domingo, 21 de junho de 2015

Lula e o PT colhem o que plantaram



As últimas declarações de Lula sobre “volumes mortos” chamaram a atenção de todos. Realmente ele acertou ao dizer que tanto ele quanto o PT e a própria Dilma estão no volume morto de um governo que fez muita coisa errada desde 2003, explodiu em 2014 e ainda não conseguiu entrar em 2015. E não se sabe se conseguirá.

Mas outras frases de Lula ditas no mesmo encontro têm também suma importância para descrever o petismo, o lulismo ou seja lá qual for o apelido que esses negros tempos na política brasileira receberão dos futuros historiadores. Quando disse que “via um mau humor na sociedade”, Lula acrescentou: “Jamais vi o ódio que está na sociedade. Companheiro do PT não podendo entrar em restaurante."

Pois é. Há dois fatos que se combinam para que Lula perceba “ódio” na sociedade contra “companheiro do PT” até em restaurantes.

O primeiro deles é que a classe média, ou pelo menos boa parte dela, acordou para a realidade. Acostumada a levar o país nas costas com seu trabalho, pagando elevados impostos e sendo o filé da força de consumo, a classe média percebeu, talvez informada não só pela grande imprensa (aquele que o PT apelidou de “golpista”), mas também pela elevado acesso  às redes sociais facilitado pelos avanços tecnológicos que provocaram barateamento dos equipamentos todos, a classe média percebeu que estava na hora de demonstrar sua insatisfação com a corrupção desenfreada, com a violência, com os péssimo serviços públicos e com um governo que fazia o contrário do dizia.

Por exemplo: as várias atitudes do governo petista em direção à esquerda, principalmente o apoio a ditaduras e a autoritários governantes, como Maduro e os irmãos Castro, causaram e causam profunda consternação numa classe média mais informada, que passou a encarar o PT coo sinônimo de corrupção e, pior ainda, de ditadura.

O débâcle da economia veio completar o quadro: com o salário não sendo suficiente para fazer frente às mesmas despesas de meses atrás, findou-se o estado de receio ao protesto contra o PT.
Mas há um segundo motivo, também plantado pelo PT e, principalmente por Lula, que ajudou, e muito, a criar o clima de “ódio”. Esse motivo começou a se concretizar nos discursos petistas mesmo antes do primeiro mandato de Lula, ao considerar que os adversários do PT eram, primeiro a “burguesia”, depois “as elites” com sua variável “branco, loiro de olhos claros”.

Além disso, toda vez que se sentia acuado por denúncias de corrupção, por exemplo, Lula dizia que havia uma campanha dos ricos contra o pobre PT, que “as elites” não se conformavam de um operário ter chegado ao poder e outras bobagens e mentiras que ainda hoje inundam esses demagógicos discursos da esquerda.

Esse ódio que Lula cevava para justificar denúncias contra ele e seu partido acabou, de tão absurdo que era, virando-se contra os petistas. E a cada denúncia de corrupção, a cada valor milionário de propinas retiradas dos cofres públicos e distribuídas entre os aliados, a cada baciada de carros de luxo encontrados em mansões e grandes apartamentos em áreas nobres, o ódio da classe média que, repito, carrega o país nas costas, aumentava.  

E esse ódio acabou dando coragem ao brasileiro comum de vaiar um petista que entre no mesmo restaurante que ele. A vaia é protesto que estava calado na garganta de muita gente que hoje se sente enganada pelo PT. A classe média descobriu que trata-se de um partido que, e isso alguns analistas inclusive esse blogueiro vêm dizendo há tempos, jamais esteve interessado no desenvolvimento real do Brasil. Ao PT sempre interessou apenas a manutenção do poder e, para tanto, não se importou em fazer acordos com que chamava há pouco tempo de ladrão, de roubar bilhões dos cofres públicos e manter, via programas sociais, uma reserva eleitoral que, saindo da miséria e se mantendo na pobreza, lhe garantia a perpetuação no poder.

A pesquisa Datafolha, publicada neste domingo, mostra que os graves erros na condução da economia estão acabando também com essa reserva eleitoral. Uma eleição hoje aponta Lula em segundo lugar, dez pontos percentuais atrás de Aécio.

É o ódio pregado por Lula se voltando contra ele e se materializando na hostilidade nos restaurantes e no voto para a oposição. Talvez seja esse o real começo do fim do PT. 

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