas fotos de lama nas redes sociais ao invés de botar as cores da bandeira francesa, pense um pouco mais: ninguém explodiu a barragem em Minas para matar a liberdade, matando pessoas que estavam cometendo o pecado de viver num país democrático. 

sábado, 14 de novembro de 2015

O fanatismo islâmico precisa ser exterminado

Bandeiras a maio pau em Paris: luto de 3 dias pelas vítimas do terrorismo islâmico

O mundo civilizado assiste, mais uma vez, a um atentado de enormes proporções contra seu modo de vida, suas crenças e seus governos. Como em tantos outros atentados, o objetivo não foi tirar a vida de inocentes de forma brutal: foi protestar contra a liberdade conquistada a duras penas e da qual boa parte da humanidade hoje usufrui.

Atacar cidadãos comuns em seus lugares de lazer de forma covarde e com enorme poder de fogo é a prática de um grupo que não tem nada a oferecer ao mundo a não ser a violência, a tirania e a ignorância para transformar tudo num obscuro vale de terror. E assim, governar sobre o medo, a intimação, o desespero.

Esse tipo de governo, muito pior que as piores ditaduras que o mundo já viu, usa uma interpretação totalmente equivocada da religião islâmica para dominar o povo. Não à toa precisam de armas e do uso indiscriminado da violência, com assassinatos constantes por fatos banais, com a escravidão das mulheres, com o exibicionismo de atos selvagens e outras barbáries para sobreviverem. Pertencem a uma categoria que ainda não atingiu o estágio de seres humanos. Estão mais próximos de animais selvagens que matam sem motivo aparente do que do homem das cavernas.

Atacar Paris é atacar o mundo. Cidade amada por milhões e milhões de pessoas que oferece a todos que a visitam a generosidade de suas paisagens, a cultura de seus museus, a modernidade de seus costumes, a civilidade de seu dia-a-dia, a qualidade do seu padrão de vida e a liberdade que quem sofreu muito para consegui-la ao longo da história.

Tudo isso é uma afronta à ignorância dos fanáticos islâmicos. Para eles, a vida tem que ser vivida numa espécie de prisão, de costumes arcaicos, sem liberdade alguma, de orações constantes a um deus que, se existisse, jamais consentiria em ser o condutor dessa desumana subespécie.

O fanatismo islâmico precisa ser banido do planeta em nome da própria sobrevivência da civilização. As grandes potências precisam, de uma vez por todas, usar todo o potencial de seus arsenais para exterminar de vez essa ameaça que se concretiza cada vez mais em sangrentos e covardes atentados.

O que não é possível mais é o mundo livre ter de se proteger, com medidas que restringirão sua liberdade, de grupos de fanáticos que não temem perder a vida em nome de uma obscura religião e de um modo de governar tirânico e assassino. Está mais do que na hora de o mundo livre mostrar que sabe defender sua liberdade. Ou sucumbiremos todos e voltaremos à idade das trevas. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O PT está idiotizando os últimos petistas

Enquanto os blogs sujos, mantidos pelo governo Dilma Rousseff com o dinheiro de todos os brasileiros, uivam nas redes sociais contra Eduardo Cunha (PMDB), o presidente da Câmara negocia com o PT um modo de salvar a pele. Como moeda de troca ele oferece o engavetamento dos pedidos de impeachment que estão sob sua guarda e que só serão lidos no plenário - o que poderia dar início ao processo – se ele quiser.

A falta de caráter da política brasileira não é novidade e, em particular, a do PT vem se escancarando há muito tempo, antes mesmo de Lula chegar ao poder. A novidade, no caso, é que essa falta de caráter está se estendendo a milhares (talvez alguns milhões) de pessoas que, acreditam no que dizem os dirigentes partidários, os governantes federais e os blogs sujos. Acho que pensam que o PT é aquilo que ele pregava durante a era FHC, ou mesmo antes, no fim da ditadura militar. Embarcam nessas “campanhas” e acabam fazendo papel de imbecis ou. Pior, de desonestos, para muita gente.
Uma pessoa que conheço há muito tempo, por exemplo, falou, de modo sincero, que a maioria dos brasileiros nunca foi honesta, que quem cometeu uma irregularidade qualquer na vida (furar fila de banco, colar numa prova ou algo parecido) não pode criticar o PT e seus crimes, já que somos todos iguais. Eu não acreditei no que ouvi.

