quarta-feira, 6 de maio de 2015

Como é que é?

Uma carta enviada ao Correio Popular de Campinas pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura dá bem a ideia de que o atual governo pouco entende da cidade. Ao responder um leitor que havia criticado o poder municipal por conta das inundações que ocorrem no Centro quando chove um pouco mais forte, a Prefeitura respondeu que a “revitalização do Centro – e da Glicério – é uma dívida antiga que a municipalidade tem com a história da cidade e com seus cidadãos”.

Aí já começa o engano disfarçado de engodo ou vice-versa. Acontece que revitalizar o Centro é uma coisa e transformar a Glicério numa avenida mais estreita com calçadas mais largas  com algumas floreiras, é outra bem diferente. Enterrar a fiação é bom, mas a cidade inteira precisa desse tipo de ação, já que os postes, mesmo nos bairros, já estão entortando devido ao peso da enorme quantidade de fios que por eles passam. 

Além do mais, não há notícia de que as obras que estão sendo realizadas na Glicério serão expandidas para o resto do Centro. Aliás, não há sequer um projeto conjunto do qual a Glicério seria uma parte, como deveria ser caso tivéssemos um governo sério.

E sem essa expansão, com a diminuição do leito carroçável da Glicério, os congestionamentos que já são constantes na região, se tornarão permanentes. Sem contar que o próprio projeto para a avenida é um negócio mal feito que não passaria pelo crivo de uma bancada de arquitetos com o mínimo de experiência em intervenções urbanas.

Mas a resposta da Secretaria de Comunicação da Prefeitura prossegue afirmando que “trata-se de um espaço cívico, simbólico” e penso estar aí o maior equívoco dessa cartinha para o jornal.

A Glicério é a artéria importante do Centro, embora avenidas como a Moraes Salles, a Campos Salles, Anchieta, Senador Saraiva e ruas como a General Osório e a Benjamin Constant também tenham grande importância. Só que o tal do “espaço cívico, simbólico”, está longe de ser a avenida inteira. Quando muito o Largo do Rosário e a Praça Guilherme de Almeida carregam um simbolismo cívico maior. Fosse por esse critério, as ruas Barão de Jaguara, Dr. Quirino e Luzitana teriam prioridade, já que nelas nasceu Campinas, dali se expandindo para formar a grande área central.

A “revitalização” da Glicério pode e vai melhorar a aparência da avenida, mas temo que a Prefeitura, na ânsia de realizar uma obra de impacto no Centro, esteja perdendo uma grande oportunidade de pensar uma solução para toda a região que se mostra extremamente problemática. E o afunilamento já anunciado deve trazer graves consequências para o trânsito, com reflexos nas outras ruas e avenidas que, tão merecedoras de uma revitalização quanto a Glicério, foram esquecidas pelo atual governo municipal. Ou como disse um amigo no Café Regina, dia desses, “não é nem uma revitalização ‘meia-boca’. É, no máximo, uma maquiagem na Glicério”.

E como não tinha muito a dizer sobre a crítica feita pelo leitor, o resto da cartinha da Prefeitura ao jornal lista uma série de trabalhos que ela chama de “investimentos” do governo,  como se arrumar praças, asfaltar ruas e limpar córregos não fossem obrigações do poder público, pelas quais o cidadão paga e paga bem caro. Pobre Campinas!

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