Depois de uma saraivada de críticas ao “Plano Levy”,
endossadas inclusive pelo próprio Lula, o PT resolve parar de tratar o ministro
da economia do governo do PT como um agente imperialista infiltrado no partido
para destruí-lo. Parece que Lula e seus asseclas descobriram que estavam dando
um tiro no próprio pé, pois o tal do “Plano Levy” é a única saída que lhes
resta para tentar melhorar a economia do país e tentar, com isso, ter de volta o
eleitorado que fugiu.
Mas vai ser difícil. A rebeldia petista a Levy mostrou a fragilidade
de um governo que se construiu em bases efêmeras, que sempre se pautou pelo
discurso populista e que usou a mentira para angariar simpatias. Ao
mal estado geral da economia – cuja melhora não acontecerá antes de uns dois
anos – soma-se o mar de lama da corrupção, no qual o PT lançou âncoras a ponto
de se tornar sinônimo de irregularidade, de propina, de malfeito e de outros
vocábulos da mesma laia.
Ao suicídio rápido que traria a campanha contra Levy aliada
ao desmascaramento da corrupção, o PT preferiu adiar um pouco seu suplício, na
tentativa de recuperar um prestígio que deixou escapar pelo vão dos dedos. Ao
anunciar apoio às políticas “neoliberais” de Levy, o PT mostra uma de suas várias
caras: acuado o partido faz o que negava antes e negará no futuro o que faz
agora se tudo servir para que o poder não o abandone.
A saga petista dos últimos doze anos transformou o partido num
enclave fora da lei de tal modo que dificilmente ele se adaptará a uma vida fora
do poder. E a missão de voltar a ser oposição se tornará ainda mais complicada porque
não poderá criticar quase nada nos adversários, pois tudo que poderia ser feito
de ruim a um país o PT fez. Restar-lhe-á criticar, se na oposição, o mesmo que
hoje partidecos de esquerda criticam, o que, convenhamos, não é prática que
angarie simpatia ou votos, tanto que essas agremiações com seus discursos esquerdistas
jamais deixaram de ser partidecos.
Assim, o PT vai assinando seu despejo do poder e, quem sabe,
sua despedida da vida pública, pois se tornou tão dependente do poder que, fora
dele, não conseguirá mais respirar. O grande beneficiado dessa morte, provavelmente
antes dos 40 anos de vida, será o povo brasileiro.
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