Quem tem um pouco mais de idade lembra bem da guerra fria.
Estados Unidos e União Soviética lideravam dois blocos de países que viviam em
permanente tensão. E se equivaliam em forças não pelo número de exércitos,
aviões ou navios disponíveis, mas pelo arsenal atômico. Se um maluco apertasse
o botão errado e o outro lado respondesse, bye bye civilização humana, pois
ambos os lados tinham bombas atômicas suficientes para acabar com todo mundo,
mesmo que o mundo fosse muito maior do que é. O medo do fim equilibrava tudo e
mantinha uma “paz” artificial. Com o fim da URSS e a derrocada do socialismo,
não se fala mais em guerra fria, embora o mundo não possa dizer que viva em paz.
Pois o Brasil vive hoje uma situação semelhante, onde dois
lados mantêm tesa a corda da disputa pelo poder e expõem suas armas sem
detoná-las totalmente.
De um lado, o todo poderoso governo que, num piscar de
olhos, consegue enorme quantidade de provas contra um desafeto, mas se mostra
lentíssimo para investigar seus pares.
De outro, o desafeto, acuado, pressionado, e que tem uma “bomba
atômica” que pode usar contra seus inimigos, mas sabe que, ao detoná-la, será
um dos primeiros a cair na retaliação.
Resumindo: Dilma está nas mãos de Eduardo Cunha e ele está
nas mãos de Dilma.
Para quem conhece um pouco da política brasileira, o cenário
armado tem tudo para terminar em pizza. Isso porque Cunha nunca foi mesmo
oposição, andou levando muita grana da corrupção e se chegou onde chegou, foi
com muitos favores prestados a deputados que se tornaram seus seguidores. Não
há nele um resquício de uma liderança nata, de um formador de opinião que seja.
Já a presidente sabe que está por um fio no cargo e é nesse
fio que ela tenta se equilibrar, ora atirando, ora fingindo que chora, ora
apelando a Lula, ora fazendo discursos desconexos da realidade. E mentindo
sempre. Sua meta é terminar seu governo e, tal qual o último ditador militar,
pedir para que a esqueçam.
A rápida investigação e acúmulo de provas com Eduardo Cunha
foi seu primeiro tiro. Guarda outros, com maiores potenciais: a Comissão de
Ética da Câmara e o STF. Na primeira, pode mandar seus asseclas (asseclas do
PT) inocentar ou cassar Cunha. E no segundo também, infelizmente.
Assim, o Brasil de mais de 200 milhões de habitantes, fica
vivendo essa “guerra fria”, “parado no meio do mundo”, como disse o poeta, assistindo
à inflação corroer seu dinheiro, o desemprego acabar com seu salário, o PIB negativo
destruir seus sonhos, o dólar disparando destruir sua Miami e muitas outras
desgraças proporcionadas por uma formidável sequência de desgoverno, incompetência
e corrupção que afundaram um país que tinha tudo para ser a nova potência
mundial.
Não sei quando tempo será preciso para consertar o Brasil do
estrago que o PT fez. Só sei que já passou da hora de decretar o fim da “guerra
fria”, de botar essa gente toda na cadeia e começar a reconstrução. Antes que
seja tarde demais.
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