Hoje li no Facebook um post de um conhecido metendo a boca no Eduardo Cunha e assinando o abaixo-assinado que pede sua cassação. Como essa pessoa jamais posta qualquer coisa de política, eu estranhei. E não resisti: escrevi um comentário dizendo que Cunha estava fazendo acordo com Dilma para não ser cassado em troca do engavetamento do impeachment. E perguntei se ele tinha assinado o abaixo-assinado a favor do impeachment. Ele não respondeu e, sei lá, talvez me exclua da lista de “amigos” do Facebook.

Mas de exemplos como esses, em que o incauto que ainda acredita no PT, no Lula, na Dilma e se expõe ao ridículo defendendo algo que o partido mandou defender (no caso a cassação de Cunha), mas não percebe que Cunha faz parte da mesma quadrilha de Lula e Dilma, as redes sociais estão cheias.

A conclusão disso é que, além dos estragos todos que o PT fez ao Brasil e ao seu povo – aqueles que subiram de classe e dos quais Lula tanto falava já estão voltando às origens e o desemprego bate nos 10% - vamos ter de acrescentar a transformação de boa parte dos brasileiros em imbecis ou idiotas.
Pois é nisso que estão se transformando essas pessoas que, outrora tão convictas de suas decisões políticas e eleitorais, agora fazem o que o partido manda sem perceber a arataca em que estão mergulhando.

Defender o mar de corrupção que o PT instalou no país é tarefa de profissionais, bem como berrar que Eduardo Cunha deve ser cassado sem perceber que o pilantra está aliado, para não ser cassado, àqueles nos quais o incauto votou.


A herança petista, que já é um fardo maldito sobre muitos aspectos da vida nacional, ganha assim mais uma ferida sangrenta ao espalhar a idiotia e a imbecilidade entre aqueles que ainda acreditam que o PT um dia falou a verdade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O canto do cisne do PT


O PT produziu um documento que mais parece uma peça do III Reich ou do Politiburo. Depois de toneladas de provas de que o partido corrompeu totalmente o país, depois de desmoralizar o poder público, de afundar a economia brasileira, de elogiar e fazer acordos com ditadores pelo mundo afora, de gastar bilhões sem justificativas concretas, de manter em segredo empréstimos a outros governos numa total afronta à lei, depois de afundar a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo num mar de corrupção, o PT vem a público dizer que todas as acusações que o partido sofre hoje não são nada mais que uma campanha orquestrada para destruir a agremiação e impedir que ela continue no poder.

A tática desonesta, falsa e autoritária das esquerdas se revela por inteiro nesse documento.  Nunca o PT se expôs aos brasileiros com tanta mentira e tanta desfaçatez num só documento.  Ao atacar o juiz Sérgio Moro, o partido revela que é avesso a investigações que tenham seus membros como investigados. O PT não era assim quando oposição: entrou talvez milhares de vezes na justiça contra o governo FHC, perdendo em todas elas, diga-se, com acusações infundadas, vazias, mas que tinham efeito psicológico ao conseguir ampla divulgação na imprensa, esta já eivada de petistas a serviço do partido.

O PT chega ao absurdo de dizer que os funcionários da Petrobras investigados hoje já eram altos funcionários na era FHC, na velha tentativa de acusar o governo tucano de ser a origem de toda a corrupção que o PT hoje pratica. E se fossem altos funcionários? Houve denúncia contra eles? Só para registrar: em entrevista recente à Folha, o maior delator da Lava Jato, Paulo Roberto Costa afirmou que “até 2004”, o único político que ele conhecia era o prefeito de Macaé. Mas o PT, sem poder refutar as acusações, lança mais uma mentira para tentar aliviar seus crimes.

Os ataques contra um ministro do STF, Gilmar Mendes, são ridículas, pois o acusam de parcialidade, de falta de recato e outras baboseiras que jamais se enquadraram no perfil do Mendes. Justo o PT que fez questão de colocar na mais alta corte do país ministros afinados com sua ideologia e, um deles, sem qualquer condição de chegar ao STF, por falta de currículo (!!!) e por ter advogado para o partido. Para o PT, juiz do STF bom é aquele que manda arquivar os processos contra o PT. Os outros não prestam.

