sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Campinas é notícia em O Antagonista

Um antigo, pero no mucho, personagem do malfadado governo do “doutor” Hélio em Campinas foi citado, na noite desta sexta-feira, no blog O Antagonista. E foi citado num mesmo post em que suspeitas idas a Portugal de Lula e Zé Dirceu são mais ou menos detalhadas.

O personagem é Luis Carlos da Rocha Gaspar que, durante quase nove anos, presidiu meio anonimamente (explico mais adiante) o Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec). Leiam o que saiu em O Antagonista. Eu volto depois.

Em julho de 2010, o superconsultor José Dirceu integrou uma missão oficial liderada por Lula a Cascais. O Antagonista já mencionou aqui o interesse de Lula pelo balneário português e a menção no caderno vermelho da JD Consultoria a uma certa "Quinta" na freguesia de Parede, lá mesmo, em Cascais. A viagem tinha como objetivo "internacionalizar o Polo de Alta Tecnologia de Campinas", conhecido como CIATEC, então dirigido por um velho amigo de Dirceu de seu exílio cubano, o ex-guerrilheiro Luis Carlos da Rocha Gaspar. Campinas era administrada por outro amigo de Dirceu, o Dr. Hélio, depois condenado por improbidade administrativa - um legado petista.

A programação do evento previa uma palestra de Dirceu: "Brasil e sua estratégia na área de Alta Tecnologia, Integração Brasil e Comunidade Europeia, em especial Portugal". Não se tem notícia dos frutos dessa viagem e Gaspar desapareceu do noticiário após deixar o Ciatec e ser citado a devolver honorários indevidos que embolsou enquanto estava lá.

O Antagonista gostaria de saber o paradeiro de Gaspar e se ele sabe algo sobre a tal "Quinta".

Por onde andas, Gaspar?

Pois é, as intenções de Lula e Zé Dirceu não foram anunciadas nem em Campinas à época, talvez por que Gaspar, sem trocadilho, era um espécie de funcionário fantasma. Se deu uma entrevista durante os quase 8 anos que permaneceu na Ciatec foi muito. Eu mesmo, que escrevia o Xeque Mate no Correio até 2007, consegui falar com ele apenas uma vez, numa entrevista de rádio, curta e sem muita possibilidade de entrar em detalhes.

E a história desse amigão de Zé Dirceu em Campinas começou – segundo fontes que me informaram à época, mas sem que eu conseguisse comprovar – entre o primeiro e o segundo turno da campanha eleitoral de 2004. Hélio e Carlos Sampaio disputavam um segundo turno que tinha o tucano como franco favorito. Hélio, sem recursos para continuar a campanha – ele não esperava chegar ao segundo turno – chegou a pensar em desistir. Mas, de repente, apareceu uma ajuda milagrosa de Brasília.

O então todo-poderoso Zé Dirceu, ao perceber uma possibilidade de derrotar o PSDB numa cidade muito importante, mandou recursos para Hélio. E quem os trouxe foi exatamente Gaspar. Nenhum personagem envolvido na campanha de Hélio confirma a quantia que chegou. Os números, sempre ditos à boca pequena, variavam entre três e cinco milhões de reais. In cash, em malas. Caixa 2, naturalmente.

Hélio ganhou de Carlão, numa virada histórica e o desconhecido Gaspar foi nomeado para a Ciatec. E por lá ficou, calado e mudo.

Mas o fato é que Campinas talvez tenha sido uma das cidades que mais receberam recursos federais durante o governo de Hélio. O então secretário de Comunicação municipal, Francisco de Lagos, me disse que foram R$ 500 milhões que Lula despejou aqui entre 2005 e 2008. Hélio foi reeleito no primeiro turno em 2008, dando uma surra histórica no PSDB que teve novamente Carlos Sampaio como candidato.

Na curta entrevista que Gaspar deu à Rádio Cultura AM (então reproduzindo a programação da Rádio Globo de São Paulo), num programa comandado por Angelo Barione, onde eu participava, por telefone, por uns 15 minutos, perguntei a Gaspar se era verdade a grande amizade com Zé Dirceu. Ele confirmou e disse que a amizade vinha de longe, “desde Cuba”. Sobre recursos para a campanha de Hélio que ele teria trazido, disse que jamais se prestou a tal serviço, o que era uma resposta mais que óbvia.

Em dezembro de 2005, bem antes dessa entrevista, Dirceu foi cassado, na esteira do Mensalão, ele que já havia perdido o cargo de principal ministro de Lula. Mas continuava influente, como sabemos hoje, já que continuou mandando em muita coisa, recebendo dinheiro de propina e fazendo “consultorias” de interesse tanto de empresas quanto do governo, principalmente do chefe Lula, como essa noticiada por O Antagonista – uma viagem a Portugal que grandes empresas estavam negociando no Brasil, acompanhado de Lula.

E o poder de Dirceu foi suficiente para manter seu amigo no cargo aqui em Campinas até depois que Hélio foi cassado. Gaspar só foi demitido em dezembro de 2013, por Jonas Donizette (PSB) que havia assumido em janeiro daquele ano, substituindo Pedro Serafim (PDT) que havia substituído os dois cassados por corrupção: o “doutor” Hélio (PDT) e seu vice Demétrio Vilagra (PT).

Hoje, com a nota do blog de Diogo Mainardi, Mario Sabino e Claudio Dantas, ficamos sabendo a Ciatec foi usada como desculpa para “estreitar laços” entre a cúpula petista (Lula e Zé Dirceu) e empresários portugueses interessados em expandir suas empresas comprando ativos no Brasil. E como esses negócios dependiam do governo  brasileiro, nada melhor do que palestras sobre tecnologia de um centro localizado em uma cidade com fama no setor para encobrir as verdadeiras intenções de Lula e Zé Dirceu.

Não sei responder à pergunta que O Antagonista faz no final (Por onde andas, Gaspar?), pois depois que foi exonerado do cargo na Ciatec, ele sumiu mais ainda do noticiário. Se alguém souber do paradeiro do moço, pode informar ao O Antagonista.

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