quarta-feira, 17 de junho de 2015

TCU se acovarda

O adiamento da decisão do TCU sobre as contas do governo de Dilma Rousseff mostra que o Brasil ainda está longe de ser uma nação onde a democracia e suas leis imperam. Vivemos na idade da pedra da honestidade e não há perspectiva de que tudo melhor no curto prazo.

O governo Dilma maquiou o quanto quis todas as suas contas, desde o primeiro ano. Não foram poucas as críticas ao que seu ministro da Fazenda, o notório Guido Mantega, fazia para disfarçar os rombos produzidos pela gastança indiscriminada do governo.

No último ano, com eleições e com Dilma candidata à reeleição, a coisa piorou. O dinheiro, que já estava curto por conta das cagadas todas na área econômica, ia faltar até para coisas básicas. E faltou mesmo: embaixadas tiveram contas atrasadas, pagamentos de empenhos por obras sofreram atrasos de vários meses, repasse a municípios começaram a minguar etc. 

Mas não faltou dinheiro para o Bolsa Família - que mantém, na pobreza e no cabresto eleitoral milhões de pessoas - 
e nem para obras de casas populares. Foi para eles que Dilma deu pedaladas com o firme propósito de manter o eleitorado cativo que lhe daria, em outubro, a reeleição.

As pedaladas fiscais – os bancos pagando compromissos do governo sem que o governo pedisse permissão ao Congresso para contrair tais empréstimos – aliadas à maquiagem na qual Mantega se especializou esconderam algumas centenas de bilhões de reais que o governo não tinha e gastou, gerando formidável déficit que o “mágico” ministro transformava em pequeno superávit.

O discurso eleitoreiro que veio a seguir tinha tanta verdade quanto os balanços e as prestações de contas. O resultado disso tudo o Brasil está vivendo agora: inflação subindo cada vez mais, preços subindo também, salários deteriorados, o país diminuindo sua produção, desemprego desenfreado, montadoras demitindo ou dando férias coletivas porque não tem mais espaço para alojar a produção encalhada. E a corrupção mostrando que, nos últimos 12 anos, campeou impune pelo Brasil inteiro, comandada sempre por um petista estrelado.

Nesse cenário, o TCU se acovarda e dá 30 dias de prazo para a presidente se defender do indefensável. As irregularidades assinaladas no processo pelo pessoal técnico do tribunal, pelo promotor do tribunal e pelo próprio ministro relator são tão eloquentes que não há defesa possível. O relator chega a dizer em seu relatório que não se pode jogar a Lei de Responsabilidade Fiscal no lixo. E isso Dilma já havia feito ao mudar a lei que a obrigava a realizar um superávit primário que não foi realizado.

A desculpa de que ela não é culpada pela sangria financeira do Brasil já começa a correr por aí e é a mais descarada mentira. Mesmo que não soubesse exatamente do que estava sendo feita, tudo foi feito para que ela se beneficiasse com a reeleição.

O que não pode mais é as autoridades responsáveis desse país taparem os olhos – e o nariz – diante de tanta sujeira, de tanta afronta à lei, de tanta irresponsabilidade de um governo. O Brasil precisa voltar a ser um país de verdade, não um condomínio a serviço de um partido político e seus corruptos chefetes. 

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