Desculpem a redundância do título, mas duas notas em uma
coluna sobre livros hoje revelam a tendência ao obscurantismo da esquerda
brasileira. Elas versam sobre um projeto de lei do deputado federal Vicentinho
(PT), que determina que todos os livros didáticos adquiridos pelo governo
federal sejam produzidos e impressos no Brasil. Para piorar a situação, uma tal
de Abrigaf, que é uma associação das
empresas gráficas, e, claro, defende o interesse comercial delas, vem a público
pra dizer que apoia o projeto do petista.
O que provocaria a aprovação e sanção desse projeto
transformando-o em lei? Ora, o governo brasileiro não poderia mais importar
livros para distribuir através, por exemplo, do Plano Nacional do Livro
Didático (PNLD). Ou mesmo uma universidade (ou qualquer escola) federal teria
entraves para conseguir um livro não editado no Brasil e cujo interesse se
restringisse a uma pesquisa específica.
Se o governo brasileiro não fosse dono de inúmeras
universidades e outras escolas de níveis inferiores, o projeto poderia ser
aprovado que não influenciaria na produção acadêmica e nem no ensino de modo
geral. Só que, como todos sabemos, não é assim no Brasil.
Proibir o governo de importar livros equivale a queimá-los
em praça pública como fizeram regimes autoritários de tão triste e trágica
lembrança. O deputado Vicentinho é cria do meio sindicalista que hoje domina
boa parte do governo petista, seja através de milionárias centrais sindicais
com enormes poderes dentro do governo, seja através do comando de bilionários
fundos de pensão de estatais. Ou seja, poder financeiro e político não lhes
faltam.
Daí que, com certeza, esse projeto deve ter sido urdido no
meio sindical, com o objetivo de aumentar a produção das gráficas, aumentando o
emprego no setor, bem como o faturamento delas, via eliminação da concorrência,
outra prática que ajudou a afundar o Brasil da ditadura militar ao governo
Sarney.
E, claro, o projeto agradou tanto patrões quanto empregados,
alcançando as duas pontas em que o PT de hoje se movimenta tão bem: com os
sindicatos leva benesses para as categorias e com alguns patrões, faz de tudo
para enriquecê-los cada vez mais, desde que paguem bons “pedágios” pelos
negócios proporcionados pelo governo petista.
A cultura? O ensino mais aprimorado? A riqueza de nossas bibliotecas
públicas? Ora, quem disse que o PT se importa com qualquer coisa que signifique
a melhoria intelectual do brasileiro? Ele sabe que para se manter no poder,
quanto mais ignorante for o povo, melhor para ele.
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