O BNDES perdeu uma grana preta com os investimentos que fez
na Petrobras. Tentou disfarçar no balanço, mas não deu muito certo. Anunciou
lucro líquido de R$ 8,59 bilhões, mas uma auditoria independente assinalou que
o lucro está inflado em R$ 1,6 bilhão. Ou seja, o lucro real é de R$ 6,99
bilhões. É, claro, lucro considerável, mas perde bastante consistência quando
se olha para o ativo do banco na praça: R$ 877,21 bilhões. Ou seja, o banco
lucrou menos de 1% sobre seu ativo.
Tudo bem, não teve prejuízo e como se trata de um banco
público e só existe para investir no desenvolvimento do país, um lucro mínimo
já estaria de bom tamanho se ele cumprisse à risca o objetivo para o qual foi
criado.
Só que há um problema que costuma ser esquecido na hora do
balanço anual do BNDES. O dinheiro que ele empresta é, em sua grande maioria,
oriundo do Tesouro. E como o governo não produz bens que resultem em dinheiro,
o que o governo repassa para o BNDES é dinheiro tomado na praça pelo qual paga
o juro previsto na taxa Selic, que está atualmente na casa dos 12,75% ao ano.
Para pagar esses juros ou o governo faz outros empréstimos ou aumenta os
impostos. Ou ambos. Nós pagamos de qualquer jeito.
Mas o BNDES empresta dinheiro a empresas com juros muito
menores que a taxa Selic. Coisa de 4%, 5% ao ano, não mais que isso. A
diferença entre o que o governo paga de juros e o que o BNDES recebe de juros
pelo mesmo dinheiro deveria ser coberta pelos impostos que as empresas passam a
pagar com o crescimento proporcionado pelo dinheiro barato do banco.
Aí é que mora o perigo, pois como todos sabemos, a
“política” de empréstimos a juros baratos do BNDES é contaminada por uma visão
distorcida da economia, onde a “ajuda” a empresários amigos e/ou países
ideologicamente alinhados com o viés esquerdista do governo petista têm
preferência.
Assim, bilhões foram gastos com financiamentos a países
africanos, governados por cruéis ditaduras, desde que contratassem para as obras
algumas empresas brasileiras. Do mesmo modo, parcerias com a ditadura cubana
para a construção lá do que falta aqui, sem que as negociações entre o banco e
o país ou entre o banco e a empreiteira brasileira sejam do conhecimento do
público, da imprensa ou mesmo do Congresso que deveria fiscalizar tais
transações, pois foram colocadas sob um selo de “secretas”, com a esfarrapada
desculpa de que envolveriam segredos comerciais.
Do mesmo modo, parcerias que não deram em nada com a falida
Venezuela de Chávez ou mesmo atualmente, com o ditador Maduro. – A Usina Abreu
e Lima por exemplo, que deveria ser paga pelos dois países, acabou sendo uma
“sociedade de um sócio só”, pois Chávez não honrou sua parte em momento algum.
Com a Bolívia a mesma coisa, o mesmo estilo: empréstimos
secretos a juros baixos, sem garantias visíveis de que as parcelas serão pagas,
ou mesmo de quando essas parcelas começarão a ser pagas.
Internamente, os grandes empréstimos também geraram grandes
desconfianças. O Grupo JBS-Friboi recebeu bilhões do BNDES e foi o maior
financiador da campanha eleitoral do PT... Outro grande cliente do BNDES foi o
notório e atualmente falido Eike Batista. E há outros por aí que ainda não
alcançaram o noticiário político-policial, mas não deve demorar pra que isso
aconteça.
O fato é que o BNDES, nas mãos do PT, virou o que muitos
analistas e políticos da oposição estão chamando de “caixa preta” cuja
investigação – há uma tentativa de se criar uma CPI específica para as
negociatas do banco – pode resultar num escândalo maior que o Petrolão.
Por fim, para se ter uma ideia do que só estrago que o PT
causou na Petrobras provocou no BNDES, leiam o trecho seguinte, publicado
do site da Veja (os grifos são meus): “O banco de fomento detém 17,24% de participação
no capital da Petrobras. Essa fatia encerrou 2014 valendo 22,48 bilhões de
reais, queda de 40,4% em relação aos 37,72 bilhões de reais de 2013 e um
tombo de 44,2% ante o valor de setembro do ano passado (40,31 bilhões de
reais).
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