sábado, 4 de abril de 2015

Um projeto reacionário de um petista

Desculpem a redundância do título, mas duas notas em uma coluna sobre livros hoje revelam a tendência ao obscurantismo da esquerda brasileira. Elas versam sobre um projeto de lei do deputado federal Vicentinho (PT), que determina que todos os livros didáticos adquiridos pelo governo federal sejam produzidos e impressos no Brasil. Para piorar a situação, uma tal de Abrigaf, que é  uma associação das empresas gráficas, e, claro, defende o interesse comercial delas, vem a público pra dizer que apoia o projeto do petista.

O que provocaria a aprovação e sanção desse projeto transformando-o em lei? Ora, o governo brasileiro não poderia mais importar livros para distribuir através, por exemplo, do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Ou mesmo uma universidade (ou qualquer escola) federal teria entraves para conseguir um livro não editado no Brasil e cujo interesse se restringisse a uma pesquisa específica.
Se o governo brasileiro não fosse dono de inúmeras universidades e outras escolas de níveis inferiores, o projeto poderia ser aprovado que não influenciaria na produção acadêmica e nem no ensino de modo geral. Só que, como todos sabemos, não é assim no Brasil.

Proibir o governo de importar livros equivale a queimá-los em praça pública como fizeram regimes autoritários de tão triste e trágica lembrança. O deputado Vicentinho é cria do meio sindicalista que hoje domina boa parte do governo petista, seja através de milionárias centrais sindicais com enormes poderes dentro do governo, seja através do comando de bilionários fundos de pensão de estatais. Ou seja, poder financeiro e político não lhes faltam.

Daí que, com certeza, esse projeto deve ter sido urdido no meio sindical, com o objetivo de aumentar a produção das gráficas, aumentando o emprego no setor, bem como o faturamento delas, via eliminação da concorrência, outra prática que ajudou a afundar o Brasil da ditadura militar ao governo Sarney.

E, claro, o projeto agradou tanto patrões quanto empregados, alcançando as duas pontas em que o PT de hoje se movimenta tão bem: com os sindicatos leva benesses para as categorias e com alguns patrões, faz de tudo para enriquecê-los cada vez mais, desde que paguem bons “pedágios” pelos negócios proporcionados pelo governo petista.

A cultura? O ensino mais aprimorado? A riqueza de nossas bibliotecas públicas? Ora, quem disse que o PT se importa com qualquer coisa que signifique a melhoria intelectual do brasileiro? Ele sabe que para se manter no poder, quanto mais ignorante for o povo, melhor para ele.  

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