sexta-feira, 5 de junho de 2015

Eleições em Campinas: um cenário mutante

A batalha perdida contra a dengue, a vontade de o PMDB local lançar candidato, a conversa que não deu em nada com representante do PDT, a conversa que não deu em nada com o PSD e a real possibilidade de o novo partido que está sendo formatado por Kassab, o PL, lançar o vereador Artur Orsi como candidato a prefeito, estão causando preocupações várias lá pelas bandas do Palácio dos Jequitibás, mais precisamente no quarto andar, onde se senta, na principal cadeira, o prefeito Jonas Donizette (PSB).

O recorde em casos de dengue no município deve calar fundo na candidatura de Jonas. Claro que não decretará, por si só, uma derrota, mas vai fornecer munição farta a seus adversários numa área que é altamente sensível, pois além dessa epidemia, enfrenta problemas diários de atendimento demorado e de marcações de consulta com especialistas para vários meses à frente.

O fato de o PMDB ter conseguido uma boquinha no secretariado de Jonas significou, para o prefeito, que o partido firmara uma aliança. Já para o PMDB significou apenas um cargo a mais, do qual ele pode sair para apoiar um adversário de Jonas se o cenário eleitoral de 2016 estiver meio nebuloso para o atual prefeito. OU mesmo lançar um candidato próprio para, num eventual segundo turno (ou até mesmo ainda no primeiro) negociar um apoio. E não necessariamente com Jonas. Quem conhece o PMDB nacional vai perceber que ele reproduz, em muitas outras cidades brasileiras, o comportamento que tem em Brasília. Daí...

Já o PDT é uma incógnita. Difícil, mas não impossível, que apoie Jonas. Mas pode lançar Pedro Serafim candidato a prefeito. Desde que governou por quase um ano a cidade, Serafim tomou gosto pela coisa. Foi candidato a deputado federal, teve 42 mil votos e não se elegeu, mas anda articulando alguma coisa pra as eleições do ano que vem.  Por enquanto não está com Jonas.

E o PSD de Gilberto Kassab e Guilherme Campos é o partido que pode agitar as eleições campineiras. A primeira conversa com Artur Orsi, hoje um estranho no ninho tucano, já que não concordou em ser da base aliada de Jonas e manteve sua postura de oposição que vem desde o primeiro governo do cassado prefeito Hélio de Oliveira Santos, foi a grande surpresa até aqui. Na conversa, convite para Orsi sair do PSDB, presidir o futuro PL em Campinas e ser candidato a prefeito.

Orsi ficou entusiasmado, embora não tenha decidido ainda. Vai haver outra conversa, mas numa reunião com um grupo de amigos e apoiadores, Orsi ouviu de todos que já havia passado da hora de ele sair do PSDB de Carlos Sampaio e Célia Leão, os dois caciques do partido que impedem voos mais altos de Orsi – e de qualquer outro que se atreva – mesmo o PSDB não tendo conseguido eleger nenhum prefeito depois de Magalhães Teixeira em 1992, há, portanto, 23 anos, com Sampaio e Célia se revezando nas candidaturas.

Enfim, um cenário que parecia tranquilo para a reeleição de Jonas, começa a se modificar. E as mudanças apontam para uma disputa muito mais acirrada, inclusive com a presença de um candidato do PT, que pode ser o mesmo Marcio Pochmann de 2012. Embora o partido venha sofrendo enorme desgaste com o envolvimento em escândalos de corrupção e a crise na economia que ele próprio criou, Pochmann não é figura envolvida com a política nacional e tem tentado explorar a péssima administração de Jonas em populosos bairros periféricos. Mesmo com o prestígio abalado, o PT pode significar um problema muito sério para a candidatura de Jonas. 

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