segunda-feira, 20 de julho de 2015

Um cúmplice do Mensalão e seu segredo

O deputado Miro Teixeira participou, junto com líderes do então recém eleito PT para a presidência da República, da reunião que determinou que para se compor a maioria no Congresso, o governo ia comprar deputados e senadores. Era a gênesis do Mensalão.

Em entrevista hoje na Folha, ele revela até o mês em que ocorreu a reunião: janeiro de 2003. E revela também que Antonio Palocci estava presente e que os dois votaram contra a “solução orçamentária”. Mas perderam. O repórter quis saber quem mais estava na reunião. Transcrevo trecho da entrevista:

- José Dirceu estava nessa reunião?
- Eu não vou nominar. Há uma coisa que eu devo falar. O Palocci se debateu muito para se trabalhar pelos projetos, dizendo que o PSDB, sem dúvida, apoiaria.

- Qual outro nome importante do governo estava nessa reunião?
- Não vou falar. Teve quatro pessoas presentes.

- O Lula estava nessa reunião?
- Não se deve citar nomes. A revelação que posso fazer é essa.

 Em primeiro lugar, o deputado deveria, para o bem do Brasil, dizer que eram os outros dois membros da reunião. Não revelando quem criou um fato criminoso, ele vira cúmplice. 

Mas da pra deduzir, né? Se havia quatro pessoas presentes e ele e Palocci votaram contra a compra dos parlamentares, mas a proposta foi vencida, é sinal de que os outros dois votaram a favor e, mesmo com o empate, a proposta do Mensalão ganhou. Vai daí, conclui-se que os outros dois participantes deveriam ter mais poder que Miro e Palocci. O deputado não era nem membro tradicional do PT, mas Palocci era o ministro da Fazenda, cargo abaixo apenas do presidente e do ministro chefe do Gabinete, certo?

Quem pensou em Lula e Zé Dirceu como os outros dois participantes da reunião que criou o Mensalão tem grandes chances de acertar...

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