Dois comentários publicados no post anterior revelam o temor
de eleitores de Artur Orsi com sua possível ida para o PSD que deve se fundir
com o PL, formando novo partido e tornando possível a entrada de parlamentares
com mandatos oriundos de outros partidos, sem cair na infidelidade partidária.
O temor tem lá suas razões, afinal, o cacique do PSD é o
ministro das Cidades, Gilberto Kassab que já declarou que a ideologia do seu
partido não se situa nem à esquerda, nem à direita e, digo eu, nem ao centro ou
qualquer outro lugar do espectro ideológico.Vai daí que Artur Orsi, um tucano legítimo, liberal,
que sempre se opôs ao PT, aos governos petistas e a outras esquerdas reacionárias que ululam por aí
(PSOL, PSTU, PCdoB...) não estaria em boa companhia e poderia ser confundido
com gente como Kassab.
Só que não creio que seja assim. Em primeiro lugar, conheço
Orsi o suficiente para saber que sua postura atual – oposição ao governo de
Jonas Donizette, eleito numa aliança com o PSDB, partido de Orsi – não é fruto
de algum marketing eleitoral e sim de suas convicções. Nunca acreditou – e com razão
- no bom-mocismo emanado de Donizette e, logo no início do governo municipal, percebeu
fatos não republicanos, para usar uma metáfora em moda, e, ciente da função
para a qual foi eleito, os denunciou, se tornando “persona non grata” tanto no
governo quanto no seu próprio partido.
Se perdeu possíveis benesses que o poder concede à fiel base
aliada ao prefeito, ganhou simpatia não só de seus mais de 13 mil eleitores (a
maior votação da atual legislatura), como de muito mais gente que vê nele a
representação do desejo de limpar a política brasileira dos desonestos
políticos que fazem dela seus meios de vida.
É esse cacife que Orsi carregará para qualquer partido onde
ele possa se abrigar, independente de quem manda na agremiação.
Além do mais, alianças municipais ou mesmo estaduais, não
refletem necessariamente as federais. Nas eleições de 2014, no Maranhão, para
que fosse possível impor uma derrota ao clã Sarney, uniram-se, em torno do
PCdoB os seguintes partidos: PP, SDD, PROS, PSDB, PSB, PDT, PTC e PPS. E em
Goiás, a aliança chefiada pelo PSDB uniu PRB, PP, PDT, PTB, PSL, PR, PPS, PHS,
PMN, PTC, PV, PEN, PSD, PT do B e PROS. E muitas dessas alianças se repetiram nos municípios nas
eleições de 2012 e não significaram alinhamento imediato com outros partidos
cujas alianças estaduais ou federais apontavam para outros apoios.
Creio que, agora, o importante seria viabilizar a
candidatura de Orsi a prefeito, o que não só mudaria o quadro eleitoral
previsto para 2016, como daria ao pleito uma dinâmica que hoje ele não possui.
A aliança formada por Donizette não deixa dúvida de seu poder e seu
favoritismo. A presença de Orsi na corrida poderia enfraquecer essa aliança e
transformar a eleição numa disputa muito mais acirrada. Sem Orsi na parada,
Jonas vence fácil no primeiro turno.
Não há pesquisa conhecida do público que mostre o quanto
Orsi teria de eleitores numa eventual candidatura, mas creio que a intenção de
votos nele surpreenderia os caciques atuais.
Adorei a análise Edmilson Siqueira! Muito boa, justa e séria. Gostei muito da ação imediata: viabilizar a candidatura de Artur Orsi para que a eleição para prefeito tenha uma outra dinâmica. Parabéns!
ResponderExcluir