No dia em que o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), faz uma festa com grandes gastos para os cofres públicos, para inaugurar uma
obra inacabada cujos efeitos práticos ainda não se fizeram sentir e são
discutíveis, uma carta aberta à população assinada por Gerardo Melo, representante
de alguns movimentos sociais da cidade, e que foi também secretário do governo
de Antonio da Costa Santos, aponta inúmeros problemas no atendimento municipal
à saúde.
A “reinauguração” da avenida Francisco Glicério é mais um factoide
do atual governo. A obra não está nem pela metade e Jonas resolve fazer uma
festa para entregar um pedaço semiacabado da avenida, trazendo um pianista
famoso e show de laser, erguendo, para tanto, no Largo do Rosário, uma enorme
estrutura com palco e inúmeras barracas. O prefeito faz o cidadão campineiro
pagar por uma festa que não tem sentido, pois a obra ainda está longe de ficar
pronta. O Ministério Público aliás, deveria questionar a autoridade municipal
sobre gastos descabidos como esses, já que a imprensa, inundada de anúncios da Sanasa, do governo em geral, da “restauração”
da Glicério e da própria “reinauguração”, se cala inerte.
Já a carta aberta – assinada também pelo Movimento Amigos Nordestinos
- denuncia mazelas que estão ocorrendo na área da saúde desde antes do governo
de Jonas Donizette e que continuaram após sua posse, embora ele tenha feito
promessas e mais promessas em seus comícios e em sua propaganda eleitoral que o
atendimento à saúde na cidade iria melhorar e muito.
Diz a carta que seu objetivo é de “deixar você, usuário de
nossos serviços, ciente do descaso e abandono o qual a atual administração tem
deixado a população e os funcionários da saúde.” E exemplifica: “São postos de
trabalho sem estrutura alguma para oferecer atendimento adequado, faltam
materiais importantes como fraldas, lençóis, cobertores entre outros como
também medicamentos de suma importância. Além do número insuficiente de
funcionários em setores como Enfermagem, Recepcionistas, Médicos, Técnicos de Raio
X e outros que deveriam compor a equipe como Serviço Social e Psicólogos, entre
outros; o Serviço de Raio X vive quebrado!”
A carta diz ainda que toda estrutura da Saúde é “inadequada,
oferecendo riscos para os trabalhadores e pacientes.”
Um dos postos citados na carta é a Unidade de Pronto
Atendimento do Centro. Diz o documento que “exatamente no mês de aniversário de
três anos de reabertura, o posto encontra-se em situação precária, com poucos
leitos, com camas (sem grades) e macas quebradas não repostas, setores fechados
e sem isolamento para possíveis casos de pacientes com tuberculose e outros que
venham necessitar, deixando todos os funcionários e demais pacientes expostos a
contaminação. O piso encontra-se desfeito em buracos, remendados com
papelão e esparadrapo, e vem aumentando o número de pragas nocivas como
baratas, aranhas, ratos, abelhas e escorpiões que vem sendo encontrados
em vários dias consecutivos.”
A carta aberta à população de Campinas afirma que não é
intenção dos movimentos “fechar o serviço” e sim que o governo de Jonas
Donizette “aja no interesse da população e dê uma solução rápida e adequada
para tão importante serviço.”
Por fim, explicam os signatários que "estamos acompanhando a
reestruturação da Avenida Francisco Glicério e entendemos que o valor gasto
para tal obra deveria ter sido investido em nossos serviços de saúde”.