E, por mais inacreditável que possa parecer, o PT acusa o PSDB de ter escancarado “a influência do poder econômico na vida política brasileira” ao corromper o Congresso para introduzir a reeleição. O PT mente aos brasileiros mais uma vez. A reeleição tinha maioria de quase 80% no Congresso (só o PT e partidecos de esquerda eram contra) e da sociedade, pois  segundo o Datafolha, a maioria dos brasileiros era favorável à reeleição. Não havia necessidade de corromper ninguém. A única acusação recaiu sobre dois obscuros deputados do Acre, envolvidos em vários crimes (depois renunciaram para não serem cassados). Eles disseram à imprensa que um emissário do governador da Amazonas lhes pagaria 200 mil reais para votar a favor da reeleição. Dois votos! E até hoje o PT acusa FHC de ter “comprado” a reeleição. Aliás, requentar esse fato, que teria ocorrido em 1997, mostra que o PT não conseguiu provar nada contra FHC, apesar de estar no poder há 13 anos. E mostra outra falácia petista: se eram tão contra a reeleição por que, ao invés de usufruir dela, não a extinguiram? Maioria pra isso sempre tiveram durante os desgovernos de Lula.

Depois de atacar todos os procuradores da Lava Jato com acusações idiotas, infantis até, o PT volta suas baterias contra a imprensa, revelando o autoritarismo esquerdista do partido, que sempre usou a imprensa para suas denúncias vazias quando era oposição e, no governo, quer uma imprensa dócil, a favor deles, chapa branca pura como nos países comunistas.

O PT revela nessa “cartilha” que está perdido. Ao atirar contra as instituições que são uma garantia da democracia, o partido faz uma espécie de “canto do cisne” antes de ser destruído não por quem ele acusa e sim por seus próprios crimes, por sua indisfarçável vocação para a roubalheira indiscriminada, pela ausência de qualquer sentido democrático em suas convicções ideológicas, por sua gana de poder e intenção declarada de substituir as elites do país por uma elite de políticos enriquecidos pelo roubo do dinheiro público.

O PT acabou e sua cartilha, totalmente dissociada da realidade, é a maior prova disso. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Retrato do estrago

Abro espaço hoje aqui no blog para o jornalista e poeta José Maria Leal Paes, com um artigo que é um sucinto, fiel e escarrado retrato do estrago produzido no nosso país pela gang petista.

PAC, PEC, cuidado com ... PIC

José Maria Leal Paes

Certo dia, em sessão do Supremo Tribunal Federal, os brasileiros foram informados pelo então juiz-presidente que a Constituição de 1988 continha dispositivos não apreciados pelo poder constituinte. O informante fora o próprio relator da Constituição Cidadã, a fraudada.

Certo dia de 2009, nas preliminares da campanha presidencial de 2010, os brasileiros souberam que o currículo apresentado por Dilma Rousseff era falso: a candidata de Lula não tinha, não tem pós-graduação de mestre nem de doutora em Ciências Econômicas pela Universidade de Campinas (Unicamp). Cursou Ciências Sociais.

Certo dia, o então presidente Lula da Silva, por deliberado capricho, indicou o nome de um ex-advogado do PT para compor o STF. Não havia como ser aprovado no Senado nem tolerado no Supremo, a menos que lixo e letra da Constituição Federal fossem a mesma coisa.  Eram. São, para Brasília, se assim for da conveniência do poder.

Agora, sabemos que o filho caçula do ex-presidente Lula da Silva é corretor para compra e venda de Medida Provisória. Tradução: proteção jurisdicional paraguaia. Mais fraude no arcabouço jurídico do país.

Nas presidências da Câmara Federal e do Senado o ar moral é irrespirável. Renan Calheiros e Eduardo Cunha personificam a visibilidade do delito amplo, irretocável. Brasília está a brincar com o desespero das massas iludidas pelas mentiras da campanha presidencial. E o faz com deboche.

São tantas as patifarias no varal que há de se perguntar como este país chegou a tanto. Como um investidor sério pode aplicar seu capital em território onde as inseguranças física, econômica e jurídica dominam o cenário e o noticiário? De gigantesco empregador, incompetente gestor e indutor de trambicagens, o Estado brasileiro age como grande infrator.

Pouco se lhe dá o crime, qualquer que seja o tamanho, como no caso das pedaladas flagradas pelo TCU, em ano de eleição e grana para o maior projeto de compra de votos do mundo, o Bolsa-Esmola ou Bolsa-Família.  O poder exala desvio de conduta. O país está em ruínas. A ruinaria moral é a causa primeira da econômica e da financeira. De educadora a pátria tem nada.

A julgar pelo mensalão e pelo petrolão, Brasília se esmerou em montar a pátria educadora de corruptos, a PEC, para eternizar no governo os ladrões do PT associados aos do PMDB e PP.  Lula proclamou Dilma a mãe do PAC ao que tudo indica para acelerar o crescimento da corrupção. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

As esperanças se esvaindo

O que o Brasil está virando nas mãos do PT

Quando Lula disse na campanha que eles (o PT e as quadrilhas todas a ele ligadas) fariam “o diabo” para ganhar as eleições de 2014, ele não estava fazendo retórica. E não estava se referindo apenas às eleições. O recado, agora se entende, era fazer “o diabo” para ganhar as eleições e fazer “o diabo” para se manter no poder.

