Quando comecei a acompanhar política no Brasil com um
interesse maior vivíamos em plena ditadura militar. Foi ali pelos 16, 17 anos,
nos anos da graça (sem graça, aliás) de 1967/68. O regime militar se
fortalecia, a população apoiava e, com o recrudescimento da esquerda, os
militares julgaram, erroneamente a meu ver, que ela teria força para
arregimentar exércitos de “oprimidos” e lutar pelo fim da ditadura de direita.
Mas, pelo sim, pelo não, a linha dura do Exército (que era,
das três forças a que realmente mandava) decidiu fechar o tempo. E veio o AI-5,
o fechamento do Congresso, cassações em massa, prisões dos mais radicais,
tortura, mortes, censura brava sobre tudo, imprensa vigiadíssima e “gente
falando de lado e olhando pro chão”, como disse o poeta.
A partir de 68, a coisa ficou feia mesmo, inclusive pelos
que rejeitavam qualquer aventura armada e, dentro do então valente e MDB,
tentavam fazer uma oposição dentro do que era permitido pelos milicos. O Brasil
vivia uma ditadura, que não era tão dura quanto outras no Cone Sul e muito mais
branda que as mais famosas de esquerda, como Rússia, China e Cuba. Mas era uma
ditadura, havia censura e prisões de políticos e terroristas de esquerda.
Foi nesse ambiente que fui me familiarizando com a política
brasileira. A crise da ditadura no governo do último general, João Batista
Figueiredo, que se dizia intelectual porque tinha sido bom aluno em matemática,
se arrastou por longos anos, até desembocar na eleição indireta de Tancredo
Neves (elogiado e tido como confiável pelos milicos) que encerrou o último ciclo
verde-oliva no Brasil.
Encerrou o ciclo, mas, eleito, não tomou posse, morrendo
antes e dando lugar a seu vice, José Sarney que, guindado à presidência, saiu
de lá bilionário, deixando o país sem qualquer rumo para um futuro melhor: a
dívida externa era enorme, a inflação galopante, a moeda apanhava de quase
todas as outras e os investimentos externos enfrentavam formidável barreira
que, teoricamente, fariam a indústria nacional progredir. Na prática o efeito
era outro: um atraso total resultante da ausência de concorrência que gerava
lucro fácil. Vivíamos uns 10 a 15 anos atrasados em relação ao primeiro mundo.
Mas a democracia imperou – um rival de Sarney foi eleito democraticamente
com um discurso que tinha de moralizador o que tinha de falso. Fernando Collor
de Mello foi um embuste que não conseguiu resolver o problema econômico apesar
de ter capado até a poupança dos brasileiros todos; teve a corrupção como marca
de seu governo e não conseguiu costurar alianças que o garantissem no posto
para o qual fora eleito. Cassado por corrupção e incompetência, deu lugar a um político
quase folclórico, seu vice Itamar Franco, que hoje as esquerdas querem
idolatrar não pelo que ele fez, mas por ter se oposto a Fernando Henrique
depois que deixou o governo, mas isso é outra história.
Itamar, sem poder contar com o PMDB, com o qual tinha
brigado para ser vice de Collor, sem ter qualquer simpatia pelo PT, que esteve
à frente do processo de cassação do presidente, se voltou para a terceira força
política da época, o recém-criado PSDB, que ostentava alguns bons quadros políticos
e parecia ter vocação para administração.
Mas apenas o convite e a participação do PSDB de forma burocrática,
estavam fazendo do governo de Itamar uma continuação do de Collor sem a
corrupção descarada. A economia continuava vivendo de improvisos quase diários
e o país continuava a patinar na lama da inflação elevada.
O convite a Fernando Henrique para que ele fosse o Ministro
da Fazenda (ele era o ministro das Relações Exteriores), foi o início da
mudança que realmente iria colocar o Brasil no conserto mundial das nações,
fazendo com que o mundo desenvolvido, num futuro muito próximo, começasse a
prestar atenção na parte mais ao Sul da América Latina.
Fernando Henrique exigiu carta branca de Itamar e montou uma
equipe com duas missões: tocar a economia com o mínimo de desvios para manter o
país funcionando e criar um plano que tivesse uma base sustentável para acabar
de vez com a inflação. E, claro, fazer com que o desenvolvimento alcançasse os
necessários graus para melhorar a vida do maior número possível de brasileiros.
A menos de seis meses da eleição presidencial, o Plano Real
foi lançado e seu sucesso foi tanto que alavancou a candidatura do ministro da
Fazenda a presidente, cargo para o qual Fernando Henrique foi eleito e
reeleito, em primeiro turno. E o Brasil deixou de ser uma economia de terceiro
mundo para entrar no rol dos países em desenvolvimento.
Ao deixar o governo para
dar posse a Luís Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique lhe entregou um país
que só necessitava aumentar as exportações para dar outro grande salto. Lula
percebeu e, sorte dele, a economia mundial atravessava grande fase. A China e
os EUA se transformaram em grandes compradores de produtos brasileiros e os
bilhões de dólares que entravam no caixa do Tesouro levaram o Brasil a se
destacar no mundo todo.
O caminho estava ali, aos olhos das autoridades e bastava
cumprir o manual usado por todos os países que se desenvolveram de modo sustentável, para que hoje fôssemos parte integrante, se não do primeiro mundo,
mas de uma sociedade mundial que esbanjaria confiança e teria nos resultados internos
a garantia de que não se voltaria atrás jamais.
Infelizmente, não foi isso que ocorreu e a história deverá
ser severa com Lula e seu PT que, eivados de uma ideologia que fica entre a
esquerda radical e o populismo barato, acabaram por transformar o Brasil numa
piada internacional, num mar de corruptos como jamais se viu na nossa história;
num país que conseguiu transformar a maior empresa estatal – e uma das maiores do
mundo – num feudo de canalhas a serviço dos próprios bolsos e à compra de políticos,
deixando-a à beira da falência.
E é nesse terrível cenário que grande parte da população brasileira
pretende ir novamente às ruas para dar um basta na situação. A volta da
inflação num ambiente corrupto lembra os piores momentos de Sarney e Collor; os
investimentos fugindo do país, o desemprego aumentando, os “pacotes” com mais
impostos ainda para solucionar problemas criados pelo próprio governo, os
preços aumentando mais que os salários, enfim, motivos não faltam para que o
povo nas ruas exija o fim imediato desse governo e o início de uma coalizão
política com novos e confiáveis personagens para retomar a confiança e fazer as
mudanças necessárias para colocar novamente o Brasil no rumo saudável do
desenvolvimento. Rumo esse que o PT, com sua ideologia confusa e atrasada e com
uma formidável incompetência para a administração, acabou fazendo o Brasil dele
se desviar.
As ruas de 12 de abril vão exigir que Dilma e o PT devolvam
o Brasil aos verdadeiros brasileiros.
Ainda que meio assim descrente, até eu pretendo "ir às ruas" no dia 12. Espero que nenhum manifestante entusiasmado atropele a mim e ao meu joelho operado. Porque do jeito que está não dá mais, estão ofendendo nosso bolso, nossa inteligência, nosso patriotismo e até nosso bom gosto.
ResponderExcluirÓtimo, vou espalhar!
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