O adiamento da decisão do TCU sobre as contas do governo de
Dilma Rousseff mostra que o Brasil ainda está longe de ser uma nação onde a
democracia e suas leis imperam. Vivemos na idade da pedra da honestidade e não
há perspectiva de que tudo melhor no curto prazo.
O governo Dilma maquiou o quanto quis todas as suas contas,
desde o primeiro ano. Não foram poucas as críticas ao que seu ministro da
Fazenda, o notório Guido Mantega, fazia para disfarçar os rombos produzidos pela
gastança indiscriminada do governo.
No último ano, com eleições e com Dilma candidata à reeleição,
a coisa piorou. O dinheiro, que já estava curto por conta das cagadas todas na
área econômica, ia faltar até para coisas básicas. E faltou mesmo: embaixadas
tiveram contas atrasadas, pagamentos de empenhos por obras sofreram atrasos de
vários meses, repasse a municípios começaram a minguar etc.
Mas não faltou dinheiro
para o Bolsa Família - que mantém, na pobreza e no cabresto eleitoral milhões de pessoas -
e nem para obras de casas populares. Foi para eles que
Dilma deu pedaladas com o firme propósito de manter o eleitorado cativo que lhe
daria, em outubro, a reeleição.
As pedaladas fiscais – os bancos pagando compromissos do
governo sem que o governo pedisse permissão ao Congresso para contrair tais empréstimos
– aliadas à maquiagem na qual Mantega se especializou esconderam algumas
centenas de bilhões de reais que o governo não tinha e gastou, gerando
formidável déficit que o “mágico” ministro transformava em pequeno superávit.
O discurso eleitoreiro que veio a seguir tinha tanta verdade
quanto os balanços e as prestações de contas. O resultado disso tudo o Brasil
está vivendo agora: inflação subindo cada vez mais, preços subindo também,
salários deteriorados, o país diminuindo sua produção, desemprego desenfreado,
montadoras demitindo ou dando férias coletivas porque não tem mais espaço para
alojar a produção encalhada. E a corrupção mostrando que, nos últimos 12 anos,
campeou impune pelo Brasil inteiro, comandada sempre por um petista estrelado.
Nesse cenário, o TCU se acovarda e dá 30 dias de prazo para
a presidente se defender do indefensável. As irregularidades assinaladas no
processo pelo pessoal técnico do tribunal, pelo promotor do tribunal e pelo
próprio ministro relator são tão eloquentes que não há defesa possível. O
relator chega a dizer em seu relatório que não se pode jogar a Lei de Responsabilidade
Fiscal no lixo. E isso Dilma já havia feito ao mudar a lei que a obrigava a
realizar um superávit primário que não foi realizado.
A desculpa de que ela não é culpada pela sangria financeira
do Brasil já começa a correr por aí e é a mais descarada mentira. Mesmo que não
soubesse exatamente do que estava sendo feita, tudo foi feito para que ela se
beneficiasse com a reeleição.
O que não pode mais é as autoridades responsáveis desse país
taparem os olhos – e o nariz – diante de tanta sujeira, de tanta afronta à lei,
de tanta irresponsabilidade de um governo. O Brasil precisa voltar a ser um país
de verdade, não um condomínio a serviço de um partido político e seus corruptos
chefetes.
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