Hoje, ao lado do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzalez,
Lula disse que o PT está velho, perdeu a utopia e seus companheiros “só pensam
em cargos, em empregos, em ser eleito”.
Ao atribuir aos “companheiros” os defeitos que ele vê no PT,
Lula parece se esquecer que ele
comandou o partido desde seu nascimento e os problemas que enfrenta hoje foram
todos costurados por ele e sua turminha. O homem é mesmo safado ao extremo.
Não foram poucos os discursos em que ele pregava a luta de
classes, a ideologia atrasada, mentia sobre seus feitos e louvava o
preconceito, acusando elites de querer tirar o PT do poder. Enquanto isso,
criava uma elite financeira dentro do partido e favorecia as elites
verdadeiras, políticas e empresariais, promovendo promíscua relação entre elas
e os cofres públicos. Suas alianças com a oligarquia política do Brasil,
representada por Sarney, Collor e outros é bem um exemplo de que Lula jamais
teve pudor em se aliar à podridão nacional para se manter no poder. Não
poderia, agora, reclamar que “companheiros” fazem o mesmo.
A utopia que ele diz perdida se foi na Carta do Recife, em
2002, quando o partido abriu mão dos ideais socialistas e louvou o liberalismo
econômico iniciado por Fernando Henrique como forma de chegar ao poder. Claro
que a perda dessa utopia foi boa para todos os brasileiros, pois seria uma
desgraça muito maior ver o Brasil encarar um regime que não deu certo - e
continua não dando – em lugar nenhum do mundo.
Por isso Lula não pode dizer que o PT perdeu a utopia: os 12
anos e meio no poder mostraram que a utopia, na verdade, jamais existiu, pois
nunca houve qualquer projeto para tanto. A falta dele se traduziu no que foi
feito na economia. Medidas imediatistas, que garantiam votos ou adiavam
problemas, se acumularam tanto que estouraram neste 2015, de PIB negativo, de
recessão, inflação alta, desemprego crescente e descrédito internacional.
Lula mente descaradamente e tenta agora ver defeitos novos
onde eles são velhos. Tenta culpar um governo que seguiu à risca tudo que ele
fez e mandou fazer e que só deu certo por um breve tempo, enquanto o mundo
comprava à farta nossas commodities.
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