terça-feira, 21 de abril de 2015

Um país de tolos


Você, caro leitor, acha que, caso o financiamento público seja o único mecanismo permitido para os partidos arrecadarem recursos para as campanhas (além da doação voluntária dos militantes), eles vão recusar se um empresário aparecer no partido com uma mochila com milhares ou milhões de reais dentro dela?

Pois é isso que o PT quer que a gente acredite. Aliás, não é só o PT: há até ministros do STF achando que a corrupção vai acabar se empresário for proibido de dar dinheiro a partido. É difícil aceitar que esses experientes magistrados nem desconfiem que o que os partidos declaram à Justiça Eleitoral é apenas pequena parte do que receberam efetivamente. Eu diria que cerca de um terço do arrecadado é declarado. O resto vai para despesas sem nota fiscal e para enriquecer os caciques de sempre.

Além disso, o Congresso acaba de aplicar mais um golpe no governo, ao quase triplicar as verbas do Fundo Partidário. Golpe porque deixou o governo numa sinuca de bico, tendo em vista a situação de crise atual. O governo precisa economizar R$ 80 bilhões para cumprir compromissos da dívida, mas o Congresso não vê nada demais em passar de R$ 289,5 milhões para R$ 867,5 milhões a verba do Fundo Partidário, que sairá do dinheiro que todos nós pagamos de impostos.

Se Dilma vetasse, contra ela desabaria a ira de todos os deputados e senadores – inclusive do PT que foi o partido que mais pressionou para a verba ser aprovada. Não vetando, como fez, ela se expôs, mais uma vez, a um enorme desgaste junto à opinião pública, pois o ato contradiz, de novo, a necessidade de economizar para tentar controlar a economia que está em vias de desandar.

E por que justo o PT, além de fazer campanha pelo financiamento público também foi o que mais pressionou para o absurdo aumento do Fundo Partidário? Simples: por um lado o partido acaba de declarar oficialmente que não vai mais aceitar doações de empresas e, por outro, ele vai receber a bagatela de R$ 116 milhões do novo e engordado Fundo Partidário.

E, se o financiamento público for aprovado nos moldes que o PT quer, ele vai ficar com a maior parte do bolo sempre que eleger o maior número de deputados.

Enfim, com o financiamento público, tudo que vier de empresas vai virar um enorme caixa 2. E, pior, vamos ter que dar mais uma verba entre R$ 5 e R$ 7 bilhões (o cálculo é do relator do Orçamento Federal de 2015) para pagar a campanha eleitoral de todos os partidos a cada eleição.

Então, o Brasil ficará assim: a maior parte dos políticos (de todos os poderes) rouba o tempo todo os cofres públicos e quando chega a hora de gastar para tentar se eleger, se reeleger ou ajudar o chefe na eleição, nós, os patos, é que vamos cobrir todas as despesas.

O Brasil é um país de tolos mesmo.

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