O articulista Demétrio Magnoli, na Folha, hoje, desanca com
os tucanos que pedem a saída de Dilma, apelidando-os de “cavaleiros do
impeachment”. E justifica sua crítica
afirmando que o mal maior do país é o lulopetismo, e não a presidente. Diz ele: “A
obsessão dos cavaleiros do impeachment envia a mensagem errada à sociedade
brasileira. No fundo, eles estão dizendo que o problema chama-se Dilma, quando
a presidente é apenas a manifestação terminal de um sonho retrógrado chamado
lulopetismo. Dilma passará, cedo ou tarde, recolhendo-se ao lugar apropriado:
uma nota de pé de página no livro da história, destinada a ilustrar a simbiose
teratológica do anacronismo ideológico com a incompetência e a arrogância. O
lulopetismo, porém, tem raízes profundas, fincadas no solo do patrimonialismo,
do corporativismo e de um neonacionalismo de araque, salpicado do autoritarismo
típico da esquerda latino-americana. Os cavaleiros do impeachment desviam-se do
alvo certo, enquanto exibem às ruas suas espadas reluzentes.”
Procurei, em todo o artigo, a solução para estancar a crise,
enfrentá-la e adotar as medidas que fizessem o Brasil retomar o rumo do
desenvolvimento com um sacrifício menor do seu povo. Não encontrei. Magnoli
apenas considera totalmente errada a posição do PSDB contra Dilma, sem dizer o
que fazer nos próximos três anos desse desgoverno que aí está.
Quando Lula assumiu a presidência, em 2003, suas primeiras
medidas econômicas submetidas ao Congresso tiveram amplo apoio do PSDB – às vezes
até maior do que do próprio PT – pois significam a continuidade daquilo que
fora iniciado por FHC e a manutenção do rumo da economia de mercado. Não à toa
um tucano comandava o Banco Central e um petista com ideias liberais comandava
a Fazenda.
O apoio tucano não se reverteu em, pelo menos, um
reconhecimento de Lula e dos petistas de modo geral. Eles continuaram mentindo
sobre a era FHC, continuaram falando em “herança maldita” e creditando ao
governo Lula o fim da inflação que havia se elevado justamente pelo temor da
eleição do petista e voltou ao normal quando o novo governo manteve os
alicerces do Plano Real intactos.
Ao longo dos anos, o governo Lula foi mostrando a que veio.
Tentou várias vezes mudar a economia e, não conseguindo, passou a fazer acordos
terceiro-mundistas que não mais interessam ao Brasil e sim ao partido. Esnobou
as grandes economias e, quando as exportações cresceram por conta do desenvolvimento
chinês e do bom momento da economia mundial, Lula cunhou um governo populista,
gigantesco nos gastos, demagógico nas medidas e corrupto, extremamente corrupto
a ponto de espalhar atos as corrupção por todo o país.
O lulopetismo, como afirma Magnoli, é realmente o mal maior
que o Brasil hoje enfrenta. Mas, se Lula
é o pai dessa macabra fase da vida brasileira, de nada adiantaria o PSDB votar
a favor de medidas severas na economia – como faria um liberal para recuperar o
país – se o PT continuar no poder.
Como se sabe, o projeto do PT ao chegar à presidência era um
só: manter-se no poder. A rede de corrupção que ele instalou no país é prova
disso, como já disseram vários juízes que investigam os malfeitos petistas por aí.
Ora, ao PT, num momento como esse, não interessa se as medidas necessárias são
socialistas ou capitalistas, se são autoritárias ou liberais. Interessa que a
crise não tire o PT do poder. Se, para tanto, contarem com a ajuda do PDSB, como
contou no início do governo Lula, tanto melhor. E se tal comportamento revela
alguma falta de caráter, isso não é problema: nesses anos todos de esculhambação
da democracia, o PT mostrou que bom caráter é artigo raro no partido e no
governo.
Portanto, se o Brasil precisa se livrar do lulopetismo – e eu
concordo plenamente com isso – o primeiro passo a ser dado é a retirada da atual
mandatária, pois ela, por mais biruta que seja ou esteja, foi eleita pelo PT e
é esse o partido que está no poder. Se Dilma não sofrer um processo de
impeachment ou for apeada do poder de outro modo qualquer – dentro das leis, obviamente
– o PT continuará mandando no país, mesmo que medidas liberais sejam tomadas. E
assim que a poeira assentar, o populismo, a demagogia, a farra com o dinheiro o
público voltará à mesma condição que fez com que o Brasil esteja hoje nessa
situação de caos econômico e penúria financeira.
O PSDB não pode, de jeito nenhum, colaborar para que essa situação
se perpetue. O PT é o mal maior e sua saída do poder passa, obviamente, pela
derrubada de Dilma, a não ser que o caro articulista, que critica os tucanos
por quererem o impeachment, esteja sonhando com uma presidente arrependida, que
consiga entender o mal que fez ao Brasil e queira realmente consertar tudo. Não acho que Dilma, com a sua glossolalia e arrogância, seja capaz de mudar. Por isso,
tem de deixar o poder.
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