terça-feira, 7 de abril de 2015

Diploma pra quê?

A Câmara dos Deputados pode aprovar hoje mais uma estrovenga jurídica: a obrigatoriedade do diploma do curso de Jornalismo para se exercer a profissão de jornalista. O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou sobre a matéria e deixou claro que a obrigatoriedade fere cláusula pétrea Constituição, pois atenta contra a liberdade de expressão.

Mas, mesmo assim, embalados pelo lobby de entidades de jornalistas aparelhadas pela esquerda e pelo PT, muitos deputados tendem a votar a favor da obrigatoriedade. Se for aprovada a PEC, o tema será remetido novamente  STF,  para que ele perca um enorme tempo e discuta novamente o que já discutiu e julgou. Se o STF for coerente com a Constituição – e isso é obrigação dele – vai rejeitar novamente a estrovenga, como fez em 2009.

Além do aspecto jurídico claramente exposto pelo STF para recusar a obrigatoriedade, há o aspecto político da coisa. As faculdades de Jornalismo do Brasil – a maioria particular e cara – se tornaram um clube da esquerda, onde só ministram aulas professore engajados com o pensamento marxista, gramsciano ou algo parecido. O aparelhamento faz com que, todo ano, sejam formadas turmas de jornalistas que vão para as redações achando que o patrão deve ser extinto, que a imprensa deve ser controlada pelo governo (desde que seja de esquerda ou do PT), que o bom mesmo é um cargo público na Agência Brasil, num ministério ou numa estatal.

Liberdade de expressão, reportagem investigativa, imprensa livre e independente e  são “coisas da direita”, de “reaças” ou de “burgueses”. Para eles, a Rede Globo, por exemplo, incute no povo um pensamento hegemônico de direita que tem como objetivo perpetuar a exploração do trabalhador, visando unicamente lucros cada vez maiores em detrimento do bem estar da população. Para a maioria deles, imprensa boa mesmo só existe em Cuba e na Coreia do Norte.

Entrei para o jornalismo em 1977, como repórter. Sabia escrever, mas não tinha a técnica jornalística. Ela me foi ensinada por uma jornalista (me desculpe, mas não me lembro do nome da moça) em 15 minutos, ao corrigir meu primeiro texto: “Isso não pode, nem isso, isso é assim e isso é assado”. Escrevi de novo, submeti o texto ao secretário de Redação e ele foi publicado na íntegra no dia seguinte.  Faculdade? Tinha feito um ano de Comunicação na PUC de Campinas e um ano de básico para Humanas na Unicamp. Ah, lia jornal todo dia, o Pasquim desde o primeiro número, tinha lido todo Machado de Assis e vários outros autores nacionais e estrangeiros.  E era contra a ditadura da época, como sou contra até hoje, seja de direita ou de esquerda.

Fui entrar numa faculdade novamente em 1981, quando o aparelhamento de esquerda ainda engatinhava, quatro anos depois de constante exercício da profissão. A falta do diploma estava atrapalhando novos empregos e fui atrás dele. “Comprei-o” em 48 prestações mensais altíssimas, difíceis de pagar para os salários que recebia na época.  O que aprendi nesses quatro anos e que me serviu na profissão? Nada. 

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Infelizmente as faculdades vendem diplomas mesmo e o ensino está bem longe da realidade.

    ResponderExcluir