“O número deste ano (de
casos de dengue) é proporcional ao ano passado. Mas, se compararmos com os números
nacionais, é baixo. Campinas é um modelo de combate.”
A frase acima é do secretário de Saúde Campinas, Carmino de
Souza. Sim, o homem encarregado de combater a dengue na cidade disse essa frase
lapidar que foi publicada hoje no Correio Popular. Deve haver algum recorde nela, pois ele
conseguiu, em duas linhas, dizer duas enormes mentiras e algo que não deveria
ser colocado como se fosse positivo. O pior é que o prefeito, Jonas Donizette
(PSB) deve ter adorado a frase.
Vamos aos absurdos ditos pelo secretário. Campinas tem hoje cerca
de 32 mil casos de dengue e sete mortes. É recorde no Estado de São Paulo,
ganhando até mesmo da capital, em números cheios, não proporcionais. E a
capital tem quase dez vezes mais habitantes.
Ano passado Campinas bateu todos os recordes: mais de 42 mil
casos e dez mortes. O fato de o número ser proporcional ao do ano passado é
algo terrível e não deveria ser dito como se essa “proporcionalidade” fosse
algo positivo.
A frase seguinte (“Mas, se compararmos com os números
nacionais, é baixo”) é uma mentira monstruosa. Pois os números nacionais
revelam que o Brasil estava, até 18 de abril, dia dos últimos dados nacionais disponíveis,
com 745,9 mil casos notificados. Ou seja, 367,8 casos para cada grupo de 100 mil
habitantes, medida adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Pois
Campinas, com seus 32 mil casos, carrega a marca de 3.437 casos para cada grupo
de 100 mil habitantes. Ou quase dez vezes mais que a média do país. Acrescente-se que a OMS considera que há uma
epidemia da doença quando os casos ultrapassam 300 por cem mil.
O Estado de São Paulo, onde há o maior número de casos da
doença, está com 911 casos por cem mil habitantes. Campinas tem quase quatro isso.
Por aí se vê que Campinas não pode ser um “modelo no combate”
como disse o secretário, no terceiro absurdo dito por ele.
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