O que foi feito nas eleições todos já sabemos, desde o indiscriminado uso da máquina do governo até o impedimento de se recontar votos numa eleição altamente disputada, passando, claro, pelos milhões (bilhões?) de dinheiro desviado da Petrobras e de outros setores estatais para entrar na campanha petista, seja como doação oficial, seja como caixa dois, como provam inúmeros fatos descobertos em operações do MP e da Polícia Federal.

E o que está sendo feito no governo é de enraivecer qualquer cidadão honesto. O aparelhamento de todos os setores por onde possa haver qualquer problema em relação ao mandato de Dilma Rousseff ou à liberdade de Lula, se escancarou de vez nesta semana. A única cidadela que restou como um fio de esperança para o Brasil se livrar da praga que se instalou no poder é a operação Lava Jato, tendo à frente os bravos promotores de Curitiba e o juiz federal Sérgio Moro.

O resto está dominado.

A Justiça Federal de Brasília, onde uma juíza substituta produziu um lampejo de esperança, já mostrou a bunda para o PT: a volta antes do prazo do titular para tirar da juíza o comando do processo que investiga as empresas do filho de Lula e seus suspeitos ganhos financeiros de um escritório que está sendo acusado de pagar altas somas para o governo (de Lula!) assinar medidas provisórias beneficiando em bilhões algumas empresas automobilísticas, foi de um descaramento sem tamanho. Eu diria que foi um verdadeiro chute no saco dos brasileiros honestos.

O TCU, que produziu uma análise isenta de uma prestação de contas que burlou frequentemente a lei, sugeriu – nem poderia sugerir outra coisa – a rejeição dessas contas ao Congresso. Mas o processo foi jogado em uma gaveta qualquer pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), um político de um passado enlameado e que confirma novamente suas tendências ao crime em plena luz do dia. A votação desse parecer, que depende dele, talvez aconteça só depois das próximas eleições, quando rejeitar contas de Dilma terá o mesmo efeito que mijar em incêndio. Se alguém tinha alguma esperança de que Renan tivesse se desligado da quadrilha, pode desistir: parece estar no DNA do alagoano se ligar ao que há de mais podre na política, para nela enriquecer às custas de todos os brasileiros que pagam impostos.

O TSE, onde corre sério processo que mostra a quadrilha petista em ação durante as eleições de 2014, tem um quadro petista como presidente, colocado ali para defender os interesses da “famiglia” e não dar satisfação alguma para o povo que lhe paga os salários, altíssimos salários por sinal. Vai daí, não teve vergonha na cara para distribuir os processos que denunciam os descalabros eleitorais do PT na última eleição a uma juíza que já os havia rejeitado e sugerido o arquivamento. Poderia dar a outro juiz, mas esse outro parece que respeita a lei e, claro, foi vetado pelos “chefes” do presidente do TSE.

O STF, último reduto das pendengas constitucionais, já havia mostrado o início do aparelhamento, ao inocentar José Dirceu, justamente o homem que coordenava o Mensalão e a cujas ordens o governo Lula se submetia, de, vejam só, formação de quadrilha. O maior quadrilheiro governamental que o Brasil já viu foi inocentado do crime de formação de quadrilha! O ministro Joaquim Barbosa ficou indignado à época, mas os “Lewandowski” da vida ganharam a parada. E agora a coisa está bem pior por lá, já que pelo menos mais dois “quadros petistas” assumiram seus postos na mais alta corte de justiça do Brasil. Qualquer semelhança com o que ocorre na Venezuela ou na Bolívia não é mera coincidência.

Assim, entramos de vez na lama política, com o Brasil já enlameado nada economia. O país rasteja em índices negativos e o clima político, causador maior das desgraças econômicas, se deteriora diariamente.

Sobrou a Lava Jato e, com certeza, os advogados dos bandidos já estão esfregando as mãos com o novo cenário que se vislumbra. Parece que tudo conspira para que Sérgio Moro e seus promotores e policiais federais não tenham mais força para continuar ou tenham todas as suas ações anuladas em instâncias “superiores”. O clima hoje no Brasil é de retrocesso, de poucas, pouquíssimas esperanças de que tenhamos alguma justiça contra os maiores ladrões que já passaram pelo poder público nesse país.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Uma republiqueta chamada Brasil

O caso das pílulas de fosfoetanolamina sintética é um dos exemplos mais visíveis de como o Brasil é um país atrasado e ignorante.

