Parece que o recesso parlamentar de julho não fez muito bem
ao vereador de Campinas, Jota Silva (PSB). É que, nesse período em que não há
sessões legislativas e todo mundo aproveita pra tirar umas férias, ele, talvez para
mostrar que estava trabalhando, protocolou um projeto de lei que cria em
Campinas o dia do “É Gol da Alemanha”.
Não, caro leitor, você não leu errado nem houve algum erro
do blogueiro. É dia do ”É Gol da Alemanha” mesmo.
Segundo o vereador, a data seria “comemorada” todo dia 8 de
julho e serviria para debater, em Campinas, os problemas do futebol brasileiro.
Ou seja, ele quer que a crucificação do Brasil na Copa do
Mundo de 2014 seja lembrada para sempre em Campinas com palestras, debates,
mesas-redondas etc., como se Campinas não tivesse mais nada pra discutir, fosse
uma cidade perfeita e o futebol fosse o maior dos nossos problemas. Claro que
os eventos do dia seriam bancados pelo poder público e talvez até pintasse um
patrocinador, coisa que o vereador, que é locutor esportivo, conhece muito bem.
Será que o vereador – que é do mesmo partido do prefeito
Jonas Donizette, diga-se – não pensou em marcar outras datas relevantes para
discutir problemas que realmente afetam a vida dos campineiros?
Por exemplo: pegue aí uma data em que um paciente que dependia
do SUS para se tratar, morreu por falta de atendimento e institua o “Dia da
Vergonha Campineira”, para que, nesse dia, se debatam os problemas que o
atendimento à saúde tem na cidade.
Ou aquele dia em que uma velhinha foi jogada do ônibus, pois
o animal que dirigia não a esperou subir direito no coletivo e arrancou com aceleração
máxima. Podia ser o “Dia dos Animais ao Volante” e serviria para tentar dar um
pouco de educação aos motoristas dos coletivos da cidade.
Podia pegar um dia qualquer em que o prefeito – esse que
está aí ou os anteriores – prometeu que o número de vagas nas creches seria
suficiente para atender a todas as crianças de Campinas e criar o “Dia da
Mentira Municipal”, quando se pressionaria a autoridade a realmente acabar com
o déficit de vagas nas creches municipais.
Mas pode ser aquele dia em que o Ministério Público
desencadeou a operação que desbaratou a quadrilha do “doutor” Hélio e da
primeira-dama Rosely dos Santos que estava levando milhões e milhões dos cofres
públicos, na maior corrupção que Campinas já sofreu. Seria o “Dia do Pixuleco
Campineiro” e nele se exigiria dos governantes que mostrassem as medidas que
tomaram contra a roubalheira e a corrupção.
Como se vê, não faltam temas para que os vereadores se
mostrem preocupados com fatos e situações que realmente incomodam a população
campineira. Mas parece que o negócio do sr. Jota Silva é dar uma de masoquista
e fazer todo mundo lembrar para sempre do maior vexame que o futebol brasileiro
já passou.
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