quinta-feira, 7 de maio de 2015

O lento Camprev quer uma sede própria de sete andares


Uma das páginas do projeto básico da futura sede do Camprev
O Instituto de Previdência Social de Campinas (Camprev) demora, depois de receber a papelada toda, um ano para processar a aposentadoria de um servidor da Prefeitura. Motivo: tudo é feito manualmente, mesmo depois de umas duas décadas da implantação dos serviços de informática no Brasil.

Na Previdência federal, famosa pela burocracia, um pedido de aposentadoria, se os documentos estiverem corretos, leva 45 dias. Foi o que ocorreu comigo, por exemplo. Atendimento com hora marcada pela internet, verificação nos arquivos próprios se os empregos registrados na carteira profissional estavam certos e pronto. O funcionário me disse que eu receberia uma carta dentro de 45 dias mais ou menos. E recebi mesmo, com a aposentadoria concedida a partir do dia em que pedi e com o valor a receber mensalmente. Mas o Camprev faz tudo à mão e, por isso, demora um ano.

Para acabar com essa demora o que deve ser feito? Ora, basta comprar computadores e ter programas compatíveis com os da Prefeitura e da Previdência. Assim, num atendimento de meia hora, como foi o meu, o servidor municipal poderá sair de lá sabendo que, em um ou dois meses, passará a receber sua aposentadoria.

O investimento é alto? Sim. Computadores não são baratos e como também os programas exigidos.
Mas o investimento, para melhor atender o público naquilo que de mais importante o público vai procurar no Camprev, deve ser infinitamente menor do que a construção de uma nova sede para o órgão.

Sim, pelo jeito, o Camprev prefere ter uma nova sede a atender melhor os servidores que deixam, durante todo o período em que trabalham na Prefeitura, uma boa parte de seus salários para sustentar o órgão e pagar as aposentadorias e pensões.

Pois já está publicada a Concorrência 02/2015 para “contratação de empresa para elaboração de Projeto Executivo e Execução de obras de construção da Sede do Instituto de Previdência Social do Município de Campinas.” O critério para escolher a empresa vencedora será “o menor preço global” e envelopes com as propostas podem ser entregues até dia 8 de junho próximo.

O prédio terá 7 andares, mais um mezanino (reservado à Presidência, segundo o projeto) e garagens no subsolo. Vai ficar numa rua atrás do Hospital Mario Gatti. Atualmente, o Camprev funciona no em imóvel localizado na rua Sacramento, no Centro.

É meio difícil acreditar que um órgão público que não tem equipamentos suficientes para bem atender o público que o sustenta, vá gastar milhões de reais para a construção de uma nova sede. Só no Brasil mesmo. Em Campinas.

Isso sem falar que há uma permanente ameaça, conhecida por muitos funcionários, de o Camprev falir qualquer dia desses, porque o tal equilíbrio atuarial - ou seja, o dinheiro que entra dos funcionários da ativa versus o dinheiro que os aposentados devem receber - estaria ameaçado. E também porque, pelo que se ventila por aí, as últimas diretorias não foram lá muito competentes em aplicar os recursos do Instituto. Algo parecido, dizem, com os fundos de pensão de estatais do governo federal, que perderam bilhões de reais em investimento altamente perigosos.

Enfim, diante dessa desconfiança toda, o Camprev, depois de se equipar para melhor atender seus clientes, deveria vir a público e mostrar que suas finanças estão seguras e que comportam, sem qualquer ameaça às suas obrigações com os aposentados e pensionistas, a construção de uma enorme sede própria.

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