Um pesquisador que trabalha num universidade pública divulga que uma droga sintetizada por ele cura câncer. E, segundo relatos, andou curando câncer de algumas pessoas.

Com a notícia sendo transmitida boca-a-boca e a postagem em redes sociais o fato ganha notoriedade e o laboratório público onde o pesquisador trabalha começa a fabricar e a distribuir a droga.

A Justiça, claro, foi acionada e proibiu a distribuição. Depois, a Justiça foi acionada de novo e obrigou o laboratório a fazer a distribuição a quem conseguiu uma liminar.

Enquanto isso, muitas pessoas nas redes sociais travam uma guerra. Quem tinha parente com câncer geralmente esbravejava a favor das pílulas e quem tinha um pouco de bom senso percebia que a coisa não podia ser assim. E aquela turma que vê teorias de conspiração em tudo lançou o velho complô da “máfia dos remédios”, do “lobby farmacêutico” ou algo que o valha sem a menor comprovação de qualquer fato.

Aí veio o médico Dráuzio Varella e disse, no Fantástico, que aquilo era um perigo. E elencou as razões: o remédio não tinha jamais passado pelos testes normais que um remédio é obrigado a passar antes de ter comprovada usa eficácia; nenhum órgão oficial tinha referendado o remédio exatamente por não ter sido testado como mandam as normas; não existe um único  remédio para câncer, pois são vários os tipos dessa doença e muitos exigem um tratamento diferenciado.

Foi o bastante para que ele se tornasse o vilão preferido nas redes sociais. Um médico, cuja atuação profissional só pode receber elogios, de repente está “a serviço da indústria farmacêutica”, “contra a população pobre” e outros absurdos que postados diariamente nas redes sociais e, muitas vezes, na própria imprensa irresponsável que ulula por aí.

Agora, o Conselho Federal de Farmácia autuou e vai multar o laboratório público (é do Instituto de Química de São Carlos que pertence à USP) que está produzindo o remédio para enviar a pacientes que receberam da Justiça o “direito” de ter a tal pílula.

Pelo menos um deputado entrou na briga, querendo fazer lei que obrigue o fornecimento e médicos sérios consideram que estamos vivendo uma “indústria do desespero”.

O cenário todo que se formou em torno desse caso é de arrepiar. Caos é pouco. Senão vejamos:

1 – Um químico descobre que uma droga pode amenizar um ou outro tipo de câncer, mas sem comprovação de que ela cura a doença ou serve para todos os tipos de câncer

 2 – A notícia se espalha e muita gente – com os mais variados tipos de câncer – vai atrás da droga que, diga-se, não pode ser vendida

3 – Acionada por organismos responsáveis pela liberação de remédios no Brasil., a Justiça proíbe a venda

4 – Acionada por pessoas que se acham no direito de ter a droga, a Justiça obriga o laboratório público – cuja função não é produzir remédios em escala – a produzir e fornecer a droga a quem conseguir autorização da Justiça. O absurdo de um juiz, sem conhecimento técnico e mesmo sabendo que a droga não passou pelos testes obrigatórios para ser distribuída, obrigar seu fornecimento parece não ter importância no cenário caótico que se produziu

5 – E no mais recente episódio do caso, um dos organismos responsáveis pela fiscalização farmacêutica, resolve autuar o laboratório público que está produzindo. E agora? O laboratório está ilegal porque produze distribui uma droga não testada e está legal porque foi obrigado pela Justiça a produzir e fornecer a droga.

Duvido que tudo isso pudesse acontecer  num país minimamente civilizado, onde as normas e leis são seguidas à risca. A descoberta da droga seria comunicada aos órgãos competentes, eles fariam os testes todos e, dentro de alguns anos – os testes são necessariamente demorados - liberariam ou não a produção e comercialização do remédio.

E eu torço para que, um dia, feitos os testes, a Anvisa ou quem de direito ateste que a droga serve para curar algum ou vários tipos de câncer. Seria bom para o mundo e talvez até valesse um prêmio para quem a descobriu. Mas distribuir um remédio sem que sua eficácia e seus efeitos tenham sido testados é=, além de um desrespeito com a saúde da população, um crime previsto em lei.

A  confusão toda que se instalou nesse caso é bem típico dessa República de Bananas em que se transformou o Brasil.