A crise política no Brasil chegou a um ponto que, de agora em diante, vai andar ao sabor de detalhes. Não se sabe – ninguém sabe – o que virá e o negócio é ir se preparando para tudo, para o que der e vier para, quem sabe, se dar bem no novo cenário.
O novo cenário é pintado todo dia, às vezes mais de uma vez
por dia e nele cabem todos os personagens que hoje estão à procura de um diretor
de cena.
Lula, por exemplo. Já foi ou é candidato a presidente em
2018, candidato a conselheiro de Dilma com holerite, candidato a ministro de
Dilma e nenhuma das possibilidades prosperou.
Dilma é candidata a presidir o Brasil e, embora eleita para
tanto, ainda não conseguiu. Dizem que já escreveu a carta de renúncia, que está
doente e vai se tratar em Cuba, que tem meio bilhão de dólares no exterior. Mas
ela própria disse que aguenta qualquer pressão. E continua discursando pra
ninguém.
Michel Temer hoje manda mais que Dilma, mas não consegue
fazer seu poder se concretizar e, por isso, não manda nada. Vai daí, trama nos
bastidores um jeito de despachar a titular e vestir a faixa de vez. Quis saber
se o PSDB apoiaria um impeachment de Dilma e ouviu uma resposta positiva. Quis
saber se o PSDB apoiaria um governo seu e ouviu uma resposta negativa.
Eduardo Cunha é o aríete que coloca Dilma na parede. Pego na
Lava Jato, culpou o Planalto e agora ninguém consegue afastá-lo de seu intento
que é derrubar Dilma. Mas quer derrubar Janot e Sergio Moro também, o que é,
evidentemente, um passo muito maior do que suas pernas podem dar.
Renan Calheiros faz pose de estadista que ele nunca foi,
consegue angariar alguma confiança de Dilma, mas também trabalha por sua queda.
É o mais dissimulado dos conspiradores. Se Dilma cair, apoia Temer do mesmo
modo que está apoiando Dilma. Se Cunha for presidente, vai se sentir livre para
voos mais altos nos três meses de poder do presidente da Câmara. Tende a
apoiar, numa eleição presidencial, quem estiver à frente nas pesquisas.
Aécio Neves quer novas eleições, mesmo sabendo que, para
tanto, a eleição de 2014 tem que ser anulada e esse é um processo difícil.
Poderia estar lutando apenas para derrubar Dilma e o PT, mas luta também pelo
seu interesse imediato de ser presidente.
Geraldo Alckmin e José Serra não querem novas eleições já.
Apoiariam Temer presidente pelo que restasse do mandato de Dilma e, tentariam
ser candidatos na eleição de 2018. Alckmin, pelo PSDB – ele tem certeza que
derruba Aécio. E Serra tem certeza que seria
candidato pelo PMDB.
No meio de tudo isso, uma gravação anônima, com uma voz meio
cavernosa, diz que tudo já foi acertado na reunião que Cunha participou na
Fiesp semana passada certo. Diz que Lula foi pego com bilhões no exterior, que
Dilma vai renunciar e ele vai ficar quieto; que Temer vai assumir e fazer um
governo de união nacional sem o PT.
Como se vê, o palco principal da política brasileira tem
vários atores, vários scripts e nenhum diretor que possa escolher o enredo
certo para começar a ensaiar o ato final.
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