Obras públicas no Brasil costumam começar com um preço e
terminar – sempre muito além do prazo inicial – com um preço quatro, cinco e até
mais vezes maior que o inicial. A inflação do período pode ser de um dígito,
mas os reajustes no preço da obra são sempre muito além da inflação.
Mas agora a Prefeitura de Campinas está inovando no setor.
Não que a inovação traga benefícios para a cidade, muito pelo contrário. É que uma obra prevista para começar no ano
passado e que ainda nem começou, já tem a previsão de preço final aumentada em
nada menos que 30%. Trata-se do corredor dos ônibus rápidos, que ligarão
regiões da cidade ao Centro. O projeto é conhecido como BRT – sigla de Bus
Rapid Transit – um sistema em que grandes ônibus transportam passageiros em corredores
exclusivos por grandes distâncias dentro do município. O sistema é bom e
viável, como já demonstraram outros países que o implantaram. Mas no Brasil a
coisa toda anda devagar, sempre. E cada vez mais cara.
A ideia de implantar esse sistema em Campinas surgiu ainda
no governo do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), cassado por corrupção.
Depois que o vice de Hélio (Demétrio Vilagra- PT) também foi cassado por corrupção,
Pedro Serafim (PDT) assumiu a Prefeitura de Campinas para completar o ano que
faltava de mandato e deu sequência ao projeto. Moveu mundos e fundos para
tentar viabilizar a obra em 2012, mas a burocracia brasileira e outras incompetências
públicas impediram.
Jonas Donizette (PSB) que assumiu em 2013, tinha a obra
como prioridade. Em seus discursos de campanha, ressaltava o bom trânsito no
Planalto (seu partido era da base do governo) para conseguir liberar a grana do
BRT. Mas, para a liberação das verbas são necessários projetos. O primeiro é o
básico, que já existia na gestão de Serafim, mas foi refeito com Jonas.
No Plano de Metas do atual governo está escrito na página 59
– “Realizar estudos, projetos básicos e executivos para a implantação de dois
corredores de ônibus nos eixos estruturais Campo Grande, Ouro Verde e
Perimetral conforme padrão BRT (Bus Rapid Transit).” Prazo: “ 1º Semestre 2014”.
Estamos perto do fim do primeiro semestre de 2015 e apenas o
projeto básico foi feito e está na Caixa Econômica Federal para “estudos”. E
foi esse que já calculou que o preço da obra ficar em 30% além do previsto. O
preço inicial é R$ 340 milhões, dos quais, por enquanto, R$ 45 milhões devem
sair dos cofres púbicos municipais.
Ora, o dinheiro federal para o projeto já tem números
definidos. Sairá do FGTS, do Orçamento Federal e da Prefeitura. Se hoje se
calcula que custará 30% a mais, de algum lugar terá de sair. O FGTS está em
vias de ser usado em grande parte para salvar o BNDES; o Orçamento Federal tem
um rombo enorme e o ministro Joaquim Levy está desesperado atrás de mais R$ 30
bilhões para ver se consegue fechar uma conta que não é das melhores. E o
desespero é tão grande que até na ressurreição da malfadada CPMF já estão
falando. E os cofres públicos municipais penam com a diminuição de arrecadação,
consequência da diminuição acentuada do PIB depois do desastre petista na
economia brasileira.
Se vai custar mais caro, com certeza implicará em novos
cálculos para conseguir mais dinheiro do FGTS e do Tesouro ou de outras fontes.
O que, convenhamos, na penúria em que o PT meteu o Brasil, não vai ser fácil
conseguir. Assim, o atraso na obra pode ser ainda maior e ultrapassar a
previsão de inauguração no primeiro semestre de 2016, como está previsto no
Plano de Metas. O que prejudicará, e muito, o interesse eleitoral do prefeito,
que está louco para inaugurar e mostrar na propaganda política, antes da
eleição do ano que vem, uma grande obra.
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