quarta-feira, 13 de maio de 2015

Inadimplentes: o exemplo vem de cima

Dos 145 milhões de brasileiros que compõem a população economicamente ativa – aquela que pode comprar alguma coisa pelo crediário – mais de 1/3 dela, ou 37,9%, não está pagando em dia as prestações. São 55,3 milhões de consumidores que estão dentro da chamada inadimplência, aquela situação em que o salário acaba antes de nele ser incluída a prestação do carro, da tv de 50 polegadas, da geladeira duplex ou da passagem pra Miami dividida em 12 vezes. A alimentação, o aluguel, a conta de luz, o condomínio, a escola das crianças são prioritárias. E como a inflação está aumentando, muitos desses itens estão comendo mais salário hoje do que no ano passado. E ai a coisa aperta.

Mas poderia não ser assim. O problema foi o modelo adotado pelo governo petista, desde 2004, que privilegiou o consumo interno e por ele fez loucuras para que se mantivesse elevado. Como, a partir daquele ano, o caixa do governo começou a se encher dos dólares oriundos das exportações, o governo petista queimou etapas em nome do ganho eleitoral. Ao invés de dotar o país de mecanismos que lhe garantiriam a competitividade no comércio exterior para, depois, iniciar uma lenta e segura melhoria nas condições financeiras do consumidor interno, quis fazer do consumo interno a mola propulsora do desenvolvimento do Brasil segurando preços artificialmente e jogando dinheiro no mercado para financiar os produtos.

Foi só o mundo entrar em crise econômica para as exportações brasileiras diminuírem e não mais sobrar dinheiro para financiar a linha branca, por exemplo, ou para renunciar ao IPI das montadoras.
Claro que a formidável corrupção que aumentou sensivelmente os preços das obras públicas, a inacreditável besteira de causar prejuízos à Petrobras ao não aumentar o preço dos combustíveis para agradar ao eleitor, a sangria de capitais para ditaduras de esquerda, o paquidérmico e caro ministério com 39 ministros para angariar apoios políticos e outras medidas do gênero também contribuíram para a derrocada da economia.

Mas a tentativa de melhorar o consumo interno sem que as condições para tanto estivessem colocadas foi uma espécie de crime contra todo o país. Não foram poucos os analistas de economia que avisaram que a aventura poderia durar pouco, que um eletrodoméstico dura bem mais que o prazo de financiamento e que as pessoas com salários não muito elevados e que tiveram acesso a financiamentos de automóveis de até 5 anos, costumam preservar o carro por dez anos ou mais.

Assim, sem caixa suficiente para bancar a festa do consumo, o governo petista começou a fazer água, deixando de pagar compromissos internacionais, diminuindo a verba das embaixadas (há, hoje, dezenas delas em greve, pedindo dinheiro para pagar alugueis no exterior), atrasando pagamentos a empreiteiras locais, diminuindo o ritmo de programas importantes como a construção de casas populares, cortando verbas das universidades, de programas de financiamento estudantil etc.

Ou seja, o primeiro grande inadimplente do Brasil, antes dessa onda de devedores atingir 55 milhões de brasileiros, foi o próprio governo petista, vítima de sua ganância pelo poder. Dizem que o exemplo vem de cima e é isso o que está acontecendo. O devedor brasileiro hoje está apenas tentando não morrer de fome, manter a mínima infraestrutura da casa, manter a própria casa, fazendo a mesma coisa que o governo petista faz:. não pagando algumas dívidas pra sobrar dinheiro para o essencial. 

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